"A melhoria da sua autoimagem e
valorização pessoal não pode ser feita verbalmente. O que funcionaria
então?"
Os comportamentos proativos funcionam para validar uma
perspectiva positiva do eu, e ações que servem para verificar se o seu
valor inerente é real. Realmente gostar e respeitar quem você é deve ser
fundamentado num padrão de comportamentos que demonstram a sua
competência, amabilidade, valor e suporte pessoal. A
autêntica autoestima é internamente ancorada, ou seja, é a consequência
natural da sua tendência para lidar ou evitar consistentemente o que
você teme.
Apenas autoafirmações positivas, independentemente de
quantas vezes elas sejam repetidas, não vão resolver o problema. Na
minha própria experiência em consulta de psicologia clínica,
percebi que quando se fala aos clientes sobre autoafirmações
positivas, eles sentem-se ainda mais desmoralizados do que antes. Ser
capaz de passar de dizer a si mesmo, “Eu não sou bom o suficiente“, para acreditar de imediato, “Eu sou bom o suficiente“,
requer uma quantidade razoável de trabalho pessoal e comprometimento
com ações que no seu retorno promovam a valorização pessoal. E este
esforço não tem quase nada a ver com a repetição interminável de frases
sobre o que você preferiria pensar sobre si mesmo.
Vamos
então nos focar na melhor forma de abordar o seu eu (muito
depreciativo) e as deficiências que você experimenta nos seus
pensamentos e sentimentos mais íntimos. Vamos também explorar como você
pode mover-se para uma apreciação muito mais “construtiva” de quem você
é.
A reter: O quão inteligente, rico ou bem sucedido você acredita que os outros podem vê-lo é muito menos importante para a sua satisfação vida do que ser capaz de abraçar uma visão mais favorável de si mesmo.
Evitamento: um hábito tóxico para a autoestima
Sem dúvida, todos nós queremos
experimentar um sentimento abrangente e duradouro de autoaprovação, e
com isso sentir-nos impermeáveis aos eventos adversos da vida. Avaliar e
reavaliar o seu valor pessoal ou aceitabilidade com base estritamente
no seu último esforço ou interação é caminhar na vida sempre com uma
autoestima provisória e muito vulnerável. A autoestima a que me refiro é
aquela que é independente de resultados específicos. É uma autoestima
favorável, que é mantida, independentemente do resultado obtido numa
determinada situação.
O comportamento
de evitamento assenta na tendência natural de autoproteção. Mas na
verdade, este mecanismo de proteção (evitar o que tememos, usualmente
baseado em medos infundados ou irracionais) pode ser o maior aniquilador
da autoestima. Quando uma pessoa se sente ameaçada, seja por alguém com
quem ela teme competir ou ser rejeitada por um projeto, emerge a
ansiedade, porque teme não ser bem sucedida, e com isso, quase
instintivamente, procura uma forma de fuga. Ao invés de ativamente lidar
com o que sente ameaçador, a pessoa esforça-se emocionalmente para
diminuir o seu incômodo, acabando por retirar-se da situação que sente
ser-lhe desfavorável.
Mas
quando você evita algo porque lhe falta confiança ou força de vontade
para lidar com a situação, como se sente acerca de si mesmo? Essa
passividade diante de um desafio externo é por certo exatamente aquilo
que contribui para a diminuição da sua autoestima e autoconfiança. E
quanto mais você evita coisas que potencialmente o fazem sentir-se
diminuído ou que teme, mais você irá desaprovar a si mesmo.
Além
disso, se para ganhar a aceitação dos outros, a sua atenção é
(ansiosamente) focada em não decepcioná-los, certamente não vai
sentir-se muito bem consigo mesmo. Se para evitar o conflito,
desaprovação, fracasso ou derrota, você adiar a busca de oportunidades
que iria fazê-lo avançar nos seus interesses, tal evasão apenas irá
gerar mais autodesaprovação.
Resumindo,
o evitamento ou evasão é um mecanismo de defesa poderoso e comum. E,
como todas as outras defesas psicológicas, pode ser bastante pernicioso.
Num determinado momento, evitar aquilo que o torna ansioso pode
protegê-lo de sentimentos perturbadores. Mas também pode prejudicar a
sua autoimagem, levando-o a ver-se como menos competente, menos capaz e
com menos habilidades. Cada vez que você sai a perder desta luta entre
proteger-se ou enfrentar o problema, a sua autoestima fica comprometida.
E uma vez que o evitamento esteja firmemente enraizado, as suas dúvidas
sobre você e acerca das suas incapacidades percebidas tornam-se mais
graves e consequentemente mais difíceis de extinguir.
Lidar ativamente com os desafios da vida
Adotar uma atitude de “vou propor-me a fazer algo”
para enfrentar as dificuldades e obstáculos da sua vida quase sempre
faz você sentir-se bem consigo mesmo. E ironicamente, se o seu medo
(provavelmente exagerado) de fracasso o convence a nem sequer tentar
lidar com esses desafios, essa relutância pode resultar num pior senso
de si mesmo comparativamente se você tivesse tentado e falhado. Em
outras palavras, não tentar é em si um fracasso e, no fundo, é assim que
você se verá. Pelo contrário, se tiver uma estratégia e tentar
enfrentar os seus receios, é mais provável que se sentia bem consigo
mesmo do que você perder as suas chances, jogando pelo seguro e nem
sequer procurar ser bem sucedido.
