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Se o Problema é Seu, Aprenda a Resolvê-lo Sozinho!

"Como todos sabemos, o stress é parte integrante da nossa vida diária. É inevitável que nos deparemos com problemas pessoais e situações difíceis"

Sem desafios, muito provavelmente a nossa existência seria muito chata. Os desafios na nossa vida podem ser encarados de duas formas. Podemos estar animados, entusiasmados, excitados e motivados face a algo que queremos conquistar, mas pela positiva, pelo ganho, pela mais-valia da conquista e do resultado desejado, como por exemplo ganhar uma medalha, ser promovido, ou ganhar mais dinheiro. 

Ou, podemos ter de forçar-nos a estruturarmo-nos mentalmente para vislumbrar uma forma de motivarmo-nos a resolver situações e/ou problemas que nos causam tremendo incômodo, mas que se os conseguirmos remover e/ou ultrapassar iremos sentir uma satisfação e alegria idêntica a uma conquista desejada.

Embora em muitos casos, quando conseguimos ultrapassar e/ou resolver alguns dos nossos problemas pessoais, isso faça com que consigamos expressar o que de melhor existe em nós. Há momentos em que os problemas pessoais prejudicam-nos, infligem-nos amargura, retrocesso e mal-estar, fazendo-nos sentir inúteis e impotentes. Para sentirmos significado na nossa existência, precisamos superar desafios pessoais com que nos vamos deparando ao longo da vida. Perante esta realidade é importante não desistirmos prematuramente dos nossos objetivos, quer sejam pelo desejo de conquista, quer sejam pelo desejo de recuperar de uma situação difícil.

Não existe uma solução universal para um problema. De fato, há momentos em que os problemas podem levar a outros, podendo todos nós atravessarmos fazes angustiantes na nossa vida. Provavelmente não podemos resolver todos os problemas de forma imediata, alguns levam mais tempo que outros, alguns perturbam-nos mais que outros. Por vezes a estratégia mais razoável é tentarmos resolver uma coisa de cada vez e esperar o melhor. 

Quando você quer superar os desafios é melhor utilizar a presença de espírito, o pensamento positivo e atitudes positivas. Mesmo perante a dificuldade extrema, estabeleça um desafio positivo e otimista na sua vida. Apesar de existirem milhares de livros, revistas e guias de autoajuda, os quais têm o valor que lhes reconhecemos, podendo realmente servir-nos para pensar positivo, ultrapassar obstáculos e atingir metas, o que é certo é que existem algumas situações que você tem de contar com a sua capacidade e adaptabilidade no sentido de encontrar as suas próprias soluções. É  quando você mais necessita de si mesmo que os seus problemas pessoais podem crescer ainda mais, você pode torna-se no seu maior problema. Será você mesmo o seu maior problema?
 

SUPERAR-SE A SI MESMO: ABRAÇANDO A MUDANÇA

 

Você quer uma vida melhor? No entanto, parece nunca ser capaz de superar os problemas que lhe surgem? A identificação da raiz dos problemas internos criados pelo nosso próprio ego, assim como encontrar formas de catapultar-se para lá dessas preocupações paralisantes (autossabotagem), é fundamental para viver uma vida significativa. Este é um passo necessário de ser dado. É importante que se distinga e se desapegue temporariamente do seu problema (interno ou externo) no sentido de clarificar melhor algumas opções e/ou não se deixar levar integralmente pelos seus sentimentos e emoções, que nestas circunstâncias serão na sua maioria sentimentos incapacitantes, angustiantes e depressivos.
Para refletir: Você não é o seu problema. Você é que tem o problema. Você não é os seus sentimentos, comportamentos ou pensamentos. Você é aquele que sente, age e pensa. De acordo com a Psicologia Gestalt, o todo é mais que a soma das suas partes.
Se não conseguir algum distanciamento, então simplesmente pode entrar numa espiral de negatividade e ficar atolado na sua  própria amargura (bagunça). Muitos de nós desenvolvemos todos os tipos de desculpas que usamos para justificar o nosso comportamento desajustado e inadequado. Por vezes sentimo-nos confortáveis a ter uma mentalidade de vítima. É como se nós quiséssemos permanecer presos na infelicidade e  instabilidade emocional,  evitando agarrar na possibilidade de poder construir uma vida mais gratificante e sermos bem sucedidos.

