"Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) já
começam a demonstrar sinais nos primeiros meses de vida: elas não
mantêm contato visual efetivo e não olham quando você chama"
A partir
dos 12 meses, por exemplo, elas também não apontam com o dedinho. No
primeiro ano de vida, demonstram mais interesse nos objetos do que nas
pessoas e, quando os pais fazem brincadeiras de esconder, sorrir, podem
não demonstrar muita reação.
O diagnóstico do autismo é clínico,
feito através de observação direta do comportamento e de uma entrevista
com os pais ou responsáveis. Os sintomas costumam estar presentes antes
dos 3 anos de idade, sendo possível fazer o diagnóstico por volta dos 18
meses de idade.
Os Transtornos do Espectro do Autismo
(TEA) referem-se a um grupo de transtornos caracterizados por um
espectro compartilhado de prejuízos qualitativos na interação social,
associados a comportamentos repetitivos e interesses restritos
pronunciados. Os TEAs apresentam uma ampla gama
de severidade e prejuízos, sendo frequentemente a causa de deficiência
grave, representando um grande problema de saúde pública. Há uma grande
heterogeneidade na apresentação fenotípica do TEA, tanto com relação à
configuração e severidade dos sintomas comportamentais.
A atual dificuldade de identificação de
subgrupos de TEA que poderiam direcionar tratamentos e viabilizar
melhores prognósticos, dificultam progressos no desenvolvimento de novas
abordagens de tratamento destes pacientes.
A seguir os critérios diagnósticos do DSM-V, cuja versão original pode ser acessada aqui:
Deve preencher os critérios 1, 2 e 3 abaixo:
- Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e nas interações sociais, manifestadas de todas as maneiras seguintes;
- Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para interação social;
b. Falta de reciprocidade social;
c. Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade apropriados para o estágio de desenvolvimento. - Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das maneiras abaixo:
- Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns;
b. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento;
c. Interesses restritos, fixos e intensos. - Os sintomas devem estar presentes no início da infância, mas podem não se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades.
Justificativas:
- Novo nome para a categoria, Transtorno do Espectro do Autismo, que inclui transtorno autístico (autismo), transtorno de Asperger, transtorno desintegrativo da infância, e transtorno global ou invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.
A diferenciação entre Transtorno do
Espectro do Autismo, desenvolvimento típico/normal e de outros
transtornos “fora do espectro” é feita com segurança e com validade. No
entanto, as distinções entre os transtornos têm se mostrado
inconsistentes com o passar do tempo. Variáveis dependentes do ambiente,
e frequentemente associadas à gravidade, nível de linguagem ou
inteligência, parecem contribuir mais do que as características do
transtorno.
Como o autismo é definido por um
conjunto comum de sintomas, estamos admitindo que ele seja melhor
representado por uma única categoria diagnóstica, adaptável conforme
apresentação clínica individual, que permite incluir especificidades
clínicas como, por exemplo, transtornos genéticos conhecidos, epilepsia,
deficiência intelectual e outros. Um transtorno na forma de espectro
único, reflete melhor o estágio de conhecimento sobre a patologia e sua
apresentação clínica.
Três domínios se tornam dois:
1) Deficiências sociais e de comunicação;
2) Interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos.
Déficits na comunicação e comportamentos
sociais são inseparáveis, e avaliados mais acuradamente quando
observados como um único conjunto de sintomas com especificidades
contextuais e ambientais.
Atrasos de linguagem não são
características exclusivas dos transtornos do espectro do autismo e nem
universais dentro dele. Podem ser definidos, mais apropriadamente, como
fatores que influenciam nos sintomas clínicos de TEA, e não como
critérios do diagnóstico do autismo para esses transtornos.
Exigir que ambos os critérios sejam
completamente preenchidos, melhora a especificidade diagnóstico do
autismo sem prejudicar sua sensibilidade.
Fornecer exemplos a serem incluídos em
subdomínios, para uma série de idades cronológicas e níveis de
linguagem, aumenta a sensibilidade ao longo dos níveis de gravidade, de
leve ao mais grave, e ao mesmo tempo mantém a especificidade que temos
quando usamos apenas dois domínios.
Muitos critérios sociais e de
comunicação foram unidos e simplificados para esclarecer os
requerimentos do diagnóstico do autismo.
No DSM IV, critérios múltiplos avaliam o mesmo sintoma e por isso trazem peso excessivo ao ato de diagnosticar.
Unir os domínios social e de comunicação, requer uma nova abordagem dos critérios.
Foram conduzidas análises sobre os
sintomas sociais e de comunicação para estabelecer os conjuntos mais
sensíveis e específicos de sintomas, bem como os de descrições de
critérios para uma série de idades e níveis de linguagem.
Exigir duas manifestações de sintomas
para comportamento repetitivos e interesses fixos e focados, melhora a
especificidade dos critérios, sem perdas significativas na
sensibilidade. A necessidade de fontes múltiplas de informação,
incluindo observação clínica especializada e relatos de pais, cuidadores
e professores, é ressaltada pela necessidade de atendermos uma
proporção mais alta de critérios.
A presença, via observação clínica e
relatos do(s) cuidador(es), de uma história de interesses fixos, rotinas
ou rituais e comportamentos repetitivos, aumenta consideravelmente a
estabilidade do diagnóstico do autismo do espectro do autismo ao longo
do tempo, e reforça a diferenciação entre TEA e os outros transtornos.
A reorganização dos subdomínios, aumenta
a clareza e continua a fornecer sensibilidade adequada, ao mesmo tempo
que melhora a especificidade necessária através de exemplos de
diferentes faixas de idade e níveis de linguagem.
Comportamentos sensoriais incomuns, são
explicitamente incluídos dentro de um subdomínio de comportamentos
motores e verbais estereotipados, aumentando a especificação daqueles
diferentes que podem ser codificados dentro desse domínio, com exemplos
particularmente relevantes para crianças mais novas.
O Transtorno do Espectro do Autismo é um transtorno do
desenvolvimento neurológico, e deve estar presente desde o nascimento ou
começo da infância, mas pode não ser detectado antes, por conta das
demandas sociais mínimas na mais tenra infância, e do intenso apoio dos
pais ou cuidadores nos primeiros anos de vida.
Como há uma enorme variabilidade em
termos de comportamento (gravidade dos sintomas), cognição e mecanismos
biológicos, construindo-se a ideia de que o TEA é um grupo heterogêneo,
com etiologias distintas, eles de beneficiam de avaliação
individualizada para propor a melhor composição de acompanhamento para o
caso.
Aproximadamente 60-70% têm algum nível
de deficiência intelectual, enquanto que os indivíduos com autismo leve,
apresentam faixa normal de inteligência e cerca de 10 % dos indivíduos
com autismo têm excelentes habilidades intelectuais para a sua idade. Fonte: autismoerealidade.org
No vídeo a seguir você vai ver como funciona o cérebro de um pessoa com autismo:
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