"A Síndrome de Abstinência
Alcoólica corresponde às mudanças pelas quais o corpo passa quando uma
pessoa subitamente deixa de beber depois de usar álcool de forma intensa e
prolongada"
Os sintomas incluem tremores, insônia, ansiedade e outros
sintomas físicos e mentais.
O Álcool tem um
efeito lentificador no cérebro (também chamado efeito sedativo ou efeito
depressor). Em uma pessoa que bebe muito, a longo prazo, o cérebro é
exposto quase continuamente ao efeito depressor do álcool. Com o passar do
tempo, o cérebro ajusta sua própria química para compensar este efeito. Ele
faz isso através da produção de substâncias químicas naturalmente estimulantes
(como a serotonina ou a noradrenalina - que são “parentes” da adrenalina)
em quantidades maiores que as normais. Se o álcool é retirado de repente, o
cérebro se comporta como um veículo acelerado que perdeu os freios. Conseqüentemente,
a maioria dos sintomas da abstinência alcoólica (retirada) são sintomas que
acontecem quando o cérebro é superestimulado.
A forma mais
perigosa de abstinência alcoólica acontece em uma em cada 20 pessoas que
têm síndrome de abstinência. Esta condição é chamada Delirium Tremens. No Delirium Tremens, o cérebro não pode
reajustar sua química lentamente depois que o uso álcool foi interrompido.
Isto cria um estado de confusão temporária e leva a perigosas mudanças na
maneira como o cérebro regula a circulação e a respiração. Os sinais vitais
do corpo como sua frequência cardíaca ou a pressão sanguínea podem mudar
drasticamente, de forma imprevisível, levando ao risco de ataque do
coração, derrame cerebral ou morte.
Se o cérebro já está
acostumado aos hábitos da pessoa que bebe muito, ele pode levar algum tempo
para se ajustar novamente. A síndrome de abstinência ao álcool ocorre em um
padrão previsível depois da última bebida alcoólica. Nem todos os sintomas
se desenvolvem em todos os pacientes:
o
Tremores – Os tremores
normalmente começam entre 5 e 10 horas após a
última bebida e alcançam o máximo entre 24 e 48 horas. Junto com os
tremores, pode haver taquicardia (pulso rápido), aumento da pressão
sanguínea, respiração rápida, sudorese, náuseas, vômitos, ansiedade ou um
estado de alerta hiperativo, irritabilidade, pesadelos, além de insônia.
o
Alucinações – Este sintoma
normalmente começa dentro de 12 a 24 horas depois da última bebida, e pode
durar até dois dias após ter começado. Se isto acontecer, a pessoa alucina
(vê ou sente coisas que não são reais). É comum às pessoas que estão abstinentes
do álcool verem múltiplos objetos pequenos, semelhantes, se movimentando. Às
vezes a visão é de insetos rastejando, estrelinhas piscando ou moedas
caindo. É possível que uma alucinação na abstinência alcoólica seja uma
visão muito detalhada e imaginativa.
o
Ataques epiléticos
da abstinência alcoólica - Ataques epiléticos podem acontecer de 6
a 48 horas após a última bebida, e é comum vários ataques epiléticos
acontecerem por várias horas. O pico de risco é de 24 horas. Em geral eles
são ataques epiléticos do tipo tônico-clônicos (como no mal epilético).
o
Delirium Tremens -
O
delirium tremens começa geralmente de dois a três dias depois da última
bebida, mas pode demorar mais de uma semana para aparecer. Sua intensidade
de pico normalmente alcança quatro a cinco dias da última bebida. Esta
condição causa alterações perigosas na respiração, na circulação e no
controle de temperatura. Pode fazer o coração bater muito rápido ou pode
fazer a pressão sanguínea aumentar dramaticamente; e pode causar
desidratação perigosa. O delirium tremens também pode reduzir
temporariamente a quantidade de fluxo de sangue ao cérebro. Os sintomas
podem incluir confusão mental, desorientação, estupor ou perda de
consciência, comportamento agressivo, convicções irracionais, sudorese, perturbações
do sono e alucinações.
A abstinência
alcoólica é fácil de se diagnosticar se a pessoa tiver sintomas típicos que
aparecem depois que ela deixa de beber de forma “pesada”, habitual. Se o
paciente tiver uma experiência no passado de ter tido síndrome de
abstinência, é provável que venha a devolver se novamente interromper a
bebida subitamente. Não há nenhum exame específico que possa ser usado para
diagnosticar a síndrome de abstinência alcoólica.
