"O delirium tremens começa
geralmente de dois a três dias depois da última bebida, mas pode demorar
mais de uma semana para aparecer"
A Síndrome de Abstinência Alcoólica corresponde às mudanças pelas
quais o corpo passa quando uma pessoa subitamente deixa de beber depois
de usar álcool de forma intensa e prolongada. Os sintomas incluem
tremores, insônia, ansiedade e outros sintomas físicos e mentais.
O Álcool tem um efeito lentificador no cérebro (também chamado efeito
sedativo ou efeito depressor). Em uma pessoa que bebe muito, a longo
prazo, o cérebro é exposto quase continuamente ao efeito depressor do
álcool.
Com o passar do tempo, o cérebro ajusta sua própria química para
compensar este efeito. Ele faz isso através da produção de substâncias
químicas naturalmente estimulantes (como a serotonina ou a noradrenalina
– que são “parentes” da adrenalina) em quantidades maiores que as
normais.
A forma mais perigosa de abstinência alcoólica acontece em uma em
cada 20 pessoas que têm síndrome de abstinência. Esta condição é chamada
Delirium Tremens. No Delirium Tremens, o cérebro não pode reajustar sua
química lentamente depois que o uso álcool foi interrompido. Isto cria
um estado de confusão temporária e leva a perigosas mudanças na maneira
como o cérebro regula a circulação e a respiração.
Os sinais vitais do corpo como sua frequência cardíaca ou a pressão
sanguínea podem mudar drasticamente, de forma imprevisível, levando ao
risco de ataque do coração, derrame cerebral ou morte.
Quadro Clínico
Se o cérebro já está acostumado aos hábitos da pessoa que bebe muito,
ele pode levar algum tempo para se ajustar novamente. A síndrome de
abstinência ao álcool ocorre em um padrão previsível depois da última
bebida alcoólica. Nem todos os sintomas se desenvolvem em todos os
pacientes:
Tremores – Os tremores normalmente começam entre 5 e
10 horas após a última bebida e alcançam o máximo entre 24 e 48 horas.
Junto com os tremores, pode haver taquicardia (pulso rápido), aumento da
pressão sanguínea, respiração rápida, sudorese, náuseas, vômitos,
ansiedade ou um estado de alerta hiperativo, irritabilidade, pesadelos,
além de insônia.
Alucinações – Este sintoma normalmente começa dentro
de 12 a 24 horas depois da última bebida, e pode durar até dois dias
após ter começado. Se isto acontecer, a pessoa alucina (vê ou sente
coisas que não são reais). É comum às pessoas que estão abstinentes do
álcool verem múltiplos objetos pequenos, semelhantes, se movimentando.
Às vezes a visão é de insetos rastejando, estrelinhas piscando ou moedas
caindo. É possível que uma alucinação na abstinência alcoólica seja uma
visão muito detalhada e imaginativa.
Ataques epiléticos da abstinência alcoólica – Ataques
epiléticos podem acontecer de 6 a 48 horas após a última bebida, e é
comum vários ataques epiléticos acontecerem por várias horas. O pico de
risco é de 24 horas. Em geral eles são ataques epiléticos do tipo
tônico-clônicos (como no mal epilético).
Delirium Tremens – O delirium tremens começa
geralmente de dois a três dias depois da última bebida, mas pode demorar
mais de uma semana para aparecer. Sua intensidade de pico normalmente
alcança quatro a cinco dias da última bebida. Esta condição causa
alterações perigosas na respiração, na circulação e no controle de
temperatura. Pode fazer o coração bater muito rápido ou pode fazer a
pressão sanguínea aumentar dramaticamente; e pode causar desidratação
perigosa. O delirium tremens também pode reduzir temporariamente a
quantidade de fluxo de sangue ao cérebro. Os sintomas podem incluir
confusão mental, desorientação, estupor ou perda de consciência,
comportamento agressivo, convicções irracionais, sudorese, perturbações
do sono e alucinações.
Diagnóstico
A abstinência alcoólica é fácil de se diagnosticar se a pessoa tiver
sintomas típicos que aparecem depois que ela deixa de beber de forma
“pesada”, habitual. Se o paciente tiver uma experiência no passado de
ter tido síndrome de abstinência, é provável que venha a devolver se
novamente interromper a bebida subitamente. Não há nenhum exame
específico que possa ser usado para diagnosticar a síndrome de
abstinência alcoólica.
Se o paciente já teve outros episódios de síndrome de abstinência
alcoólica, significa que ele já consumiu álcool o bastante para ter
danificado outros órgãos. É preciso discutir com o médico sobre este
problema para que ele possa examinar cuidadosamente a pessoa.
Ele irá solicitar exames de sangue para verificar o quanto o álcool
causou lesão ao fígado, ao coração, aos nervos dos pés, às células do
sangue, e ao trato gastrintestinal. Ele irá avaliar a dieta que o
paciente habitualmente consome e irá checar as deficiências de vitamina
que possam existir, pois a desnutrição é comum quando alguém é
dependente do álcool.
Normalmente é difícil para as pessoas que bebem serem completamente
honestas sobre o quanto elas têm bebido. É preciso que a pessoa informe a
história do consumo de álcool para que ela assim possa ser tratada
seguramente da síndrome de abstinência.
Prevenção
O alcoolismo é causado por muitos fatores. Se a pessoa tiver um irmão
ou pai com alcoolismo, ela tem três a quatro vezes mais probabilidade
de desenvolver o alcoolismo que a média da população. Algumas pessoas
com histórias familiares de alcoolismo escolhem se privar de beber, pois
desta forma garantem que o hábito não se desenvolva. Muitas pessoas sem
uma história familiar também desenvolvem alcoolismo. Se a pessoa tem se
preocupado com a quantidade de bebida que tem consumido, ela deve
conversar com seu médico.
Tratamento
Se a pessoa tiver vômitos severos, ataques epiléticos ou Delirium
Tremens, o lugar mais seguro para ela ser tratada é em um hospital. Para
o Delirium Tremens, o tratamento em uma Unidade de Cuidados Intensivos
(UTI) é freqüentemente indicado. Em uma UTI, a freqüência cardíaca, a
pressão sanguínea e a freqüência respiratória serão monitoradas de perto
no caso de ser necessário um suporte de vida de emergência (como
respirar artificialmente por uma máquina).
A maioria das pessoas que consome muito álcool e que estão tendo
síndrome de abstinência tem uma escassez de várias vitaminas e minerais e
podem beneficiar de suplementos nutricionais. Em particular, o abuso do
álcool pode criar uma escassez de folato, de tiamina, de vitamina B12,
de magnésio, de zinco e de fosfato. O álcool também pode causar baixos
níveis de açúcar no sangue.
Recomenda-se que um especialista (psiquiatra) ajude nos cuidados de uma pessoa que está com abstinência alcoólica. Fonte: alcoolismo.com.br
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