"As experiências negativas de vida, as
bolas à trave, os fracassos sucessivos, os planos furados, os esforços
sem retorno, as perdas, as desilusões e decepções drenam a nossa energia
e promovem a confusão mental"
Ficamos perturbados, preocupados,
agitados, fatigados e sem clareza de pensamento. Nesse estado, tudo o
que desejamos é encontrar sossego e paz interior. Quero dizer-lhe que a
sua tranquilidade nunca o abandonou, ela reside em cada célula do seu
corpo.
Você pode sentir-se cansado,
sentir a energia a fugir-lhe, ausente de motivação, como se pensar já
fosse um enorme esforço. Mas a sua tranquilidade nunca o abandonou,
provavelmente você é que se foi distanciando da sua calmaria, da sua
essência. Você, eu, todos nascemos com a capacidade de nos relaxar,
tranquilizar e apreciarmos as boas sensações que o corpo produz.
Num
estado de exaustão a realidade é negativamente distorcida, afastamo-nos
dos nossos recursos mentais e físicos, e em resultado sentimo-nos mal.
Para melhor lidar com estes estados sempre que eles se manifestem,
apresento cinco exercícios para promover o estado de plena
tranquilidade.
1 – Aceder à sua consciência e autoconhecimento
Reserve uns momentos do seu dia para o
exercício de entrar em contato com a sua força vital. Comece por
focar-se na sua respiração, repare nela, deixe-se fluir com ela. Sinta o
ar que entra e sai pelo seu nariz. Inspire e expire à medida que sente o
fluxo da sua respiração.
Mesmo se
seja por breves momentos, este exercício permite-lhe distanciar-se dos
seus apegos, dos seus desejos, das suas necessidades, usufruindo de um
estado pleno de tranquilidade. A sua mente fica calma e clara. Sinta a
força da sua respiração, sinta esse fluxo a atingir cada parte do seu
corpo, cada músculo, cada célula, cada mágoa, cada dor. Sinta a energia
na sua respiração. Sinta a sua respiração a reenergizar o seu corpo. À
medida que vai respirando, sinta a energia a aumentar.
Agora fique com a sua força, sinta-a. Em seguida canalize-a para alguns dos seus objetivos. Oriente a sua força interior para
onde ela mais precisa de estar. Torne este exercício num hábito.
Habitue-se a promover esse estado. Com a prática esse estado passará a
ser-lhe familiar. Use-o sempre que se sentir perturbado e a sua razão
comece a abandoná-lo. Chame até si esse estado de lucidez e
tranquilidade sempre que sentir que está a perder o controle dos seus
pensamentos. Permaneça nele o tempo suficiente para clarificar a sua
mente e retomar um raciocínio pleno de recursos suportados pela sua
consciência.
2 - Observar-se sem agir
Procure dentro de si o seu lugar de
calmaria, de ponderação e sabedoria. Habitue-se a ficar alguns momentos
nesse seu lugar interior, tomando contato com a sua inteligência mais
profunda, permanecendo imperturbável. Como se você fosse o epicentro de
um tornado, onde nada acontece enquanto tudo à volta está em alvoroço.
Depois olhe ao seu redor, perceba que a destruição, o sofrimento, a
perda, a fúria, a desesperança, os fracassos, são tudo consequências da
vida. Agora retome o olhar para o seu lugar seguro, tudo permanece
inalterável, nada se passou aí. Você é a mesma pessoa. Todos os seus
valores interiores, inteligência, interesses e experiências permanecem
consigo.
A capacidade de perceber que tem em você a possibilidade de se reenergizar, tranquilizar e aceder à sua paz de espírito,
permite-lhe envolver-se no turbilhão da vida, mais preparado e pronto
para agir em consciência sobre os acontecimentos mais perturbadores, sem
se confundir com eles ou perder claridade de pensamento, que tantas
vezes nos empurram para um abismo ilusório.
Mesmo
em situações difíceis e adversas, se conhecermos como chegar ao nosso
lugar seguro, certamente tudo se torna mais suportável e menos
devastador. Expanda esse lugar, habitue-se a visitá-lo e a estar com
ele e nele.
3 – Compaixão e empatia com os outros
Num dos seus dias menos atarefados, olhe
para o rosto das outras pessoas, no trânsito, andando pela rua, no
shopping, na mesa de jantar. Observe o cansaço, a dificuldade da vida, a
desconfiança, a irritabilidade e tensão. Sinta o sofrimento por trás
das palavras. Tente sentir no seu corpo o que seria para você ter a vida
da outra pessoa .