Se o paciente já
teve outros episódios de síndrome de abstinência alcoólica, significa que
ele já consumiu álcool o bastante para ter danificado outros órgãos. É preciso
discutir com o médico sobre este problema para que ele possa examinar
cuidadosamente a pessoa. Ele irá solicitar exames de sangue para verificar o
quanto o álcool causou lesão ao fígado, ao coração, aos nervos dos pés, às
células do sangue, e ao trato gastrintestinal. Ele irá avaliar a dieta que o
paciente habitualmente consome e irá checar as deficiências de vitamina que
possam existir, pois a desnutrição é comum quando alguém é dependente do
álcool.
Normalmente é difícil
para as pessoas que bebem serem completamente honestas sobre o quanto elas
têm bebido. É preciso que a pessoa informe a história do consumo de álcool
para que ela assim possa ser tratada seguramente da síndrome de
abstinência.
O alcoolismo é
causado por muitos fatores. Se a pessoa tiver um irmão ou pai com
alcoolismo, ela tem três a quatro vezes mais probabilidade de desenvolver o
alcoolismo que a média da população. Algumas pessoas com histórias
familiares de alcoolismo escolhem se privar de beber, pois desta forma garantem
que o hábito não se desenvolva. Muitas pessoas sem uma história familiar
também desenvolvem alcoolismo. Se a pessoa tem se preocupado com a
quantidade de bebida que tem consumido, ela deve conversar com seu médico.
Se a pessoa tiver vômitos
severos, ataques epiléticos ou Delirium Tremens, o lugar mais seguro para ela
ser tratada é em um hospital. Para o Delirium Tremens, o tratamento em uma Unidade
de Cuidados Intensivos (UTI) é frequentemente indicado. Em uma UTI, a frequência
cardíaca, a pressão sanguínea e a frequência respiratória serão monitoradas
de perto no caso de ser necessário um suporte de vida de emergência (como
respirar artificialmente por uma máquina).
Medicamentos
chamados benzodiazepínicos podem minorar a síndrome de abstinência do
álcool. Os medicamentos geralmente usados neste grupo incluem o Diazepam (Diempax ®, Valium ®), o Clordiazepóxido
(Psicossedin ®) e o Lorazepam.
A maioria das
pessoas que consome muito álcool e que estão tendo síndrome de abstinência
tem uma escassez de várias vitaminas e minerais e podem beneficiar de
suplementos nutricionais. Em particular, o abuso do álcool pode criar uma
escassez de folato, de tiamina, de vitamina B12, de
magnésio, de zinco e de fosfato. O álcool também pode causar baixos níveis de
açúcar no sangue.
Recomenda-se que
um especialista (psiquiatra) ajude nos cuidados de uma pessoa que está com abstinência
alcoólica.
Peça ajuda se você
ou alguém que você ama tem um problema relacionado ao álcool. O alcoolismo
é uma doença que pode ser tratada.
Se você tem um
problema de dependência do álcool e decidiu deixar de beber, procure um psiquiatra ou clínico geral e peça ajuda.
Eles poderão aconselhá-lo e poderão prescrever medicamentos para tornar a
síndrome de abstinência mais tolerável, caso ela aconteça. O médico também
pode colocá-lo em contato com recursos locais que o ajudarão a ficar livre do
álcool, como os Alcoólicos Anônimos (AA).
A abstinência
alcoólica é comum, mas o Delirium Tremens só acontece em 5% das pessoas que
têm abstinência alcoólica. O delirium tremens é perigoso, matando até 1 em cada 20 pessoas que desenvolvem seus sintomas.
Depois que a
abstinência estiver completa, é essencial que não se comece a beber
novamente. Programas de tratamento do alcoolismo são importantes porque
eles melhoram as chances de se ficar fora de álcool a longo prazo. Só
aproximadamente 20% dos alcoólicos conseguem se privar permanentemente do
álcool sem a ajuda de tratamento formal ou de programas de auto-ajuda como Alcoólicos Anônimo (AA). Das pessoas que acompanham o
AA, 44% daquelas que permaneceram livres do álcool por um ano provavelmente
permanecerão abstinentes durante mais um ano. Este cenário aumenta para 91%
para aqueles que permaneceram abstinentes e acompanharam o AA durante 5 anos ou mais.
Em média, um
alcoólatra que não deixa de beber pode esperar diminuir sua expectativa de
vida em pelo menos 15 anos. Fonte: policlin.com.br
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