"O piolho-da-púbis (Phthirus pubis)
– também conhecido como chato, piolho-caranguejo, carango e
piolho-ladro – é um parasita considerado o principal responsável por uma
das infecções sexuais mais contagiosas, mas raramente mencionada nas
pesquisas de saúde: a pediculose pubiana"
Talvez,
sua ausência nos avisos sobre a saúde sexual seja pela falta de
implicações sérias decorrentes de sua infestação. Seu deslocamento entre
pessoas sexualmente ativas e a era de diagnóstico pela internet podem
confundir os acometidos, que, geralmente, possuem muita coceira na
região genital.
Acredita-se
que os piolhos pubianos sejam parasitas humanos há mais de 10 mil anos.
Há evidências de infestação no período paleolítico, prevalentes ao
longo do tempo. O problema não era restrito aos pobres, até mesmo a
realeza teria sofrido com o parasita. Mesmo a ascensão de saneamento
básico e do hábito de tomar banho – surgidos na Grécia Antiga e
aprimorados no Império Romano – não foram suficientes para interromper a
propagação do chato.
Além
dos piolhos pubianos, os piolhos também adaptaram-se infestando cabeças
de crianças em todo o mundo. Enquanto os piolhos se adequaram à vida
entre os cabelos humanos, os piolhos pubianos preferem habitats mais
quentes e úmidos, como a região genital, normalmente preenchida com
abundância de pelos grossos que fornecem um local ideal.
O que são os piolhos pubianos?
Os
piolhos pubianos são pequenos insetos de cerca de 1,5mm com seis
pernas. Eles parecem caranguejos microscópicos e têm garras
perfeitamente projetadas para correr entre os pelos pubianos.
Acredita-se
que os chatos vivam menos de um mês, mas uma fêmea pode colocar cerca
de 30 ovos durante esse tempo, garantindo uma população estável. Uma vez
fora dos pelos, eles são desajeitados e conseguem sobreviver apenas
alguns dias. Eles são normalmente encontrados na região pubiana, mas
podem viver em qualquer lugar do corpo que contenha pelos grossos,
incluindo barba, sobrancelhas, cílios, peito e axila. Piolhos pubianos
quase nunca são encontrados no couro cabeludo.
Os
chatos também não voam ou saltam. Eles se movem de um hospedeiro para
outro através do contato direto, na maioria das vezes, sexual. Nem
sempre acontece, mas é a forma mais comum.
Estimativas
indicam que a taxa de prevalência da infestação por piolhos pubianos em
adultos seja de cerca de 1 a 2 por cento. As taxas podem ser um pouco
mais altas em indivíduos mais velhos, especialmente homens, e ainda
maiores em homens que façam sexo com outros homens. Ou seja,
estatisticamente falando, cerca de 750 mil usuários ou usuárias do Tinder – o famoso aplicativo para conhecer pessoas – possuem chatos.
Quais são os riscos para a saúde?
Como
esses parasitas se alimentam de sangue humano, eles podem causar
irritação na pele, incluindo caroços vermelhos e coceira intensa. A
irritação não é causada pelo movimento deles, e sim, quando os piolhos
injetam sua saliva para obter o sangue. Eles alimentam-se algumas vezes
por dia, mas felizmente, não estão associados com a transmissão de
agentes patogênicos causadores de doenças.
No
entanto, há evidências de que o chato possa ser um indicador de outras
infecções sexualmente transmissíveis, como a clamídia. Esta relação
levou à ideia de que eles talvez indiquem o nível de exposição de um
paciente às DSTs. Ao contrário da maioria das outras infecções
sexualmente transmissíveis, os preservativos não impedem a contaminação
durante o sexo.
O
tratamento é relativamente simples, geralmente pomadas costumam
interromper as infestações. Uma solução rápida é raspar os pelos da
região afetada para que o chato desapareça. Porém, é preciso estar
consciente que a remoção dos pelos pubianos pode favorecer outros
problemas de saúde.
Ainda
não há dados que apoiem a hipótese de que nossas tendências
depilatórias farão os piolhos desaparecerem totalmente. Tais afirmações
fazem boas manchetes, mas o ideal é buscar informações sobre o que
realmente acontece e como combater o problema.
Pode
ser verdade que a depilação completa impeça a procriação dos chatos,
mas ter uma vida sexual ativa já coloca a pessoa no grupo de risco
novamente. Os chatos podem continuar conosco por muito tempo, afinal, já
nos acompanham há milhares de anos e parece que permanecerão por muitos
outros, afetando milhares de pessoas. Fonte: Science Alert
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