Tenha cuidado para
não se sentir esmagado pela experiência. Faça o exercício em pequenas
doses, até mesmo alguns segundos de cada vez. Se ajudar, traga à mente
algumas das verdades felizes da vida, ou a sensação de estar com as
pessoas que você ama. Saiba que podem existir milhares de causas em cada
pessoa que as conduziu ao momento presente: tanta complexidade, é tão
difícil encontrar um único fator.
E em seguida, abra-se novamente para o sofrimento emocional
ao seu redor. Para uma criança que se sente incompreendida, um
trabalhador que teme uma demissão, um casal desesperado pela raiva. Veja
o sofrimento nos olhos dos outros quando estão olhando para você.
Veja
e ouça as pessoas mais próximas de si e que lhe são queridas. O que
está provocando o sofrimento? Encare isso de frente, mesmo que tenha que
admitir que você é uma das suas causas. Se for o caso, faça algumas
perguntas, e reflita sobre as respostas.
Qual
é a sensação de se abrir para o sofrimento? Você poderia achar que ele
lhe permite ficar mais perto dos outros, e que isso faz sentir-se mais
bondoso. Você poderá sentir-se mais fundamentado na verdade das coisas,
especialmente na forma como o sofrimento realmente influencia a vida das
pessoas ao seu redor.
Anime-se. A
abertura para o sofrimento é uma das coisas mais corajosas que você pode
fazer, desde que não se apegue a ele. Olhar o sofrimento sem se
desesperar é reconfortante e tranquilizante. Coloca-o num estado de
capacidade para lidar e compreender os problemas, sem se deixar destruir
por eles.
4 – Esvaziar a mente
Por momentos pare toda a atividade
física e sente-se, sente-se naturalmente, à vontade, fique em silêncio e
deixe o som ao seu redor fluir na sua mente. Não pense em nada, olhe
simplesmente para a experiência além do pensamento. Não queira
controlar nada, descontraia-se e fique nesse estado. Assista à sua
experiência interna. Contemple. Desenvolver e treinar esta prática,
permite-lhe descobrir um espaço de calmaria em você mesmo. Permite-lhe
viver o presente e aceder à sua inteligência mais profunda.
Tudo
o que estamos procurando na vida, toda a felicidade, contentamento e
paz de espírito está aqui no momento presente. A nossa própria
consciência é em si fundamentalmente pura e boa. O único problema é que
ficamos tão envolvidos nos altos e baixos da vida que não dedicamos o
devido tempo para fazer uma pausa e observar o que já temos.
5- Trate o desconforto com amor e aceitação
Este
exercício é sobre a aceitação e contato com o seu coração (símbolo de
amor) e pode ser realizado a qualquer momento do dia. Por exemplo,
quando você acorda de manhã, antes de uma conversa difícil, ou sempre
que o medo e desconforto surge. Esta prática é uma boa maneira de
reivindicar a sua tranquilidade e força interior. Por outras palavras, é
uma forma de reivindicar a sua coragem, a sua bondade, a sua convicção.
Sempre
que a tranquilidade o abandone, você pode fazer uma breve pausa, e
tomar consciência da forma como se está sentindo fisicamente e
mentalmente, e depois conecte-se com o seu coração, colocando a mão no
seu coração. Esta é uma maneira de estender carinho e aceitação a tudo o
que está acontecendo para você num determinado momento. Pode ter uma
dor nas costas, uma dor de estômago, estar a sentir pânico, raiva,
impaciência, seja o que for, você pode simplesmente aceitar tudo isso,
observar a experiência tal como ela é, sem rotulá-la boa ou ruim, sem
dizer a si mesmo que você não deveria estar a sentir-se dessa forma. Ao
conectar-se com o que é, com amor e aceitação, você pode ir em frente
com curiosidade e coragem.
Com
a mão no coração, sinta-o, e no momento seguinte tente acalmá-lo. Tente
diminuir a intensidade do seu batimento e perceber que ele está
trabalhando para si, está cuidando de si. Faça o mesmo que o seu
coração, não se desespere, comunique consigo mesmo de forma afável,
compreensiva e tranquila. Depois, já com mais clareza de pensamento e
tranquilidade mental, faça o que tem que ser feito para voltar a sentir-se melhor. Fonte: escolapsicologia.com
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