Seja o que for que precise para se superar ou superar os problemas pessoais, é preponderante começar por olhar profundamente dentro de si mesmo para ver se você é o seu maior/pior inimigo. Provavelmente, se você conseguir superar os seus problemas internos, então você certamente irá voar para novas alturas, novas possibilidades passam a cruzar-se no seu caminho.
 

PROBLEMAS PESSOAIS QUE IMPEDEM A MUDANÇA


Existem milhões de variações e formas de lidar com os nossos problemas pessoais, os internos (conflitos do ego, autossabotagens, sentimentos de culpa, mentalidade de vítima, medo do fracasso, entre outros), e os externos (desemprego, luto, problemas financeiros, problemas de relacionamento, entre outros), no entanto e de acordo com a minha experiência, aponto para três fatores como estando na raiz do que normalmente nos impede de efetuar uma mudança positiva na nossa mentalidade e consequentemente na nossa vida. Os problemas pessoais podem ser de naturezas distintas, uma interna, em que se relacionam com as nossas características individuais e formas de olhar o mundo, e uma externa, em que se relacionam com as circunstâncias de vida. Ainda que ambas as formas se interliguem e dependam uma da outra, a minha intenção neste artigo é explorar a forma de ultrapassar os problemas pessoais de natureza interna.
 

Vejamos os três fatores/obstáculos que impedem a mudança:

 

1 – Viciados na recompensa. O comportamento desajustado e impróprio pode ter as suas recompensas. Podem existir algumas  recompensas que você gosta e das quais não quer desistir. O vício é o estado de ser em que somos “escravizados” por algo, seja física ou psicologicamente, é um hábito formando na medida em que a interrupção do mesmo causará dor, angústia e mal-estar. A dor pode ser emocional, que é normalmente o caso, exceto em casos muito extremos.

Por outras palavras, você desenvolve um laço emocional muito poderoso com a recompensa que recebe por acionar os comportamentos desajustados, impróprios e prejudiciais. Eles dão-lhe um senso de controlo. Essas ações e/ou formas de agir produzem sentimentos, sensações e emoções que você simplesmente não quer desistir. No entanto tem um profundo senso que esses comportamentos o prejudicam e lhe dificultam a vida.
Para refletir: A capacidade de substituir/inibir alguns dos nossos impulsos é o que nos separa dos animais irracionais.

 

Como minimizar e/ou superar:

 

Você tem o poder de decidir. Você vai continuar fazendo o que está prendendo você, ou vai decidir-se a escolher em consciência? É tempo de decidir ir para o outro lado onde a relva é mais verde e você possa seguir em frente, sem tantos condicionalismos. É tempo de perguntar: que tipo de pessoa você quer ser? É tempo de experimentar uma vida melhor. Mas, para que isso aconteça você vai ter que conscientemente decidir-se a abandonar a sua dependência, a dependência das velhas recompensas.
 

Exemplo:

 

  • Será que você quer perder peso mas não tem conseguido?
  • Será que você quer deixar de fumar, mas não tem conseguido?
  • Será que você é demasiado perfeccionista e isso impede-o de atingir os seus objetivos?
  • Será que você ferve em pouca água, e isso causa-lhe alguns transtornos na vida?
  • Será que você evita uma situação que lhe causa ansiedade, mas isso impede-o de desfrutar o momento?
  • Será que você vive agarrado ao passado, impedindo-o de viver o presente?
 
Certamente, algumas das coisas que fazemos e que sabemos que são comportamentos que não são saudáveis ou não nos trazem vantagem ou melhoria para a vida, estão enraizados num sentimento imediato de bem-estar. Ou seja, paralelamente a um comportamento prejudicial, existe um benefício, normalmente esse benefício é compensador, esse benefício está ligado a uma incapacidade ou necessidade nossa.
 

