"A associação livre é uma ferramenta da psicanálise criada pelo próprio pai deste campo clínico, Sigmund Freud"
Consiste em convidar o paciente a expressar tudo aquilo que passe pela
sua mente durante uma sessão de terapia. A intenção é que haja o menor
número de filtros possível ou de preconceito entre o que o paciente
pensa e o que ele diz ao terapeuta.
A associação livre tem seus fundamentos teóricos, assim como toda uma técnica. Há formas específicas de aplicação e também objetivos. É a técnica primordial da psicanálise utilizada em diversos contextos. Um deles é a aplicação de testes projetivos, como o teste de Rorschach e o teste de a percepção temática (TAT).
História da associação livre
Sigmund Freud desenvolveu e foi aperfeiçoando esse conceito ao longo
do tempo. Isso se deu entre os anos de 1892 e 1898. Freud foi
substituindo progressivamente o método da hipnose
e o método catártico – que utilizava no início – pela associação livre.
Essa evolução foi motivada por um objetivo muito concreto: evitar que o
paciente fosse sugestionado.
A partir de uma intervenção com uma de suas pacientes, a senhora Emmy
Von N, em 1982, Freud começou a criar o método da associação livre. Essa paciente pediu diretamente a Freud que ele parasse de intervir em seu discurso, e que a deixasse falar livremente.
Posteriormente, em sua obra “O método psicanalítico” de 1904, Freud explica as razões pelas quais teria abandonado a hipnose. A partir dos trabalhos de Breuer, outro psicanalista, Freud se dá conta de que a hipnose produzia resultados apenas parciais e transitórios.
Ao contrário, o método da associação livre suprimia as resistências do paciente. Desse modo, o acesso ao material inconsciente, como as lembranças, afetos e e representações, era muito mais confiável.
Além disso, os efeitos alcançados pela associação livre eram
permanentes, com a vantagem de não colocar ninguém sob efeito da
hipnose. Dessa forma, o método catártico e hipnótico foi definitivamente
substituído pela associação livre. Esta se converteu na regra
fundamental e meio privilegiado de acesso e investigação do
inconsciente.
Fundamentos teóricos da associação livre

Precisamente, no contexto analítico essas falhas são entendidas como uma manifestação do inconsciente.
É como se, de algum modo, o conteúdo ultrapassasse a barreira defensiva
do inconsciente da pessoa. Algo parecido acontece com a associação
livre.
O paciente, ao se ver liberado pelo terapeuta de qualquer controle,
de necessidade de disciplina e de dar um sentido lógico a suas ideias,
cai no cenário perfeito para se deixar levar pelo inconsciente. Este
adquire força, chega à mente, e se expressa na linguagem. A barreira defensiva, as resistências, são enfraquecidas, e é possível então ter acesso ao conteúdo inconsciente.
Para Freud, expor as resistências e então analisá-las é completamente essencial para alcançar o inconsciente e a cura.
Isso só acontece por meio da associação livre. Junto à associação
livre, a interpretação dos sonhos e a análise de outros atos falhos são
as três técnicas essenciais da clínica analítica. Sendo assim, a
associação livre se torna imprescindível, tanto que para Freud é a
técnica que mais identifica a psicanálise. É a técnica que a diferencia de forma mais marcante de outras abordagens terapêuticas.
Como acontece a associação livre?
A associação livre pode surgir espontaneamente ou ser induzida a partir de um sonho, fantasia ou qualquer outro pensamento. Para que ela ocorra, no entanto, e para que realmente se configure como uma associação livre, são necessárias algumas condições.
Uma delas é que haja uma confiança na relação com o analista. Na
psicanálise, essa confiança é chamada de transferência. Outra condição é
que se tenha compreendido que o discurso analítico está em um lugar
diferente do que uma simples conversa habitual fora do contexto da
consulta. Nada do que é dito numa sessão será julgado, nada está certo
ou errado. Tudo que é falado é válido.
No momento em que o paciente se deixa levar por seus pensamentos e
consegue expressá-los abertamente com seu analista, o inconsciente se
expressa. As representações inconscientes afloram, são permitidas, e podem então ser analisadas, interpretadas e trabalhadas.
Obtendo acesso ao material inconsciente, é possível elaborá-lo de
maneira consciente. O objetivo dessa elaboração é que o conteúdo deixe
de ser uma fonte de mal-estar ou de conflito.
Como facilitar a associação livre?
Podemos concluir que a associação livre surgirá com mais facilidade
se o paciente se sente cômodo tanto no espaço analítico quanto com seu
analista. Deve haver também a menor estimulação possível pelo ambiente
que o rodeia. Classicamente, usa-se o divã para tanto. Nele, o paciente se encosta e o analista fica fora de seu campo de visão, evitando assim que o paciente se sinta observado, julgado, e possa então se concentrar completamente em suas associações.
O enunciado que o analista dá para o paciente é muito simples. Por
exemplo: “diga qualquer coisa”. Ou: “diga tudo o que surgir na sua
mente, como uma imagem ou qualquer lembrança que se apresente”. A partir
daí, o paciente tem absoluta liberdade para expressar tudo aquilo que
passe por sua mente. Ele não deve se preocupar em fazer um discurso elaborado ou em agradar seu analista.
Finalmente, a prática de uma boa associação livre permitirá uma análise
que renda muitos frutos e, em última instância, uma melhora subjetiva
do estado do paciente.
Por que a hipnose foi abandonada por Freud?
Com a hipnose, alcançava-se sim o material inconsciente. O problema era que, na maioria das vezes, quando o paciente saía do estado hipnótico, ele não se lembrava conscientemente do que havia dito.
Desse modo, voltavam para o jogo de resistências. O resultado era a
palavra do analista contra a palavra do paciente, criando assim um
embate.
Por outro lado, como a associação livre acontecia em um estado de
plena consciência, esse embate não era criado. Não restava opção ao
paciente senão incorporar o falado e tentar lidar com aquilo que havia
dito e que chamou a atenção do analista.
Sob o estado hipnótico o material inconsciente era acessado, mas
novamente reprimido após o término da hipnose, e o paciente poderia
duvidar do analista. Com a resistência novamente agindo, isso
provavelmente aconteceria. Isso dificultava muito o trabalho do analista e colocava a transferência entre o paciente e o terapeuta em perigo. Fonte: amenteemaravilhosa.com.br
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