"Pular
corda, girar bambolê e ir à caça dos amigos na piscina. Dentro das
brincadeiras mais comuns e conhecidas da infância pode estar a chave
para o combate ao risco cardiovascular"
As brincadeiras, se bem
conduzidas, têm sim capacidade de reabilitar um coração.
A complexa questão que envolve a
obesidade é seu caráter crônico. Um tratamento concentrado em
determinado período de tempo não soluciona o problema; é preciso criar
uma rotina que altere os hábitos de maneira viável e perene. A maioria
dos estudos de reabilitação cardíaca é feita com uma base formal, a
partir de treinos de corrida e bicicleta. Eles geram resultado, mas sua
principal falha, segundo Isabela, é que são abandonados pela criança em
poucos meses.
Como estimular, então, os pequenos a
fazer atividades físicas? Essa foi a pergunta que norteou o trabalho. Sem dúvida alguma, a melhor forma de estimular
uma criança a fazer exercícios é por meio da brincadeira, que a tornará
uma criança ativa e, consequentemente, um adulto ativo. Por
meio de um treino com base em brincadeiras se descobriu que também é
possível conseguir a regressão do entupimento das artérias – a evolução
desse entupimento pode ocasionar um infarto.
A utilização de meios lúdicos para combater a obesidade infantil e o risco cardiovascular ainda é pouco utilizada no Brasil.
Essa pesquisa teve como ponto de partida um trabalho da UFSC, e contou com parcerias de pesquisadores
da USP e da Universidade do Porto.
Participaram do estudo 32 crianças entre 7 e 10 anos, divididas em dois grupos.
Um deles recebeu apenas a orientação tradicional, com recomendações de
dieta balanceada e realização de exercícios físicos. O outro grupo
participou das atividades elaboradas pelos pesquisadores, que eram os
treinos montados em cima de brincadeiras. Ao final do estudo, o segundo
grupo apresentou uma redução significativa no índice de massa corporal,
colesterol total e LDL colesterol, enquanto o grupo controle apresentou
aumento significativo no perímetro abdominal, glicemia e colesterol
total, dentre outros índices negativos.
Os treinos
passavam por danças, atividades na cama elástica e atividades que
lembravam práticas esportivas – jogos com bola que funcionavam como um
jogo de vôlei, por exemplo, mas adequado às limitações devido à idade
das crianças -, além de uma vez por semana participarem de brincadeiras
na água, como a conhecida Marco Pólo, no qual um jogador de olhos
fechados tem que encontrar os amigos na piscina apenas pelo som de suas
vozes e de seus movimentos na água.
A média era de três brincadeiras por dia
e o acompanhamento, feito três vezes por semana. Os exercícios tinham
duração de 60 minutos: alongamento e aquecimento por 10 minutos, a parte
principal com atividades físicas aeróbicas, que duravam por volta de 40
minutos e as atividades chamadas de volta à calma, por 10 minutos. Essa
última atividade é leve e voltada para o pós-treino. “É importante que a
criança não pare subitamente de fazer exercícios, principalmente quando
estes foram extenuantes”, explica. Para que isso não aconteça, é
possível propor um alongamento ou atividades com balões, fitas e
bambolês.
Segundo os pesquisadores, os materiais
que serviram de apoio para a pesquisa são facilmente encontrados – o que
permite que ele seja aplicado em qualquer lugar. Bons
professores de educação física conseguirão colocá-lo em prática em suas
escolas. As atividades são fáceis e baratas. É só haver um
planejamento. É preciso enfatizar que o
entupimento das artérias é reversível. Uma pessoa com problema cardíaco
não está condenada. Descobrir isso na infância não condena aquela
criança a nada, é só uma questão de mudanças de hábitos.” Fontes: Carta Capital / blogdasaude.com.br
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