"Como todos sabemos, o stress é parte 
integrante da nossa vida diária. É inevitável que nos deparemos com 
problemas pessoais e situações difíceis" 
Sem desafios, muito 
provavelmente a nossa existência seria muito chata. Os desafios na nossa
 vida podem ser encarados de duas formas. Podemos estar animados, 
entusiasmados, excitados e motivados face a algo que queremos 
conquistar, mas pela positiva, pelo ganho, pela mais-valia da conquista e
 do resultado desejado, como por exemplo ganhar uma medalha, ser 
promovido, ou ganhar mais dinheiro. 
Ou, podemos ter de forçar-nos a estruturarmo-nos mentalmente para 
vislumbrar uma forma de motivarmo-nos a resolver situações e/ou 
problemas que nos causam tremendo incômodo, mas que se os conseguirmos 
remover e/ou ultrapassar iremos sentir uma satisfação e alegria idêntica
 a uma conquista desejada.
Embora em 
muitos casos, quando conseguimos ultrapassar e/ou resolver alguns dos 
nossos problemas pessoais, isso faça com que consigamos expressar o que 
de melhor existe em nós. Há momentos em que os problemas pessoais 
prejudicam-nos, infligem-nos amargura, retrocesso e mal-estar, 
fazendo-nos sentir inúteis e impotentes. Para sentirmos 
significado na nossa existência, precisamos superar desafios pessoais 
com que nos vamos deparando ao longo da vida. Perante esta 
realidade é importante não desistirmos prematuramente dos nossos 
objetivos, quer sejam pelo desejo de conquista, quer sejam pelo desejo 
de recuperar de uma situação difícil.
Não
 existe uma solução universal para um problema. De fato, há momentos em
 que os problemas podem levar a outros, podendo todos nós atravessarmos 
fazes angustiantes na nossa vida. Provavelmente não podemos resolver 
todos os problemas de forma imediata, alguns levam mais tempo que 
outros, alguns perturbam-nos mais que outros. Por vezes a estratégia 
mais razoável é tentarmos resolver uma coisa de cada vez e esperar o 
melhor. 
Quando você quer superar os desafios é melhor utilizar a 
presença de espírito, o pensamento positivo e atitudes positivas. Mesmo perante a dificuldade extrema, estabeleça um desafio positivo e otimista na sua vida.
 Apesar de existirem milhares de livros, revistas e guias de autoajuda,
 os quais têm o valor que lhes reconhecemos, podendo realmente 
servir-nos para pensar positivo, ultrapassar obstáculos e atingir metas,
 o que é certo é que existem algumas situações que você tem de contar 
com a sua capacidade e adaptabilidade no sentido de encontrar as suas 
próprias soluções. É  quando você mais necessita de si mesmo que os seus
 problemas pessoais podem crescer ainda mais, você pode torna-se no seu 
maior problema. Será você mesmo o seu maior problema?
SUPERAR-SE A SI MESMO: ABRAÇANDO A MUDANÇA
Você quer uma vida melhor? No entanto, parece nunca ser capaz de superar os problemas
 que lhe surgem? A identificação da raiz dos problemas internos criados 
pelo nosso próprio ego, assim como encontrar formas de catapultar-se 
para lá dessas preocupações paralisantes (autossabotagem), é fundamental
 para viver uma vida significativa. Este é um passo necessário de ser 
dado. É importante que se distinga e se desapegue temporariamente do seu
 problema (interno ou externo) no sentido de clarificar melhor algumas 
opções e/ou não se deixar levar integralmente pelos seus sentimentos e 
emoções, que nestas circunstâncias serão na sua maioria sentimentos 
incapacitantes, angustiantes e depressivos.
Para refletir: Você não é o seu problema. Você é que tem o problema. Você não é os seus sentimentos, comportamentos ou pensamentos. Você é aquele que sente, age e pensa. De acordo com a Psicologia Gestalt, o todo é mais que a soma das suas partes.
Se não conseguir algum distanciamento, 
então simplesmente pode entrar numa espiral de negatividade e ficar 
atolado na sua  própria amargura (bagunça). Muitos de nós desenvolvemos 
todos os tipos de desculpas que usamos para justificar o nosso comportamento desajustado e inadequado. Por vezes sentimo-nos confortáveis a ter uma mentalidade de vítima.
