"Enurese noturna é um distúrbio que se caracteriza pela perda 
involuntária de urina durante o sono, pelo menos duas vezes por semana, 
em crianças a partir dos 5 anos idade, que não apresentam nenhum 
problema orgânico no sistema urinário" 
Essa condição, conhecida 
popularmente como “xixi na cama”, acomete cerca de 15% das crianças por 
volta dos 5 anos; 7%, aos 10 anos e 3%, aos 12 anos. A incidência é 
maior nos meninos do que nas meninas.
Sob determinadas circunstâncias, numa minoria de casos, episódios de 
perda de urina podem ocorrer na adolescência e na vida adulta enquanto a
 pessoa dorme. 
A enurese noturna nas crianças pode ser classificada em:
1 – Enurese noturna primária – quando a criança com cinco anos ou 
mais nunca  apresentou um período prolongado de controle da urina 
durante o sono.
2 – Enurese noturna secundária – quando, sem causa aparente, a 
criança volta a fazer xixi na cama depois de ter passado seis meses, no 
mínimo, sem molhar a cama. Neste caso, parece estar associada a 
acontecimentos sociais e familiares estressantes. 
Causas
Vários fatores podem influenciar a perda de urina durante o sono depois dos cinco anos de idade. Entre eles, podemos destacar:
1) retardo na maturação neurológica, responsável pelo controle dos esfíncteres;
2) baixa concentração do hormônio antidiurético vasopressina durante a
 noite, o que faz o volume de urina ser maior do que a capacidade de 
armazená-la na bexiga;
3) sono tão pesado que impede a criança de responder ao sinal de bexiga cheia;
4) hereditariedade: o risco de a criança desenvolver o distúrbio 
aumenta em 40% se um dos pais apresentou enurese na infância. Se ambos 
apresentaram, a probabilidade sobe para 80%.
Diagnóstico
Quando o xixi na cama é o único sintoma (enurese monossintomática 
primária e secundária), o diagnóstico da enurese noturna leva em conta o
 histórico do paciente, o exame clinico e os antecedentes familiares.
Havendo sintomas que possam sugerir comprometimento neurológico, do 
sistema urinário e do funcionamento dos intestinos ou, ainda, doenças, 
como diabetes e apneia obstrutiva do sono,
 por exemplo, (enurese não monossintomática), exames laboratoriais e de 
imagem são úteis para estabelecer o diagnóstico diferencial e orientar o
 tratamento.
Tratamento
As opções de tratamento variam de acordo com as características e 
necessidades de cada paciente. Como a criança pode adquirir 
espontaneamente o controle da micção, alguns pais preferem dar tempo 
para que isso aconteça, desde que seja não exista uma causa orgânica 
para o problema.
A vantagem do tratamento é que ele acelera o processo de cura, uma 
vez que o fato de fazer xixi na cama depois dos 5 anos pode representar 
um golpe duro na autoestima da criança. Em muitos casos, ela se torna 
arredia, não aceita convites dos amigos para dormir fora de casa, não 
viaja com os colegas da escola.  A enurese noturna pode até interferir 
negativamente em seu desempenho escolar.
O primeiro recurso para o tratamento da enurese é instituir mudanças 
nos hábitos de vida, como evitar ingerir líquidos antes de dormir, assim
 como evitar alimentos ácidos que possam irritar a bexiga ou aqueles que
 retardam o funcionamento dos intestinos.
Adultos que interagem com a criança devem ter sempre em mente que 
ninguém faz xixi na cama porque quer. Portanto, críticas e castigos só 
agravam a situação. Em vez disso, essas crianças precisam de estímulo, 
reconhecimento e reforço positivo, quando a roupa de cama amanhece seca.
Outro recurso terapêutico é o uso de alarmes. Eles funcionam da 
seguinte maneira: à noite,  colocam-se um sensor próximo aos genitais e 
um alarme sonoro preso na roupa na altura do ombro. Ao primeiro sinal de
 perda de urina, o alarme dispara, a criança acorda e vai ao banheiro 
fazer xixi. Além dos bons resultados que oferece, a vantagem desse 
aparelho é que está isento de contraindicações e de efeitos colaterais.
Alguns medicamentos promovem bons resultados no controle a enurese 
noturna, porque ajudam a reduzir a produção de urina. No entanto, só 
devem ser prescritos pelo médico que acompanha o paciente por causa dos 
efeitos adversos que podem promover.
Recomendações
1) Faça seu filho beber bastante água durante o dia para que seu cérebro comece a reconhecer a sensação de bexiga cheia, mas evite que ingira líquidos à noite, nem mesmo aquele copinho de leite;
2) Insista para que fazer xixi seja o último compromisso da criança antes de ir para cama e o primeiro ao levantar-se;
3) Fique atento: merece cuidados especiais a criança que volta a 
fazer xixi na cama, depois de superada essa fase. Ela pode estar 
emocionalmente insegurança por causa do nascimento de um irmão, 
problemas na escola ou conflitos na família.
Observação importante:
Existem centros de apoio gratuitos para o tratamento da enurese espalhados pelo Brasil. Fonte: Drauzio Varella 
 




 
 
 


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