"Que atire a primeira pedra quem nunca falhou miseravelmente na hora de tentar criar um novo hábito"
 
De aulas de musculação na academia a uma rotina pesada de estudos, não é difícil encontrarmos empecilhos na hora de adotar costumes novos e, por causa disso, muitas vezes acabamos desistindo de tudo.

Para o psicólogo BJ Foog, da Universidade de Stanford, que estuda a criação de novos hábitos há mais de 20 anos, o problema está em tentarmos criar novos hábitos com coisas que não nos agradam. No caso da atividade física, por exemplo, não adianta muito tentar ir para a academia se odiamos esse ambiente – em vez disso, por que não buscar um exercício que nos anime, como caminhadas ou aulas de dança?

De acordo com o especialista, ao tentar criar novos hábitos, precisamos treinar nosso cérebro para fazer pequenos ajustes com sucesso. Depois, devemos olhar a tarefa realizada como uma prova de que podemos ter confiança. A melhor maneira de fazer isso? Pensar em mudanças comportamentais que sejam fáceis de ser realizadas. Não fáceis demais como tomar um copo de água, mas não difíceis demais como, de uma hora para a outra, depois de anos de sedentarismo, começar a correr duas horas por dia.
 

Devagar e sempre

 

Essa tática teve sua eficácia comprovada em alguns experimentos que analisaram como grandes empresas – Google, Twitter, Facebook e Instagram – conseguiram alcançar resultados assustadores em termos de audiência e de lucro. O que elas têm em comum é o fato de fazerem com que seus usuários adotem constantemente as ferramentas disponibilizadas, o que nada mais é do que um hábito. Foi ele, o hábito, que encheu os bolsos dos criadores dessas marcas gigantes.

Partindo desse raciocínio, Foog busca dissecar a relação entre persuasão, atividade diária e a formação de novos hábitos. Ele nos explica que é fundamental deixar claro qual é o objetivo com a criação do novo hábito: perder peso? Quem sabe começar a praticar alguma atividade que alivie os sintomas de estresse? Estudar para passar em algum concurso?

Uma vez que você tenha identificado seu objetivo maior, pense quais comportamentos relacionados a ele você acha que são mais fáceis de começar a ter – Foog chama esses comportamentos de “pequenos hábitos”, e são eles que vão ajudar você a iniciar sua caminhada em direção ao seu grande objetivo.
 

Exemplo:

 

Digamos que o que você quer é tirar uma boa nota no Enem. Com isso em mente, comece, aos poucos, a ficar por dentro dos assuntos mais comentados em termos de política, economia, educação, saúde, cidadania – fazer isso é uma forma de mandar bem na hora da redação, sabia? Além do mais, convenhamos: se você tem tempo para checar redes sociais, tem tempo para ler algumas notícias por dia.

Feito isso, está na hora de encontrar um gatilho, ou seja: algo que já é um hábito seu e, a partir daí, adicionar o novo hábito a essa coisa. Como estamos usando o exemplo de ir bem na prova no Enem, vale começar a seguir canais do YouTube e páginas do Facebook que sejam sobre educação e que forneçam dicas sobre os conteúdos que fazem parte da prova – aqui, você está aproveitando o hábito de checar redes sociais para inserir o hábito de acompanhar páginas que tragam conteúdo educativo.

De acordo com Foog, criar e preservar esses pequenos hábitos diários é o que nos dá a motivação necessária para seguir em frente. Ler uma apostila inteira em um dia é inviável, mas ler uma notícia sobre economia não é – aos poucos, você vai vendo que essa leitura das notícias que foram mais discutidas no Brasil e no mundo vai se tornar uma atividade corriqueira. Fonte: qz.com / megacurioso.com.br