Exemplo:

 

  • Eu continuo a comer compulsivamente; motivo: prazer e satisfação, funcionando ainda como uma forma de compensar a instabilidade emocional e falta de autoestima.
  • Eu continuo a fumar; motivo: permite aliviar o stress.
  • Eu tenho de fazer sempre tudo na perfeição ou não valho nada; motivo: Proteção das suas capacidades, habilidades e autoestima.
  • Eu sigo as minhas emoções; motivo: necessidade se ser fiel a si mesmo.
  • Eu evito situações embaraçosas; motivo: para proteger a minha imagem e reduzir a minha ansiedade e mal-estar
  • Eu continuo a reviver o passado, pois tenho medo de enfrentar novos desafios; motivo: medo de mudança e sentimento de insegurança.
 
Ter dificuldade em alterar um determinado tipo de comportamento, não é sinônimo de ser impossível. Aquilo que é necessário é força de vontade e autodisciplina para conseguirmos seguir em frente e implementar as estratégias necessárias para uma mudança adequada e adaptada aquilo que queremos. Afortunadamente, o nosso cérebro é plástico, tem a capacidade de criar novas redes neuronais, novos caminhos e padrões de pensamento que nos permitem a mudança desejada. Aliada à capacidade cerebral para criar novos caminhos para problemas antigos, está a capacidade que temos para nos colocarmos em determinados estados emocionais que facilitam essa mesma mudança.

É necessário alinharmos um conjunto de ferramentas (autoverbalizações e afirmações positivas, estados emocionais, pensamento positivo, atitude positiva, estados fisiológicos), para nos colocarmos no nosso melhor estado no sentido de criarmos uma estrutura mental para êxito. O êxito que tanto desejamos ter na nossa vida começa inevitavelmente na nossa própria capacidade de nos ajudarmos a nós mesmos. Seremos tanto mais eficazes quanto mais percebermos que temos a capacidade e possibilidade de nos mudarmos a nós mesmos. Não estou a querer dizer que você passa a ser outra pessoa, mas sim que pode passar a agir mais sintonizado com os seus valores, objetivos, desejos e propósito de vida.

2 – Não reconhecer que o problema o magoa. Negar que um problema ainda existe, certamente impede uma mudança significativa. Temos uma incrível capacidade de racionalizar o nosso comportamento e desenvolver uma cegueira mental para os seus efeitos. Você pode gostar de pensar que aquilo que está fazendo não o magoa nem o prejudica, mas se olhar mais de perto, certamente a sua ideia mudará. Na grande maioria das vezes, não reconhecer que o problema magoa pode estar a funcionar como uma estratégia de proteção, só que essa estratégia de proteção não permite dedicar-se a uma estratégia construtiva de resolução ou enfrentamento do problema, o que aumenta o próprio problema e consequentemente o seu incômodo.

A chave aqui é admitir que você precisa mudar antes que o seu comportamento desajustado contribua para uma crise na sua vida. A crise pode apresentar-se de muitas formas diferentes. Por exemplo, você pode aperceber-se que:
 
  • O seu parceiro quer um divórcio
  • O banco planeja ficar com a sua casa
  • O médico acha que a sua saúde está seriamente comprometida
  • Seu chefe ficou farto  e propõe a sua demissão
  • A sua família e amigos estão mantendo distância de você
 
Com sorte (ou de preferência por decisão sua), você vai atender os sinais de advertência antes que as coisas possam ficar piores. Negando que você tem um problema que necessita da sua atenção e dedicação vai simplesmente fazer com que  entre num buraco cada vez mais fundo. A profundeza do problema pode atingir uma magnitude que você pode não conseguir recuperar a tempo.  Ouça as pessoas à sua volta e seja honesto com você mesmo. A mudança pode não ser tão dolorosa quanto você pensa, especialmente em comparação com a crise iminente que pode estar enfrentando.

3 – Expectativas irrealistas. Muitas vezes propomo-nos a falhar porque criamos expectativas irreais. Ainda que  isso não seja exatamente uma recusa à mudança, é um problema interno que prejudica o autoaperfeiçoamento. Quando esperamos obter resultado elevados num curto espaço de tempo, isso pode ser irrealista e comprovar-se como um desmotivador. Isso leva-nos a desistir e a voltarmos às nossas velhas maneiras de agir e pensar.

