"Se você tem dificuldade para falar “não” ou se fica com sentimento de
culpa quando precisa recusar um pedido de favor, este texto é para
você"
Durante os últimos meses, um dos maiores aprendizados que tive foi
começar a dizer “não” para todas as situações desconfortáveis ou que me
fariam sacrificar prioridades.
Para conseguir escrever este texto, por exemplo, precisei de falar
“não”. Antes de abrir o editor de texto, recebi a ligação de um
conhecido que tinha uma “oportunidade imperdível” e queria me fazer uma
apresentação. Uma simples reunião dessas poderia facilmente me roubar de
15 a 20 minutos. Por isso, disse que estava ocupado e pedi que me
enviasse os detalhes por email. Dessa forma, levo apenas 1 ou 2 minutos
para decidir se tenho interesse na proposta.
Se eu tivesse recebido essa ligação há um tempo atrás, minha resposta
teria sido completamente diferente. Eu provavelmente diria sim e faria a
reunião imediatamente, mesmo sabendo que provavelmente seria uma perda
de tempo. Meus pais me ensinaram que eu devo ser generoso, atencioso,
sempre ajudar as pessoas, fazer favores. Logo, recusar um convite ou
pedido de ajuda é o mesmo que ser mal educado, rude e até mesmo egoísta.
Claro que eu não quero ser esse tipo de pessoa! Por isso, não é difícil
entender porque eu acabei me tornando o cara “bonzinho”, que diz “sim”
para tudo. Mas ao agir assim eu estava criando um grande problema.
Por que você deve aprender a dizer “não”?
É simplesmente impossível agradar a todas as pessoas. Sempre ceder
aos desejos e vontades dos outros é a forma mais fácil de deixar de lado
nossas próprias necessidades. Quando dizemos “sim” para os outros,
pagamos um preço por isso.
“Seu tempo é limitado, então não o desperdice vivendo a vida de outra pessoa… Não deixe o ruído da opinião dos outros abafar a sua voz interior.” —Steve Jobs
Talvez esse preço seja ficar até mais tarde no escritório, faltar ao
treino da academia, passar menos tempo com quem amamos ou perder uma
noite de sono para conseguir “encaixar” o imprevisto. Muitas vezes
quando nos esforçamos para agradar aos outros estamos sacrificando
nossos próprios interesses.
Não importa se te dizem que são apenas “5 minutinhos”. No fundo
sabemos que isso quase nunca é verdade. Aqueles inofensivos minutinhos
rapidamente se transformam em chateação, atrasos ou perda de foco no que
realmente é importante.
Por que é tão difícil dizer “não”?
Mesmo sabendo que já estamos com a agenda cheia e que concordar com
um pedido irá nos sobrecarregar, temos dificuldades para falar “não”.
Seguem os principais motivos para isso.
Você quer ajudar: nós gostamos de ajudar os outros.
Se alguém nos procura pedindo um favor ou um tempo, queremos ser legais,
mesmo se já estivermos completamente atarefados.
Você quer proteger sua vaidade: todos querem ser
vistos como pessoas generosas. Quando dizemos “não”, deixamos claro que
nossos interesses são mais importantes para nós do que os desejos dos
outros.
Você tem medo de parecer mal-educado: não queremos
parecer anti-sociais ou rudes. Por isso não saímos dos grupos do
WhatsApp que não pedimos para entrar ou aceitamos um convite mesmo sem
estarmos a fim de ir.
Você tem medo de conflitos: quando o chefe nos pede
para fazer algo que vai nos sobrecarregar, preferimos concordar porque
temos medo de um possível conflito. O resultado é um expediente
prolongado, trabalho aos finais de semana e, certamente, mais estresse.
Você tem medo de perder oportunidades: ao recusar um
convite ou pedido de ajuda tememos que isso feche portas. Não queremos
deixar de ir a tudo que é evento social com medo de estar deixando algo
para trás.
Percebe como os sentimentos de medo, culpa e vaidade nos fazem
sacrificar pelos interesses dos outros? Pessoas que agem motivadas por
esses sentimentos não se dão conta do quanto isso é devastador!
Como dizer não?
Neste ponto acredito que todos já sabemos que é melhor defender
nossos próprios interesses ao invés de concordar com tudo o que as
outras pessoas querem de nós. Mas como fazer isso?
Vá direto ao ponto, sem entrar em detalhes
Na tentativa de não magoar o outro, algumas pessoas começam a se
justificar demais, como se estivessem pedindo desculpas por não ajudar.