A reter: O aumento ou manutenção da autoestima é um produto que emerge do estilo de resposta que favorece o enfrentamento ao invés do evitamento. Quando assim é, os conflitos são enfrentados, compreendidos e resolvidos, resultando em autoconfiança, aprovação pessoal e sentimentos de bem-estar pessoal. Os Padrões de evasão excessiva produzem exatamente os resultados opostos. O próprio ato de evitar, por negação e distorção, impede qualquer sentimento de adequação.
4 Passos para aumentar a sua autoestima:
1. Em situações que desencadeiam
a ansiedade, receio e dúvidas acerca de si mesmo, identifique e
descreva em detalhe os padrões preliminares de evitamento que você
costuma empregar para reduzir o sofrimento emocional.
Escrever isso pode ser extremamente útil para ficar ciente acerca dos seus comportamentos de autossabotagem
e de dúvidas acerca de si mesmo e do seu valor. A sua análise deve
assumir a forma: “Quando [a situação temida] ocorre, geralmente tentamos diminuir a ansiedade que sentimos por causa de [caracterização da sua autoproteção, reação de evitamento]“.
Não
deixe de fazer este exercício por parecer trabalhoso. Se você quer
melhorar a sua autoestima, apenas querendo nada irá melhorar. É preciso
envolvimento da sua parte, aplicando alguns processos e estratégias para
que tudo isso possa ter um retorno positivo em melhoria da sua
autoestima. Se nada fizer, nada mudará. Faça, vai ver que valerá a pena.
2.
Identifique e descreva os pensamentos negativos e sentimentos sobre si
mesmo associados a cada um dos seus principais padrões de evitamento.
Você
pode ter que esforçar-se para aprender a apanhar a si mesmo a ter
comportamentos de fuga das situações incômodas. As suas autoavaliações
negativas podem incluir verbalizações do gênero: “Eu sou uma decepção”,
“Eu sou inadequado”, “Eu sou incompetente”, “Eu sou inferior”, “Eu sou
inútil”, “Eu sou um perdedor”, “Eu não sou esperto o suficiente”, “Eu
sou impróprio”, “Eu sou preguiçoso”, “Eu uma vergonha”, e assim por
diante.
É importante considerar as emoções
negativas geradas pelos seus pensamentos autodepreciativos, como por
exemplo: frustração, constrangimento, culpa, nojo de si mesmo,
humilhação. E não apenas identificá-los, mas ficar consciente do quão
incapacitantes fazem você sentir-se. Dessa forma, você torna-se muito
mais consciente do custo elevado dos seus comportamentos de evitamento e
como eles bloqueiam os seus sentimentos genuínos de felicidade,
contentamento ou bem-estar.
Perceba que
quanto mais você se sentir inclinado a afastar-se de enfrentar um
desafio ou situação em que poderia ter a possibilidade de aumentar a sua
autoestima, mais rapidamente irá sentir-se frustrado em qualquer
situação que exige que seja corajoso e proativo. Quanto mais você
souber como prestar atenção à sua voz ansiosa e depreciativa (diálogo interno autocrítico), mais motivado e preparado estará para mudar o hábito tóxico de evitamento e autossabotagem.
3. Desenvolva o hábito de contestar regularmente as suas autoavaliações negativas e padrões de evitamento.
O
próprio ato de identificá-los e rotulá-los pode ser visto como uma
resposta de enfrentamento. Você deve dar-se crédito para confrontar o
que você anteriormente evitou, permitindo-se experimentar a ansiedade
que, anteriormente fez você evitar ou afastar-se das situações
incômodas.
4. Pouco a pouco, ensine a si mesmo a lidar ativamente e eficazmente com os vários conflitos que anteriormente evitou.
Identificar
e ficar ciente dos diferentes aspectos da sua nova forma de lidar com as
situações que anteriormente evitava, aumenta a probabilidade de você
aplicar isso no seu dia a dia. A prática de comportamentos proativos é
inerentemente gratificante, dado que toda a vez que os pratica
você substitui uma autoavaliação negativa por uma positiva.
Lembre-se
que este reforço interno não é sobre ter sucesso com o seu último
comportamento, mas sim perceber que o caminho da melhoria da sua
autoestima está associada à prática continua dos seus comportamentos de
enfrentamento dos seus receios e inseguranças. Independentemente do
resultado, é essencial que você elogiar-se pelos seus esforços.
Certamente com a continuação os resultados vão sendo cada vez melhores.
Faça a si mesmo a seguinte questão:
“Nesta situação, o que eu preciso fazer, ou que atitude eu quero ter que resultará numa maior satisfação acerca de mim mesmo?”
Lembre-se que tomar a linha de menor resistência (evitamento) é um
ato que imediatamente reduz a sua ansiedade, então o seu comportamento
de enfrentamento geralmente será aquele que provavelmente aumentará sua
ansiedade, mas que em resultado também aumentará o seu valor pessoal.
Uma outra questão complementar, ou uma maneira um pouco diferente de colocar a mesma questão pode ser:
“Se eu agisse como o tipo de pessoa que eu mais quero ser, e admiro, como eu reagiria a este conflito (problema ou dilema)?”
E sim, a resposta certa é susceptível de desafiá-lo. Mas lembre-se,
enfrentar algumas situações mais incómodas é equivalente a assumir mais
responsabilidade pela sua vida. E você vai acabar sentindo-se muito
melhor sobre si mesmo por fazê-lo.
Na verdade, para aumentar a sua autoestima você terá de esforçar-se por sair da zona de conforto.
Será necessário esforço e paciência. Os comportamentos de enfrentamento
assertivos e proativos tornam-se mais fáceis de colocar em prática à
medida que você começa a perceber as habilidades e forças que
anteriormente a sua autodepreciação impediu que desenvolvesse
adequadamente. Fonte: escolapsicologia.com
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