"O verão acaba de começar no
hemisfério sul. Com o aumento da temperatura, começa também a temporada
de piscinas. Um mergulho, no entanto, pode se tornar um pesadelo"
Se a
água estiver infectada, há o risco de contrair doenças, como hepatite A,
pneumonia, diarreia, micoses de pele e até infestação de piolhos.
O
problema é quando os sintomas de uma doença aparecem em um grande
número de banhistas, que nadaram no mesmo dia e na mesma hora. Isso se
chama surto. O problema foi a piscina.
O especialista pondera, porém, que a
maioria das doenças contraídas em piscinas é de pouca gravidade e de
fácil cura. De toda forma, é importante se precaver.
Um
levantamento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla
em inglês), dos Estados Unidos, apontou que os surtos relacionados às
piscinas no país aumentaram nos últimos anos.
Em primeiro lugar, estão as infecções por Cryptosporidium, um
parasita transmitido por meio das fezes. Esses casos dobraram entre 2014
e 2016. Somente no Estado de Ohio, 1.940 pessoas ficaram doentes. Por
ser resistente à água clorada, o Cryptosporidium consegue sobreviver por
até dez dias na piscina. Ao ser acidentalmente ingerido por um
banhista, acaba ocasionando doença.
O sintoma é uma diarreia que
dura de quatro a cinco dias. Em um indivíduo com sistema imunológico
debilitado pode ser quase intratável.
Fezes podem transmitir germes
Além de Cryptosporidium, as fezes podem transmitir muitos outros germes. Não é necessário que ocorra defecação na água.
Na
pele adjacente ao ânus existe uma quantidade de fezes que pode ser
suficiente para contaminar a água. Um estudo da
Universidade do Arizona indicou que, sem perceber, as pessoas carregam
0,14 grama de fezes.
Também estão na lista das principais doenças
contraídas nas piscinas americanas as bactérias Pseudomonas (que causa
diferentes tipos de infecções, como otite externa), Shigella
(disenteria), Legionella (pneumonia), E. coli (gastroenterite), o
Norovírus (que causa gastroenterite) e o parasita Giardia (que causa
infecção intestinal).
Os próprios produtos químicos usados para
desinfetar a água também podem causar problemas ao organismo. É comum
olhos vermelhos e otites sem gravidade (denominada de otite de nadador).
Felizmente, para pessoas sensíveis existem óculos de natação para
proteção dos olhos e os tampões de ouvido.
Sem fiscalização
(
No
Brasil, não existe um acompanhamento semelhante ao do CDC. Aqui, a
fiscalização das piscinas brasileiras é praticamente inexistente. Costuma ocorrer apenas "algumas vezes quando há denúncia".
Para se proteger, o banhista deve tomar banho imediatamente após
o uso da piscina, recomenda o engenheiro. Também sugere que se
verifique se a piscina está sendo tratada.
Piscinas públicas e
semi-públicas são obrigadas por lei, ao menos no Estado de São Paulo, a
fazerem medições de desinfetante (geralmente cloro) e de pH a cada duas
horas. Mas geralmente o usuário não tem acesso a esses resultados".
As regras também não são muito claras. Uma moradora de um condomínio no Rio de Janeiro, conta
que no verão passado uma criança defecou na água. "O guardião apenas
recolheu as fezes com uma rede e jogou no chão do chuveiro próximo à
piscina. Não interditou o local nem avisou as pessoas que estavam ali.
Eu não sabia qual era a regra para uma situação como essa. Depois me
informei que o certo seria fazer uma tratamento de choque na água com
cloro".
Como se proteger
Há
alguns sinais de limpeza que podem ser observados por qualquer pessoa
antes de dar um mergulho. A água, por exemplo, deve ser cristalina e não
turva, podendo ver o chão. As bordas e azulejos não podem estar
pegajosos ou escorregadios - é nesse lodo que a bactéria Legionella fica
e, no caso de piscinas aquecidas, pode ser inalada ao se misturar no
vapor. Outra sugestão é ficar atento ao barulho do motor de filtragem
para saber se está funcionando.
Mesmo em uma piscina limpa,
contudo, há o risco de haver contaminação, já que alguns germes não
morrem imediatamente após o início do tratamento da água, como o
Cryptosporidium, o vírus da hepatite A, a tênia e até piolhos.
Os piolhos conseguem sobreviver submersos na água
clorada por várias horas. Embora o risco seja pequeno, é possível que
alguns possam se soltar dos fios. Se eles ficarem na superfície da
água, podem perfeitamente trocar de cabeça". Cabelos presos ou touca podem evitar a contaminação.
Ainda que o risco de doenças não está apenas dentro da
piscina, mas também em volta dela. De uma maneira geral, o cloro mata
os fungos, porém na água em volta da piscina, naquele chão molhado, o
cloro evapora muito rápido, especialmente no calor. É um local excelente
para a proliferação de fungos porque todos estão andando descalços. Lavar e secar bem os pés e usar chinelos são algumas
medidas para evitar que a pele fique suscetível a infecções fúngicas.
O
exame médico para avaliar a pele dos usuários, mesmo sendo obrigatório
na maioria dos Estados brasileiros e com durabilidade de seis meses, não
parece ser muito eficaz. Países desenvolvidos não adotam esse
procedimento porque esse exame é apenas uma radiografia do estado da
pele no dia". Fonte: bbc.com
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