Não faça isso! Você não precisa se explicar e muito menos pedir
desculpas pela sua decisão. Lembre-se de que você não está fazendo nada
de errado ao priorizar seus compromissos. Não comece se desculpando nem
explique quais são suas prioridades. Não interessa se sua prioridade é
terminar seu TCC ou assistir a um filme com a namorada. Isso não é da
conta de mais ninguém.
Simplesmente diga: “Eu não posso me comprometer com isso, porque já tenho outras prioridades neste momento.”
Peça um tempo para pensar
Se você não está totalmente confortável se deve atender a um pedido,
peça um tempo para pensar. Decidir sem analisar todos os ângulos é a
receita para se arrepender mais tarde. Algumas pessoas usam “armadilhas”
para tentar te persuadir a tomar uma decisão precipitada. Elas sabem
que, se não for por impulso, você dificilmente irá concordar. Desconfie
sempre que alguém te pressionar a tomar uma decisão. Cuidado com aquele
vendedor que diz que a promoção só vale por hoje ou que é a última peça
no estoque.
Simplesmente diga: “Eu até tenho interesse, mas não quero tomar uma decisão agora. Posso te dar a resposta amanhã?”
Nunca são apenas 5 minutinhos
Algumas pessoas são incrivelmente insistentes. Mesmo quando você diz
“não”, elas retrucam que será rapidinho. Cuidado, essa é uma armadilha!
No fundo sabemos que não é verdade. Aquela reunião que poderia ter sido
resolvida com um rápido email se transforma numa conversa sem fim. Se
você se deparar com esse argumento, de que não vai tomar muito seu
tempo, não dê ouvidos.
Simplesmente diga: “Eu te entendo, mas realmente não posso.”
Cuidado com os manipuladores
Algumas pessoas usam estratégias de persuasão para nos manipular.
Elas se aproximam, são simpáticas, nos fazem um pequeno favor, mas
depois vêm pedir algo em troca. Como queremos retribuir o favor não
conseguimos recusar. Esta técnica de manipulação se chama reciprocidade.
Há um tempo atrás um colega antigo e distante me convidou para um
almoço. Relembramos histórias divertidas da faculdade e, ao final, ele
fez questão de pagar a conta. Alguns dias depois ele me liga e pede
minha “ajuda” para promover um produto que ele estava para lançar. O
primeiro impulso que temos após criado o laço de reciprocidade é o de
retribuir.
No entanto, aquela era uma armadilha que me deixava desconfortável.
Entendendo o que havia acontecido e totalmente seguro de quais eram meus
próprios interesses, pude dizer “não” ao meu colega sem qualquer
sentimento de culpa.
Uma segunda arma de persuasão usada pelos manipuladores é te fazer um
pedido absurdo para te deixar desconfortável por ter que dizer “não”.
Em seguida, é feito um segundo pedido, bem menor que o primeiro, mas
ainda assim, comprometedor. Por exemplo:
Um conhecido pede: “Estou sem meu computador e preciso terminar
um trabalho importante. Você poderia me emprestar seu notebook até o
final da semana?”
Você diz: “Infelizmente não posso ficar sem ele a semana toda.”
Daí, ele finalmente retruca: “Tudo bem, eu entendo… Mas será que
então você poderia, pelo menos, me emprestá-lo somente até amanhã? Você
me ajudaria muito e eu ficaria eternamente grato!”
Os manipuladores sabem que a chance de concordamos com o segundo
pedido é muito maior. As pessoas se sentem mal por ter que dizer “não”
após o primeiro pedido. Quando requisitadas novamente, com um pedido
mais brando, elas se sentiriam ainda pior em dizer “não” e, só por isso,
acabam concordando.
Defenda seus próprios interesses frente às vontades dos outros
É claro que, algumas vezes, você poderá dizer “sim” ao pedido de um
conhecido. Nesses casos, antes de aceitar e acabar se arrependendo mais
tarde, se assegure de que isso não vai entrar em conflito com seus
compromissos já existentes. Acima de tudo, não tome decisões
precipitadas, peça por um tempo para pensar quando não estiver 100%
confortável e jamais concorde em fazer algo por qualquer tipo de medo ou
vaidade.
Ao dizer “não” você está deixando claro que não é apenas mais um cara
bonzinho que só se enrola na tentativa de ser legal com todo mundo. É
uma forma de defender os seus próprios interesses frente às vontades dos
outros. Fonte: Atitude
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