"Conhecido como um mal que tem como alvo as mulheres, o câncer de mama
também pode castigar os homens"
Mais raro entre o sexo masculino, a
doença atinge 1 homem para cada 100 mulheres.
Diferentemente de muitos
casos entre a população feminina, a doença é detectada na maior parte
das vezes em estágio avançado. O principal motivo, apontam
especialistas, é o preconceito e a falta de conscientização sobre a
importância de exames de rotina. O que para o homem passa desapercebido
por ser um carocinho indolor na auréola (região entorno do mamilo) pode
ser o início de um tumor onde o tecido mamário se concentra, podendo
causar coceira e irritação.
A incidência do câncer de mama é mais comum em homens acima dos 35 anos
de idade e pode aumentar conforme a idade avança. Apesar de ter pontos
em comum com a doença que atinge as mulheres, como histórico familiar
correspondente, no homem a doença está mais ligada a fatores hormonais e
pode ser desenvolvida a partir de uma dieta rica em gorduras ou mesmo o
excesso de álcool ingerido, explicou o mastologista Dr. Ruffo de
Freitas Jr., diretor da Escola Brasileira de Mastologia da SBM
(Sociedade Brasileira de Mastologia):
— Por ser um tumor menos frequente, os fatores de risco no câncer de
mama masculino são menos conhecidos. Sabemos, no entanto, que alterações
hormonais nos homens elevam as chances de se ter a doença.
O especialista explicou que dentre as alterações que podem levar a uma
mudança de hormônios no corpo do homem estão a ginecomastia (aumento do
tecido mamário nos homens), alterações no fígado ou mesmo aumento de
peso, já que as células gordurosas produzem hormônios femininos, como
estrogênio.
Além dos riscos acarretados pela alimentação e ingestão de bebida
alcoólica, o uso de anabolizantes por frequentadores de academia de
musculação ou mesmo de hormônios por transexuais também são fatores
importantes, afirmou o mastologista:
— Quem usa corre um risco bem maior e tem em torno de três a quatro
vezes mais chance de ter câncer de mama do que aqueles que não usam.
Os fatores envolvendo o câncer de mama em homens acarretada pelo aumento
de hormônios femininos podem ser também de ordem endógena, ou seja,
resultante de fatores internos do organismo. É o caso da síndrome de
Klinefelter, representada pelo aumento das mamas em homens, redução dos
níveis de testosterona e aumento das gonadotrofinas. Em pessoas que têm a
síndrome, o risco de câncer de mama é de 20 a 50 vezes maior do que em
aqueles que não têm a doença.
Diagnóstico
Assim como as mulheres, os homens também podem se autoexaminar como
forma de rastrear alguma irregularidade na mama. O oncologista Dr.
Anderson Silvestrini, presidente da SBOC (Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica), explicou que para os homens essa prática é ainda
mais simples do que para a população feminina:
— Como o homem tem pouca glândula mamária, fica ainda mais fácil notar
qualquer nódulo que apareça. Apalpando a própria glândula ele consegue
notar se há alguma diferença para, então, procurar um mastologista que
possa solicitar exames como mamografia ou biópsia.
Além de eventuais carocinhos, os homens devem ficar atentos também a vermelhidões ou mesmo dores na região da mama.
O oncologista alertou ainda para o risco causado pelo fato de muitos homens desconhecerem que também podem ter a doença.
— Em geral, vemos que os homens se preocupam menos com a saúde deles do
que as mulheres. Isso é um ponto para ficarmos em alerta.
O tratamento do câncer de mama em homens é semelhante ao das mulheres.
Depois do autoexame e da mamografia, faz-se a cirurgia para retirada da
mama de acordo com o estágio em que se encontra a doença e, quando
necessário, complementa-se com quimioterapia ou radioterapia.
As dicas de prevenção que os médicos dão para os homens são: praticar
atividade física regularmente, ter uma alimentação equilibrada com pouca
gordura e reduzir o consumo de bebida alcoólica. Vencer o preconceito e
fazer o autoexame também entra na lista de ações para prevenir o
desenvolvimento da doença. Fonte: R7
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