 É como se nós quiséssemos permanecer presos na infelicidade e  
instabilidade emocional,  evitando agarrar na possibilidade de poder 
construir uma vida mais gratificante e sermos bem sucedidos.
Seja
 o que for que precise para se superar ou superar os problemas pessoais,
 é preponderante começar por olhar profundamente dentro de si mesmo para
 ver se você é o seu maior/pior inimigo. Provavelmente, se você 
conseguir superar os seus problemas internos, então você certamente irá 
voar para novas alturas, novas possibilidades passam a cruzar-se no seu 
caminho.
PROBLEMAS PESSOAIS QUE IMPEDEM A MUDANÇA 
Existem milhões de variações e formas de lidar com os nossos problemas pessoais, os internos (conflitos do ego, autossabotagens, sentimentos de culpa, mentalidade de vítima, medo do fracasso, entre outros), e os externos (desemprego, luto, problemas financeiros, problemas de relacionamento,
 entre outros), no entanto e de acordo com a minha experiência, aponto 
para três fatores como estando na raiz do que normalmente nos impede de 
efetuar uma mudança positiva na nossa mentalidade e consequentemente na
 nossa vida. Os problemas pessoais podem ser de naturezas distintas, uma interna, em que se relacionam com as nossas características individuais e formas de olhar o mundo, e uma externa,
 em que se relacionam com as circunstâncias de vida. Ainda que ambas as 
formas se interliguem e dependam uma da outra, a minha intenção neste 
artigo é explorar a forma de ultrapassar os problemas pessoais de 
natureza interna.
Vejamos os três fatores/obstáculos que impedem a mudança:
1 – Viciados na recompensa.
 O comportamento desajustado e impróprio pode ter as suas recompensas. 
Podem existir algumas  recompensas que você gosta e das quais não quer 
desistir. O vício é o estado de ser em que somos “escravizados” por 
algo, seja física ou psicologicamente, é um hábito formando na medida em
 que a interrupção do mesmo causará dor, angústia e mal-estar. A dor 
pode ser emocional, que é normalmente o caso, exceto em casos muito 
extremos.
Por outras palavras, você 
desenvolve um laço emocional muito poderoso com a recompensa que recebe 
por acionar os comportamentos desajustados, impróprios e prejudiciais. 
Eles dão-lhe um senso de controlo. Essas ações e/ou formas de agir 
produzem sentimentos, sensações e emoções que você simplesmente não quer
 desistir. No entanto tem um profundo senso que esses comportamentos o 
prejudicam e lhe dificultam a vida.
Para refletir: A capacidade de substituir/inibir alguns dos nossos impulsos é o que nos separa dos animais irracionais.
Como minimizar e/ou superar:
Você tem o poder de decidir. Você vai 
continuar fazendo o que está prendendo você, ou vai decidir-se a 
escolher em consciência? É tempo de decidir ir para o outro lado onde 
a relva é mais verde e você possa seguir em frente, sem tantos 
condicionalismos. É tempo de perguntar: que tipo de pessoa você quer ser?
 É tempo de experimentar uma vida melhor. Mas, para que isso aconteça 
você vai ter que conscientemente decidir-se a abandonar a 
sua dependência, a dependência das velhas recompensas.
Exemplo:
- 
Será que você quer perder peso mas não tem conseguido?
 - 
Será que você quer deixar de fumar, mas não tem conseguido?
 - 
Será que você é demasiado perfeccionista e isso impede-o de atingir os seus objetivos?
 - 
Será que você ferve em pouca água, e isso causa-lhe alguns transtornos na vida?
 - 
Será que você evita uma situação que lhe causa ansiedade, mas isso impede-o de desfrutar o momento?
 - 
Será que você vive agarrado ao passado, impedindo-o de viver o presente?
 
Certamente, algumas das coisas que 
fazemos e que sabemos que são comportamentos que não são saudáveis ou 
não nos trazem vantagem ou melhoria para a vida, estão enraizados num 
sentimento imediato de bem-estar. Ou seja, paralelamente a um 
comportamento prejudicial, existe um benefício, normalmente esse 
benefício é compensador, esse benefício está ligado a uma incapacidade 
ou necessidade nossa.
Exemplo:
- 
Eu continuo a comer compulsivamente; motivo: prazer e satisfação, funcionando ainda como uma forma de compensar a instabilidade emocional e falta de autoestima.
 - 
Eu continuo a fumar; motivo: permite aliviar o stress.
