"Você já deve ter ouvido falar de casos de pessoas com
múltiplas personalidades, não é mesmo? "
Na verdade, o problema é
conhecido como transtorno dissociativo de identidade e
se trata de uma condição bastante séria na qual os pacientes contam com
duas ou mais personalidades distintas que, ocasionalmente, afloram e
inclusive assumem o controle no lugar da personalidade principal.
Com isso, é comum que as pessoas que sofrem com o problema tenham
lapsos de memória e apresentem profundas variações de comportamento — e
se vejam envolvidas em situações das quais elas não têm conhecimento. A
condição quase sempre surge devido a traumas vividos pelo paciente, e
ocorre porque o indivíduo se “dissocia” como forma de lidar com a
situação. Veja a seguir alguns dos casos mais famosos e fascinantes de
múltiplas personalidades:
1 – Louis Vivet
O caso do francês Louis Vivet foi um dos primeiros de múltipla
personalidade a ser documentado, isso no século 19. Filho de uma
prostituta, Vivet teve uma infância bastante difícil e, aos 8 anos de
idade, já se dedicava a cometer pequenos crimes para sobreviver. O
menino acabou sendo preso e ficou até o final da adolescência em uma
instituição.
Ao ser posto em liberdade, um evento mudou drasticamente sua vida. Aos 17 anos, certo dia, enquanto
trabalhava em uma vinícola, uma víbora se enrolou em seu braço. Apesar
de Vivet não ter sido picado, o incidente o aterrorizou tanto que, além
de sofrer convulsões, ele ficou paralisado da cintura para baixo. O
francês acabou sendo enviado para viver em um hospício e só voltou a
andar um ano depois.
Contudo, quando isso aconteceu, Vivet era incapaz de reconhecer as
pessoas com quem ele convivia na instituição, sua personalidade se
tornou sombria e até seu apetite sofreu alterações. Algum tempo depois, o
francês recebeu alta do hospício, mas continuou um frequentador
habitual de hospitais mentais e, em determinado momento, foi
diagnosticado com transtorno dissociativo de identidade.
Ele foi submetido a diversos tratamentos, como a hipnose e a
metaloterapia — que consiste no posicionamento de metais e ímãs em
determinadas partes do corpo —, e um dos médicos que tratou Vivet
descobriu que ele contava com cerca de 10 personalidades distintas —
cada uma com características e contextos diferentes. No entanto,
especialistas mais tarde determinaram que ele provavelmente tinha
"apenas" três delas.
2 – Robert Oxnam
Oxnam é um famoso estudioso norte-americano especializado na cultura
chinesa que chegou a acompanhar figurões como Bill Gates, Warren Buffett
e George W. Bush em viagens pela China. Portanto, não é de se estranhar
que a notícia de que ele sofria de transtorno dissociativo de
identidade tenha se tornado bastante pública.
Na realidade, após passar vários anos sofrendo com problemas
mentais, Oxnam primeiro foi diagnosticado com alcoolismo, mas a coisa
mudou durante uma de suas sessões de terapia. Nessa ocasião, uma das
personalidades de Oxnam, um garoto agressivo chamado Tommy e que vivia
em um castelo, aflorou e conversou com o psiquiatra.
Depois disso, o especialista descobriu que o norte-americano contava
com 11 personalidades diferentes — e após vários anos de tratamento, o
médico e Oxnam conseguiram limitar o número a apenas três.
As experiências de Oxnam se transformaram em um livro — “A
Fractured Mind” ou “Uma Mente Fragmentada” em tradução livre — e,
atualmente, até onde se sabe, Oxnam convive com Bobby, um jovem meio
confuso e aventureiro que adora andar de patins, Robert, que é a
personalidade central, e Wanda, que, no início das terapias se
apresentava como a bruxa, mas que hoje adotou uma postura mais zen e está mais voltada ao budismo.
3 – Billy Milligan
Na década de 70, ao longo de pouco menos de duas semanas, três
mulheres foram sequestradas, roubadas e violentadas próximo à
Universidade Estadual de Ohio, nos EUA. O mais intrigante é que,
enquanto uma disse ter sido atacada por um homem com sotaque alemão,
outra delas contou que — apesar dos pesares — o cara até parecia ser uma
pessoa bacana (!).
