"Você já ouviu falar em anorexia masculina ou Síndrome de Adônis? Esses são alguns dos nomes que a vigorexia já teve"
Apesar de não constar nos manuais de diagnóstico psiquiátrico, pacientes com quadro de vigorexia são atendidos com frequência por médicos especializados em transtornos alimentares. Mas, afinal, o que é isso? Eduardo W. Aratangy, do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP, explica que a vigorexia é um quadro no qual o paciente tem obsessão por um corpo forte e atlético, sempre sentindo que nunca está suficientemente forte.

O psiquiatra explica que pessoas jovens são um grupo de maior risco para surgimento da vigorexia. “A gente está inserido em um contexto cultural muito reforçador de comportamentos ligados à ideia de que um corpo bonito define a pessoa e os adolescentes são muito permeáveis a esse tipo de raciocínio”. Ele explica que a atividade física em crianças e adolescentes é comprovadamente muito saudável, desde que ela seja uma atividade de lazer que contribua para a qualidade de vida do indivíduo. “A partir do momento em que fazer exercício se torna um sofrimento ou que o indivíduo começa a abrir mão de suas atividades prazerosas em nome desse ideal estético, aí começa a virar doença”, esclarece Aratangy.
Profissões que exijam uma maior preocupação com o corpo, como as áreas da moda, da nutrição ou da educação física, podem desencadear vigorexia. Apesar de o quadro ter sido originalmente descrito em fisiculturistas, Aratangy explica que apenas uma pequena parte deles desenvolve o transtorno. “A maioria dos fisiculturistas sabe que a vida não pode ser definida apenas por ter um corpo físico forte. Os fisiculturistas com vigorexia, por outro lado, podem ter a musculatura extremamente definida e ainda não conseguirem se ver como fortes: buscam um alvo inatingível”, define o médico.
Para diferenciar indivíduos saudáveis daqueles que podem ter o quadro de vigorexia, Aratangy dá duas dicas: “O primeiro critério para separar o normal excessivo do patológico sutil é quando a prática traz disfuncionalidade, ou seja, quando o paciente deixa de executar funções sociais, relacionais, profissionais e fisiológicas que ele sempre executou antes. O segundo critério é quando a pessoa está sofrendo, quando aquilo não lhe dá mais prazer”. Em mulheres, a vigorexia pode se manifestar na forma de dependência de atividade física, cuja interrupção abrupta pode, inclusive, trazer sintomas de abstinência, como irritabilidade, insônia, oscilação de humor e perda de apetite.
O tratamento para vigorexia é geralmente feito com uma equipe multiprofissional que inclui médico psiquiatra, outras especialidades médicas (como nutrólogo ou ortopedista), nutricionista, psicólogo, educador físico e outros profissionais da saúde que possam contribuir para a recuperação da saúde do indivíduo. O objetivo do tratamento é fazer com que a pessoa volte a realizar as atividade que havia interrompido ou diminuído devido ao quadro de vigorexia. Além disso, o cuidado com a saúde deve passar a ser algo prazeroso, e não apenas uma obrigação que traz alívio. Fonte: saudedamente.com.br
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