 - 
Eu tenho de fazer sempre tudo na perfeição ou não valho nada; motivo: Proteção das suas capacidades, habilidades e autoestima.
 - 
Eu sigo as minhas emoções; motivo: necessidade se ser fiel a si mesmo.
 - 
Eu evito situações embaraçosas; motivo: para proteger a minha imagem e reduzir a minha ansiedade e mal-estar
 - 
Eu continuo a reviver o passado, pois tenho medo de enfrentar novos desafios; motivo: medo de mudança e sentimento de insegurança.
 
Ter dificuldade em alterar um determinado tipo de comportamento, não é sinônimo de ser impossível. Aquilo que é necessário é força de vontade e autodisciplina
 para conseguirmos seguir em frente e implementar as estratégias 
necessárias para uma mudança adequada e adaptada aquilo que queremos. 
Afortunadamente, o nosso cérebro é plástico, tem a capacidade de criar 
novas redes neuronais, novos caminhos e padrões de pensamento que nos 
permitem a mudança desejada. Aliada à capacidade cerebral para criar 
novos caminhos para problemas antigos, está a capacidade que temos para 
nos colocarmos em determinados estados emocionais que facilitam essa 
mesma mudança.
É necessário alinharmos um conjunto de ferramentas (autoverbalizações e afirmações positivas, estados emocionais, pensamento positivo, atitude positiva,
 estados fisiológicos), para nos colocarmos no nosso melhor estado no 
sentido de criarmos uma estrutura mental para êxito. O êxito que tanto 
desejamos ter na nossa vida começa inevitavelmente na nossa própria 
capacidade de nos ajudarmos a nós mesmos. Seremos tanto mais eficazes 
quanto mais percebermos que temos a capacidade e possibilidade de nos 
mudarmos a nós mesmos. Não estou a querer dizer que você passa a ser 
outra pessoa, mas sim que pode passar a agir mais sintonizado com os 
seus valores, objetivos, desejos e propósito de vida.
2 – Não reconhecer que o problema o magoa.
 Negar que um problema ainda existe, certamente impede uma mudança 
significativa. Temos uma incrível capacidade de racionalizar o nosso 
comportamento e desenvolver uma cegueira mental para os seus efeitos. 
Você pode gostar de pensar que aquilo que está fazendo não o magoa nem o
 prejudica, mas se olhar mais de perto, certamente a sua ideia mudará. 
Na grande maioria das vezes, não reconhecer que o problema magoa pode 
estar a funcionar como uma estratégia de proteção, só que essa 
estratégia de proteção não permite dedicar-se a uma estratégia 
construtiva de resolução ou enfrentamento do problema, o que aumenta o 
próprio problema e consequentemente o seu incômodo.
A
 chave aqui é admitir que você precisa mudar antes que o seu 
comportamento desajustado contribua para uma crise na sua vida. A crise 
pode apresentar-se de muitas formas diferentes. Por exemplo, você pode aperceber-se que:
- O seu parceiro quer um divórcio
 - O banco planeja ficar com a sua casa
 - O médico acha que a sua saúde está seriamente comprometida
 - Seu chefe ficou farto e propõe a sua demissão
 - A sua família e amigos estão mantendo distância de você
 
Com sorte (ou de preferência por decisão
 sua), você vai atender os sinais de advertência antes que as coisas 
possam ficar piores. Negando que você tem um problema que necessita da 
sua atenção e dedicação vai simplesmente fazer com que  entre num buraco
 cada vez mais fundo. A profundeza do problema pode atingir uma 
magnitude que você pode não conseguir recuperar a tempo.  Ouça as 
pessoas à sua volta e seja honesto com você mesmo. A mudança pode não 
ser tão dolorosa quanto você pensa, especialmente em comparação com a 
crise iminente que pode estar enfrentando.
3 – Expectativas irrealistas.
 Muitas vezes propomo-nos a falhar porque criamos expectativas irreais. 
Ainda que  isso não seja exatamente uma recusa à mudança, é um problema 
interno que prejudica o autoaperfeiçoamento. Quando esperamos obter 
resultado elevados num curto espaço de tempo, isso pode ser irrealista e
 comprovar-se como um desmotivador. Isso leva-nos a desistir e a 
voltarmos às nossas velhas maneiras de agir e pensar.
Expectativas irrealistas podem destronar rapidamente a mudança positiva. Uma área onde isso é comum é quando alguém pretende perder peso.