Expectativas irrealistas podem destronar rapidamente a mudança positiva. Uma área onde isso é comum é quando alguém pretende perder peso. Por vezes  algumas pessoas iniciam um programa ou dieta para perder peso de maneira rápida à espera de verem grandes resultados. Quando isso não acontece dessa forma, desistem. Outra área em que querer atingir grande resultados e ganhos de forma rápida que leva ao fracasso é quando se pretende  iniciar um negócio. Muitas vezes, as pessoas têm expectativas pouco realistas sobre quanto tempo e esforço é necessário envolver no empreendimento de ações.
Para refletir: O mais importante não é querer ter sucesso. Certamente todos nós queremos. O que importa é perceber até que ponto estamos dispostos a fazer coisas com o objetivo de atingir o sucesso.
Se você quiser criar uma mudança real e significativa, então terá que comprometer-se a médio e longo prazo. Você tem que ter uma compreensão clara do que será necessário para criar a mudança que deseja e estar disposto a persistir, insistir e a levantar-se depois das quedas. Se as expectativas irrealistas o retêm no passado, então faça um esforço para realinhar os seus objetivos e tentar novamente. Tente até conseguir, pelo menos enquanto o seu objetivo lhe parecer razoável.

LIMITES DA CONSCIÊNCIA INTERNA
 
Um outro tipo de barreira à resolução dos nossos problemas pessoais internos, são os limites da consciência interna. De acordo com o que tenho vindo a observar em alguns dos meus pacientes em consulta clínica, ou mesmo nas conversas informais com amigos e colegas, ou até com algumas experiências pessoais, aponto para o facto de na grande maioria das vezes nós sermos desconhecedores (inconscientes) das nossas experiências internas, não reconhecemos as respostas emocionais, cognitivas ou fisiológicas que precedem os comportamentos problemáticos (ex:alexitimia).

Muitos de nós percebemos mal as nossas respostas internas, rotulamos as nossas sensações fisiológicas, como por exemplo um aperto no peito ou a tensão muscular, quando elas de facto refletem angústia ou confundimos uma emoção ameaçadora (como a ansiedade) por outra, mais pessoalmente aceite (como a raiva). Uma consciência imprecisa ou diminuída, reduz a habilidade para usarmos as respostas emocionais de forma funcional e pode conduzir-nos a reagir de formas embaraçosas e prejudicais.

Exemplo 1: Alguém que seja demasiado tímido ou introvertido pode dizer que não vai a eventos sociais porque não gosta deles, quando, de facto, ele evita-os devido ao não reconhecimento da sua ansiedade.

Exemplo 2: Uma pessoa pode ficar surpreendida com a sua atitude de agressividade para com um colega de trabalho porque não percebeu que se sentiu ressentida e zangada para com o seu colega, devido a um repetido mas aparente desprezo e tom de voz desrespeitoso.

Todos nós somos susceptíveis de empreender em comportamentos indesejáveis devido à nossa falta de consciência emocional, e esta diminuição de consciência pode interferir com a nossa habilidade individual para escolhermos agir intencionalmente, levando-nos a reagir às situações.
A consciência emocional é um tema complexo, que merece um artigo específico para abordar o assunto de forma mais profunda e técnica. Voltarei a este assunto em breve.

 

CONCLUINDO

 
Na base de grande parte dos nossos problemas pessoais (internos e externos) está uma tendência que temos para reagir às situações de forma impulsiva. Na gênese dessa impulsividade estão alguns fatores que servem como gatilhos:
 
  • Os limites da consciência interna (dificuldade em ler as sensações internas de forma adequada)
  • Conflitos internos (proteção do ego, vício na recompensa de comportamentos prejudicais,)
  • Cegueira mental para as situações incômodas e que necessitam da nossa atenção
  • Ausência de alinhamento entre expectativas e estratégias de resolução e enfrentamento dos problemas/desafios
  • Crenças limitadoras (aquilo que acredito ou não acredito ser capaz de fazer)

 

E VOCÊ, TEM PROBLEMAS PESSOAIS?

 

De que forma é que você lida com os seus problemas pessoais? Sente que tem de passar por problemas pessoais quando deseja aplicar mudanças positivas na sua vida? Que estratégias utiliza para os superar? Fonte: escolapsicologia.com

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