"Se o cuidador não estiver se sentindo assistido nas suas necessidades, isto passará a refletir e interferir no atendimento prestado"
O sofrimento emocional inerente ao trabalho de cuidar de um
ente querido é comum a todos. A doença desafia o nosso senso de
controle. A família e o paciente enfrentam a incerteza associada com o
aparecimento e o resultado da experiência de uma doença mais grave. No
início, pode ser apenas a necessidade de supervisionar a medicação ou a
alimentação. Com o tempo de evolução da doença, os cuidados podem se
estender até a necessidade de cuidados totais, com banho, uso de
fraldas, acompanhamento do sono, curativos, além da alimentação e da
companhia.
O cuidador principal, a pessoa que está em contato íntimo
com o paciente e sua família no cotidiano sofre as pressões e tensões da
assistência no cuidado. Quando as ansiedades surgem que atitudes
tomamos? Como lidamos com o nosso sentimento de impotência diante da
necessidade de dedicação física, emocional e existencial tão grandes?
Aos poucos a preocupação com a necessidade de cuidar de quem
cuida vem se destacando. A mentalidade de que é preciso cuidar do
cuidador é uma ação preventiva. Compreendemos hoje que se ele não
estiver se sentindo assistido nas suas necessidades, isto passará a
refletir e interferir no atendimento que presta.
O efeito do stress é muitas vezes subestimado pelo cuidador,
podendo chegar ao seu limite, e a tarefa de cuidar se torna
praticamente impossível. Os sintomas podem aparecer nas dimensões todas,
física, emocional, social e espiritual:
- Exaustão, cansaço, sensação de estar fisicamente esgotado;
- raiva diante de pedidos e demandas;
- cinismo, negativismo, irritabilidade;
- ideias persecutórias;
- ganho ou perda de peso;
- dores de cabeça e sintomas gastrointestinais frequentes;
- insônia;
- depressão;
- limiar de tolerância rebaixado em situações cotidianas;
- falta de ar;
- sensação de desamparo;
- pouca atenção diante de situações de risco.
Esse conjunto de sintomas se refere a um tipo de stress
causado pela ocupação de cuidar ou ajudar. Se você se identifica com
algum desses sintomas, então é chegada a hora de olhar para sua vida com
um compromisso muito importante: cuidar-se. Ninguém tem mais
responsabilidade sobre sua saúde do que você mesmo. Viabilize espaços de
tempo, mesmo que pequenos, dedicados ao autocuidado. Coisas básicas,
como alimentação, descanso, sorrisos, planos, sonhos. Qualquer espaço de
tempo ou de atitude consciente em direção a esse compromisso já pode
dar a você muito mais energia para continuar nesse dia a dia tão
importante: cuidar de quem é importante para você.
Cuidar é um jeito muito lindo de amar, então ame-se tanto quanto você ama quem precisa dos seus cuidados. Fonte: veja.abril.com.br
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