"Confúcio disse que “cometer um erro e não o corrigir é outro erro”. Seguindo este raciocínio, é verdade que deixamos de aprender com os nossos erros ao negá-los?"
Em outras palavras, reconhecer os erros é o primeiro passo para reparar as consequências do que tenhamos cometido?
No fim das contas, quando dizemos a famosa frase “não fui eu”, que em
muitos casos envolve uma negação óbvia de nossa possível
responsabilidade, não estamos tentando justificar um erro? E o fato de o
justificar não é uma maneira de não reconhecer algo que fizemos de
errado? Então, afinal, não estaríamos diante de uma negação?
O que acontece ao negar um erro?
Ou seja, ao não dizer “é minha culpa” diante dos nossos
erros, muitas vezes o que tentamos fazer é criar uma distância entre o
que aconteceu e as suas consequências. No entanto, também é verdade que essa mesma distância dificulta a possibilidade de aprender com o que aconteceu. Isso afasta a possibilidade de revisar o processo e identificar as falhas.
Por outro lado, esta distância também pode fazer com que respiremos de alívio em um primeiro momento. Um
alívio que se transformará em ansiedade, caso tenhamos que voltar a
enfrentar o mesmo desafio, quando começarmos a arrancar os cabelos por
não ter meios suficientes para corrigir nossas carências.
Por exemplo, se o departamento da empresa na qual trabalhamos tem que
se comunicar com um país que fala outra língua e nós, como gerentes
gerais, não assumimos que deve haver alguém (ou nós próprios) que esteja
em condições de fazer essa comunicação,
dificilmente assumiremos isso como nossa responsabilidade, dificilmente
será feita a comunicação nessa ocasião e dificilmente será feito nas
ocasiões seguintes.
Além de tornar impossível para o futuro, renunciar à tarefa
de explorar nossas falhas, por não as reconhecer, é uma atitude que se
traduz em um obstáculo para o autoconhecimento. Ao renunciar
este processo, também nos recusamos a aceitar a responsabilidade dos
acertos que ocorreram, ignorando assim as nossas capacidades mais
acentuadas e impedindo que as melhoremos.
Não reconhecer os erros nos impede de aprender com eles
Neste ponto, vale a pena lembrar um estudo realizado em equipe entre pesquisadores das Universidades da Califórnia e de Nova York. Nele, revelou-se que o fato de não assumirmos os nossos próprios erros está relacionado à nossa personalidade, e isso diminui o nosso potencial de crescimento.
Para chegar a estas conclusões, milhões de perfis foram analisados.
Os pesquisadores tentaram identificar os tipos de personalidade
dominantes segundo as reações que os participantes tinham diante dos
erros.
Definitivamente, o estudo revelou resultados curiosos. Estima-se
que 70% da população possa ser perfeitamente classificada dentro de três grandes grupos segundo suas reações ao erro:
A culpa é de outra pessoa
Uma frase tão difundida entre as crianças, o clássico “não fui eu”,
continua sendo muito usada por um grande número de adultos. Ou seja, ao cometer um erro, eles decidem ignorar suas responsabilidades e a atribuem a uma segunda pessoa.
A verdade é que, ao culpar os outros pelos seus próprios erros, de certa forma estão negando esses erros. Assim, por não terem a maturidade necessária para os reconhecer, também não a têm para melhorar o próprio conhecimento interior
qualitativo. Essas pessoas costumam optar por atitudes vitimistas,
incapazes de assumir culpas, e sem um critério construtivo sobre o
ocorrido.
Não aconteceu nada aqui
Outro grupo de pessoas se engloba entre aqueles que não culpam o
outro, mas também não veem erro algum. Em outras palavras, por mais que
alguém lhes mostre provas, são incapazes de reconhecer os erros.
Assim, este grupo de pessoas negará sobre todas as coisas ter feito algo errado. Não são capazes de lidar com a culpa diretamente, já que não a veem. Ou
seja, para eles é impossível aprender com algo que não existe, ou que
diretamente não estão dispostos a reconhecer em nenhuma circunstância.
Assumir uma responsabilidade além da sua própria
Aprender com os nossos erros requer admitir que falhamos, e dizer
frases como “a culpa foi minha”. Felizmente, outra boa parte da
população é capaz de reconhecer que errou, e por isso está disposta a
corrigir, reparar, emendar e melhorar.
No entanto, é preciso ter cuidado, já que às vezes nos
encontramos com pessoas com uma atitude que se situa no outro extremo,
assumindo sua responsabilidade e também a dos outros. Portanto,
os recursos que podem chegar a alocar para a reparação são muitos e o
castigo que podem impor a si mesmos pelos erros atribuídos, sendo
proporcional a essa atribuição, também pode ser muito grande.
Dito isso, errar é humano, mas reconhecer os erros e aprender com
eles ao invés de negá-los também é. Na verdade, é uma oportunidade
excelente para melhorar e nos conhecermos melhor. Não significa que
temos que passar o dia errando, mas se surgir a oportunidade, não a desperdice negando tudo. Fonte: amenteemaravilhosa.com.br
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