"Trata-se de doença que acomete o intestino grosso (cólon e reto).
Caracteriza-se por inflamação da camada superficial do intestino chamada
de mucosa"
A doença não tem causa definida, portanto não há tratamento
específico para sua cura. No entanto, é passível de controle através de
medicamentos. É associada a vários fatores, tendo por base um componente
hereditário e imunológico importantes. Afeta geralmente pessoas jovens,
manifestando-se por diarreia com sangue vivo nas fezes.
Quando acomete apenas o reto é chamada proctite e nesse caso costuma
se manifestar por prisão de ventre com sangramento, às vezes confundida
com hemorroida pelo paciente. É denominada de colite esquerda quando
atinge o cólon esquerdo e pancolite ou colite extensa quando chega ou
ultrapassa o cólon transverso. Eventualmente pode comprometer também a
parte final do íleo terminal. A inflamação tem características próprias e
uma biópsia é obrigatória para diagnóstico
diferencial, pela necessidade de se afastar outras entidades que cursam
com inflamação intestinal, tais como as colites causadas por bactérias,
vírus e parasitas.
Sinais e sintomas
Os pacientes apresentam diarreia crônica com sangue, sendo comum a
anemia, frequentemente sem febre. O diagnóstico se confirma por exclusão
de doenças com causas tratáveis. Uma retosigmoidoscopia com biópsia é sempre obrigatória.
A colonoscopia ajuda no diagnóstico e
especialmente no rastreamento da displasia e do câncer colorretal nos
casos com mais de 7 anos de doença. A incidência de câncer colorretal é
maior na doença extensa ou mais grave, assim como nos casos que possuem
parentes com câncer de cólon.
A colite ulcerativa também cursa com manifestações em outros órgãos
como os olhos, as articulações, a pele, as vias biliares e o fígado.
Particularmente importante é a espondilite anquilosante que acarreta
rigidez com imobilidade quase total da coluna.
Tratamento clínico
O tratamento em princípio é clínico, por longo período ou por toda a
vida. Medicamentos específicos para controle da inflamação intestinal,
tais como sulfasalazina, imunossupressores e/ou
imunomoduladores também são prescritos. Se ainda assim a doença continua
rebelde, o próximo passo é a introdução de medicamentos chamados
biológicos, tendo como o primeiro da lista o infliximabe, feito em
regime de hospital-dia (curta internação) programado.
Quando operar a colite ulcerativa?
As indicações são claras. Nos casos em que não se consegue controlar a
doença, mesmo com o melhor do tratamento clínico e, eventualmente, na
criança que não responde aos medicamentos, agravado pela parada do
crescimento. Nos casos que ao longo dos anos desenvolvem displasia ou
câncer no cólon. Nos pacientes portadores de cirrose biliar, provocada
pela colangite esclerosante, e que vai se submeter a transplante
hepático, pode ser indicado retirar o cólon antes como profilaxia para
câncer, pois viverá dependente de imunossupressores em grandes doses, o
que pode facilitar o surgimento da neoplasia no intestino grosso. Outras
indicações para o tratamento cirúrgico são condições agudas como a
hemorragia maciça, a perfuração ou infecção. Nestes casos é possível
haver a necessidade de remover o cólon de urgência. O megacólon
tóxico é um quadro grave que se manifesta com infecção descontrolada.
Neste caso, se não houver resposta ao tratamento clínico intensivo a
cirurgia é a única opção salvadora. Nestas duas condições pode ser
indicado o uso de potentes medicamentos imunossupressores, a exemplo da
ciclosporina.
Quais as cirurgias mais comuns?
Quando não é possível controlar a inflamação com medicações, a
cirurgia é programada antes que sobrevenha um problema maior ou
complicação como a hemorragia, perfuração ou infecção. A cirurgia ideal
nestes casos é retirada total dos cólons e do reto sendo colocado o
intestino delgado (íleo) para funcionar na parede abdominal (ileostomia definitiva).
Entretanto, uma técnica possibilita a reconstrução do trânsito intestinal através da confecção de um reservatório ileal (bolsa ileal) que
permite que o paciente volte a evacuar pelo ânus. Esta não é uma
operação fácil, sendo aconselhável a presença de um especialista em
coloproctologia. Alguns fatores de ordem técnica podem impedir a
efetivação desta reconstrução intestinal. A técnica com bolsa ileal pode
também apresentar alguns contratempos ao longo dos anos, como
inflamação local chamada de bolsite, que necessitam de especialistas
para acompanhá-las.
Nos casos em que se utiliza a técnica de reconstrução do trânsito intestinal
é comum que seja realizada uma ileostomia temporária com a intenção de
assegurar uma melhor cicatrização dos pontos de sutura no intestino
delgado com o reto ou ânus. Alguns casos raros que evoluem com
inflamação da bolsa ileal (bolsite) podem exigir uma nova operação para
retirada da mesma. Nestes casos o paciente permanecerá com ileostomia
definitiva. Estas cirurgias estão indicadas para os quadros mais
difíceis ou graves, livrando os pacientes de uma cirúrgica de urgência,
de complicações sérias que colocam sua vida em risco, ou mesmo do câncer
intestinal. Fonte: portaldacoloproctologia.com.br
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