As investigações revelaram que os três crimes haviam sido cometidos
por uma única pessoa — um rapaz de 22 anos chamado Billy Milligan. O
mais interessante é que a avaliação psiquiátrica apontou que Milligan,
na verdade, tinha 24 personalidades diferentes e quando ele cometeu os
crimes, duas delas estavam no controle, um iugoslavo chamado Ragen e uma
lésbica de nome Adalana.
Com o diagnóstico em mãos, a defesa de Milligan alegou que o rapaz
não tinha cometido os crimes, mas sim suas personalidades, e ele se
tornou o primeiro norte-americano da História a ser absolvido em um
julgamento por conta do transtorno dissociativo de identidade.
Entretanto, isso não o livrou de passar vários anos confinado em uma
instituição mental e só ser liberado depois de os psiquiatras se
convencerem de que todas as personalidades haviam se fundido.
Billy Milligan faleceu há um ano, aos 59 anos de idade, e seu curioso
caso se transformou em um livro. Aliás, a história vai ser levada para
as telonas em breve — com Leonardo DiCaprio no papel do rapaz com
múltiplas personalidades.
4 – Chris Costner Sizemore
A história de Chris Costner Sizemore também se transformou em livro
e, depois, em filme, e inclusive rendeu um Oscar de melhor atriz a
Joanne Woodward, que interpretou a personagem em 1957. Os problemas de
Chris começaram quando ela tinha dois anos de idade e assistiu à
retirada de um homem, que ela pensava estar morto, de uma vala. O
episódio a traumatizou profundamente, e ela disse se lembrar de ver
outra garotinha assistindo ao resgate.
Depois disso, a família começou a notar alterações no comportamento
da menina, e com frequência ela se metia em confusões por coisas das
quais ela não se lembrava. No entanto, Chris só procurou ajuda após o
nascimento de sua primeira filha — quando uma de suas personalidades,
uma mulher chamada “Eva Black”, tentou estrangular o bebê, e só não
conseguiu graças à intervenção de “Eva White”, outra das personalidades
dela.
Chris começou a se tratar com um psiquiatra que a dignosticou com
transtorno dissociativo de identidade e, durante o tratamento, ela
acabou revelando uma terceira identidade, chamada Jane. Nos 25 anos
seguintes, Chris continuou se tratando com uma série de especialistas e,
em dado momento, chegou a desenvolver 22 personalidades distintas —
cada uma com um comportamento bem diferente da outra.
Por fim, em meados da década de 70, depois de vários anos de terapia,
as personalidades de Chris se fundiram em uma só — e sua história, como
já comentamos, se transformou em um best seller e, depois, no aclamado longa chamado “As Três Máscaras de Eva”.
5 – Truddi Chase
Após viver uma infância repleta de abusos e violência e sofrer as
consequências de uma vida adulta estressante, Truddi Chase resolveu
procurar a ajuda de um psiquiatra — que descobriu que ela tinha nada
menos do que 92 personalidades diferentes! A mais jovem delas era a de
uma menina entre 5 e 6 anos de idade, enquanto a mais velha era a de um
poeta e filósofo irlandês chamado Ean e que tinha mil anos.
Por sorte, embora todas as personalidades aparentemente tivessem
consciência da existência umas das outras, elas se entendiam bem e não
entravam em conflito. Além disso, apesar de Truddi fazer terapia com um
psiquiatra, ela decidiu que não queria integrar sua "tropa" de
personalidades e fundi-las em uma só.
A história de Truddi se transformou em um dos mais famosos casos de
transtorno dissociativo de identidade do mundo, e ela escreveu uma
autobiografia chamada “When Rabbit Howls”, na qual contou suas
experiências. Aliás, Truddi inspirou a criação da personagem Crazy Jane,
da Patrulha do Destino (da DC Comics), de Grant Morrison — uma paciente
mental cujas múltiplas personalidades contavam com superpoderes
específicos. Fonte: List Verse / Robert Grimminck / WebMD / Psychology Today / Mega Curioso
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