"A morte de uma pessoa amada é considerada uma das experiências mais
difíceis de serem superadas, individualmente e pelo núcleo familiar"
A
dor gerada pelo rompimento de um vínculo afetivo produz a necessidade de
reorganização em uma nova realidade a ser experimentada sem a pessoa
que morreu.
Frente a uma perda é
desencadeado o chamado processo de luto, que pode se evidenciar de
diferentes formas e intensidades, conforme o vínculo e o significado de
quem nos deixou.
O luto se manifesta por meio de uma série
de reações que envolvem respostas emocionais (sentimentos de tristeza,
culpa, raiva, autocensura, ansiedade, saudade), cognitivas (pensamentos
de descrença, confusão, preocupação) e comportamentais (distúrbios do
sono, do apetite, isolamento social, agitação, choro, evitação de
lembranças).
Comportamentos podem contribuir para lidar com o luto
No contexto atual, algumas ações que
atuam como facilitadoras para o luto, como acompanhar a pessoa em seus
últimos dias, ter a sensação de que fez tudo que podia e realizar os
rituais formais de despedida, ficaram comprometidas. O distanciamento
físico, as perdas secundárias e a dificuldade para receber apoio
podem tornar este processo mais doloroso e as reações podem se
intensificar, exigindo maior atenção do enlutado e sua família.
No entanto, alguns comportamentos podem auxiliar a lidar com as perdas. Confira:
1) Acolha suas emoções e as observe
Após uma perda é esperado que sentimentos como medo, tristeza, culpa,
raiva e insegurança sejam potencializados e, com isso, alguns
comportamentos se evidenciem, como o desejo de ficar só e a sensação de
falta de energia ou de motivação, por exemplo. É importante observar
que, durante o período de luto, suas emoções são respostas às mudanças
ocorridas a partir da falta que a pessoa faz em sua vida. Procure
acolher seus sentimentos, sem evitá-los ou suprimi-los.
Procure não se cobrar ou exigir de outros familiares e amigos que as
mesmas emoções sejam expressas de igual maneira, pois cada pessoa acessa
e demonstra seus sentimentos de forma diferente. Lembre-se que o
luto necessita de um período para ser vivido, mas que com o passar do
tempo a dor da perda poderá se transformar em saudade.
2) Fortaleça o contato com as pessoas significativas, construindo uma rede de apoio
As relações com pessoas afetivamente significativas são uma
importante fonte de suporte emocional. Reforçar as estratégias de
contato virtual, aumentando sua frequência, não substitui a relação
presencial, mas minimiza a tendência ao isolamento, uma reação
que, aliada a tristeza e ao desânimo, pode potencializar o afastamento e
o sofrimento.
Manter contato com pessoas com quem você se sente confortável para
falar sobre sua experiência e pedir auxílio nas atividades cotidianas
que estão mais difíceis de serem realizadas são algumas das estratégias
que podem ser utilizadas para que você se sinta acolhido/a.
3) Estabeleça novas rotinas, no seu tempo
Construir novas rotinas, preferencialmente que contemplem períodos de
atividade mais organizadas (trabalho e estudos) e períodos de descanso e
relaxamento, pode contribuir para que você se reestabeleça. Você também
pode buscar diversificar as atividades, identificando novas
possibilidades de interesse e desenvolvimento de habilidades que gerem
satisfação e prazer. Fazer um planejamento objetivo dessas atividades
permite que elas sejam “concretizadas” no papel, o que facilita a
implementação prática.
Para algumas pessoas, a retomada das atividades pode ocorrer de forma
mais rápida, como uma maneira de se conectar com outras pessoas e se
ocupar de modo saudável, mas há quem necessite de um tempo maior para
isso. Entenda seu próprio tempo e não se culpe.
4) Cuide da saúde física, mental e espiritual
Durante o processo de luto, há a necessidade de ampliar o
autocuidado, pois os impactos produzidos pela perda podem fazer com que
sejam alterados hábitos como sono, alimentação e cuidado na manutenção
de tratamentos de saúde prolongados. A saúde mental também pode ser
afetada, pois o sofrimento desencadeado pode levar ao uso de respostas
não adaptativas e à busca de estratégias pouco saudáveis. A
identificação e realização de atividades que gerem bem-estar e
satisfação podem ser utilizadas e incrementadas conforme o interesse do
enlutado.
Algumas pessoas podem encontrar esta sensação de bem-estar, mesmo que
de maneira temporária, na leitura de um livro, na música, em uma
caminhada, em uma conversa com alguém, na pintura, entre outras. A
espiritualidade também pode exercer uma função significativa de conforto
e proteção nestes momentos. É importante assinalar que cada pessoa deve
se observar e descobrir qual ou quais estratégias respondem melhor a
sua necessidade e estão de acordo com seus valores e crenças.
5) Busque ajuda
Busque ajuda caso perceba que seu sofrimento está muito intenso, se
prolongando ou mesmo impedindo que consiga manter suas atividades,
causando muito impacto na sua vida e em suas relações. Outro sinal de
que é preciso buscar suporte emocional pode surgir quando as pessoas a
sua volta sinalizam que estão preocupadas com sua saúde mental. Esses
sinais podem significar que as perdas vivenciadas neste período estejam
lhe sobrecarregando e, neste caso, pode ser necessário o auxílio de um
profissional qualificado para não haver agravamento das dificuldades. Fonte: https://portal.pucrs.br
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