 Por vezes  algumas pessoas iniciam um programa ou dieta para perder 
peso de maneira rápida à espera de verem grandes resultados. Quando isso
 não acontece dessa forma, desistem. Outra área em que querer atingir 
grande resultados e ganhos de forma rápida que leva ao fracasso é quando
 se pretende  iniciar um negócio. Muitas vezes, as pessoas têm 
expectativas pouco realistas sobre quanto tempo e esforço é necessário 
envolver no empreendimento de ações.
Para refletir: O mais importante não é querer ter sucesso. Certamente todos nós queremos. O que importa é perceber até que ponto estamos dispostos a fazer coisas com o objetivo de atingir o sucesso.
Se você quiser criar uma mudança real e 
significativa, então terá que comprometer-se a médio e longo prazo. Você
 tem que ter uma compreensão clara do que será necessário para criar a 
mudança que deseja e estar disposto a persistir, insistir e a 
levantar-se depois das quedas. Se as expectativas irrealistas o retêm no
 passado, então faça um esforço para realinhar os seus objetivos e 
tentar novamente. Tente até conseguir, pelo menos enquanto o seu 
objetivo lhe parecer razoável.
LIMITES DA CONSCIÊNCIA INTERNA
Um outro tipo de barreira à resolução 
dos nossos problemas pessoais internos, são os limites da consciência 
interna. De acordo com o que tenho vindo a observar em alguns dos meus 
pacientes em consulta clínica, ou mesmo nas conversas informais com 
amigos e colegas, ou até com algumas experiências pessoais, aponto para o
 facto de na grande maioria das vezes nós sermos desconhecedores 
(inconscientes) das nossas experiências internas, não reconhecemos as 
respostas emocionais, cognitivas ou fisiológicas que precedem os 
comportamentos problemáticos (ex:alexitimia).
Muitos de nós percebemos mal as nossas 
respostas internas, rotulamos as nossas sensações fisiológicas, como por
 exemplo um aperto no peito ou a tensão muscular, quando elas de facto 
refletem angústia ou confundimos uma emoção ameaçadora (como a ansiedade)
 por outra, mais pessoalmente aceite (como a raiva). Uma consciência 
imprecisa ou diminuída, reduz a habilidade para usarmos as respostas 
emocionais de forma funcional e pode conduzir-nos a reagir de formas 
embaraçosas e prejudicais.
Exemplo 1:
 Alguém que seja demasiado tímido ou introvertido pode dizer que não vai
 a eventos sociais porque não gosta deles, quando, de facto, ele 
evita-os devido ao não reconhecimento da sua ansiedade.
Exemplo 2:
 Uma pessoa pode ficar surpreendida com a sua atitude de agressividade 
para com um colega de trabalho porque não percebeu que se sentiu 
ressentida e zangada para com o seu colega, devido a um repetido mas 
aparente desprezo e tom de voz desrespeitoso.
Todos nós somos susceptíveis de empreender em comportamentos indesejáveis devido
 à nossa falta de consciência emocional, e esta diminuição de 
consciência pode interferir com a nossa habilidade individual para 
escolhermos agir intencionalmente, levando-nos a reagir às situações.
A consciência emocional é um tema complexo, que merece um artigo específico para abordar o assunto de forma mais profunda e técnica. Voltarei a este assunto em breve.
CONCLUINDO
Na base de grande parte dos nossos 
problemas pessoais (internos e externos) está uma tendência que temos 
para reagir às situações de forma impulsiva. Na gênese dessa 
impulsividade estão alguns fatores que servem como gatilhos:
- Os limites da consciência interna (dificuldade em ler as sensações internas de forma adequada)
 - Conflitos internos (proteção do ego, vício na recompensa de comportamentos prejudicais,)
 - Cegueira mental para as situações incômodas e que necessitam da nossa atenção
 - Ausência de alinhamento entre expectativas e estratégias de resolução e enfrentamento dos problemas/desafios
 - Crenças limitadoras (aquilo que acredito ou não acredito ser capaz de fazer)
 
E VOCÊ, TEM PROBLEMAS PESSOAIS?
De que 
forma é que você lida com os seus problemas pessoais? Sente que tem de 
passar por problemas pessoais quando deseja aplicar mudanças positivas 
na sua vida? Que estratégias utiliza para os superar? Fonte: escolapsicologia.com 








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