"Enquanto a humildade é caracterizada por uma forte aceitação
de si e dos demais como seres com o mesmo valor, a submissão é marcada
pela rejeição de si mesmo e uma supervalorização do outro"
Às
vezes, confundimos as coisas e achamos, por exemplo, que ser humilde é a
mesma coisa que ser submisso. Mas não, não é, mesmo que ambas as
palavras sejam frequentemente empregadas como sinônimos.
Uma
pessoa humilde não busca ficar no centro das atenções, não por medo ou
timidez, não por se sentir inferior, mas por entender que isso não é
importante, por saber que ninguém precisa estar no centro para ser
centrado. E a pessoa humilde pode até abrir mão de expressar sua própria
opinião, não por achar que ela não tenha valor, mas por entender que o
que ela pensa, naquele momento, talvez não seja tão importante ou por
perceber em certas situações que é mais prudente se calar.
Ser
humilde é ser modesto e ter consciência das próprias limitações, é
aceitar-se e aceitar os outros e viver de forma simples, natural e
despretensiosa, sem vaidade, sem se corromper por valores estranhos e
compreendendo que não é melhor que ninguém. Sim, ser humilde é
principalmente isso: compreender que não se é melhor que ninguém, pois ninguém neste mundo é melhor que ninguém.
Então, a pessoa humilde sabe que também o outro, qualquer outro, não é
melhor que ela. E aqui está a principal diferença entre a humildade e a
submissão.
A pessoa submissa não se valoriza, acredita não ter os
mesmos direitos que (determinadas) outras pessoas, acha-se fraca perante
aqueles que vê como mais fortes, permite ser desprezada porque ela
mesma se despreza e abre muitas vezes mão de seu lugar neste mundo por
se sentir inferior, por acreditar ser alguém de segunda categoria.
Enquanto
a humildade é caracterizada por uma forte aceitação de si e dos demais
como seres com o mesmo valor, a submissão é marcada pela rejeição de si
mesmo e uma supervalorização do outro. Enquanto, então, a humildade é o
gesto de amor próprio e ao próximo, a submissão é um gesto de negação de
si mesmo, de alguém que não se ama e não se respeita.
Ao ter
consciência das próprias limitações, a pessoa humilde sabe também onde
estão os limites do outro, não permitindo que ele vá longe demais e não
aceitando ser menosprezada, maltratada, humilhada por ninguém. Já a
pessoa submissa não conhece esses limites ou talvez até conheça, mas não
acredita ter o direito de impô-los, aceitando o menosprezo, os
maus-tratos e a humilhação, submetendo-se até mesmo a um rebaixamento
moral.
Portanto, está enganado quem acredita que está sendo
humilde ao aceitar ser pisado por quem quer que seja, pois isso nada tem
a ver com humildade. Isso é submissão.
Outra diferença entre as
duas coisas é que a pessoa humilde é humilde sempre, independentemente
da pessoa com quem interage. Ela será humilde ao falar com o chefe, com o
prefeito, com o Presidente da República e será igualmente humilde ao
falar com um empregado, com o zelador do prédio ou com o desabrigado que
lhe pede esmola na rua. Novamente: ela entende que todas as pessoas
(todas mesmo!) têm o mesmo valor. Já a pessoa submissa costuma se
rebaixar diante daqueles que acredita que são mais fortes que ela, mas
tenta humilhar alguém que acredite ser mais fraco. Ela aceitará então
ser maltratada por seu chefe, mas maltratará o zelador do prédio ou
qualquer um que julgue ser inferior.
A humildade é uma
virtude, que devemos incentivar e alimentar. Já a submissão é um desvio,
um defeito que precisamos corrigir o mais rápido possível. A humildade
liberta, a submissão aprisiona.
Devemos sim nos sentir pequenos,
pois somos pequenos, mas diante da criação, do universo, da vida. Mas
jamais devemos nos diminuir perante qualquer outra pessoa, já que, na
essência, somos todos iguais. Fonte: asomadetodosafetos.com
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