"Quando crescemos, costumamos esquecer uma série de acontecimentos e
sensações da nossa infância"
Ou melhor, colocamos em algum local do cérebro, uma caixinha secreta, onde ficam lá, guardadinhos os sentimentos, prontos para se manifestar em alguma situação mais tensa.
Ou melhor, colocamos em algum local do cérebro, uma caixinha secreta, onde ficam lá, guardadinhos os sentimentos, prontos para se manifestar em alguma situação mais tensa.
Pode ser aquele trovão que atormentava ao dormir e que agora apenas
causa um ligeiro arrepio, ou o boneco com uma aparência estranha que
você só lembra ao assistir filmes de terror. Porem, ainda que saibamos
que tivemos medo quando pequenos, costumamos fazer “pouco caso” quando
alguma criança fala sobre o assunto. Monstros? Fantasmas? Raios? Sim,
todos esses assuntos habitam a mente deles. E um detalhe importante:
alguns, por incrível que pareçam, têm a ver com o mundo em que vivemos
atualmente, com insegurança e medo da violência.
Segundo especialistas no assunto, como psicólogos e psicanalistas,
entre os medos mais comuns estão os de se machucar, de cachorros, do
escuro, de insetos e de pessoas estranhas. A partir de uma certa idade, é
comum medos de fantasmas, lendas urbanas, monstros.
“É na fase infantil que o medo aflora mais intensamente. Um dos mais
corriqueiros é a fobia escolar, um medo incontrolável pelo desconhecido e
dificuldade de adaptação a nova realidade sem a presença da mãe. Outro
medo que atemoriza às crianças é o medo de escuro, pelo qual a criança
sofre por não saber o que vai acontecer. Alertamos aos pais para as
musiquinhas de duplo sentido, como aquela ‘Boi da cara preta, pega essa
criança que tem medo de careta’. Especialistas dizem que a maioria das
crianças sofrem seus primeiros impactos psicológicos pelo medo do
“malvado” boi da cara preta. Isso é prejudicial, psicologicamente
falando.”, alerta Paulo Velasco, psicanalista clínico, escritor e
professor de Psicanálise.
( Paulo Velasco - Psicanalista Clínico, Escritor e Professor de Psicanálise - Contatos: paulo.velasco.psi@gmail.com)
Já Heitor, com apenas dois anos, tem medo do Velho do Saco, porque
pode pegá-lo, e de borboleta, porque voam nele. Esse medo, inclusive,
embora vire motivo de piada para muitos, é bem mais comum do que
imaginamos. Paulo Velasco fala que a motefobia – medo de borboletas e
mariposas – é muito comum em crianças entre 3 a 7 anos. “Apesar desse
medo ser considerado como frescura, principalmente nas escolas, ele tem
como consequência o bullying, ou seja, a criança passa a ser vítima de
gozações e tende a ficar com vergonha, isolada e deprimida. A forma mais
eficaz de tratamento é com um profissional habilitado na área da
psicanálise ou da psicologia, quando o profissional irá utilizar de um
recurso chamado TCC (Terapia Cognitiva-comportamental).”, explica.
Para tratar fobia, a
melhor intervenção é a terapia cognitivo comportamental. Realizamos uma
hierarquia de medos e programamos uma exposição gradual, sempre
desenvolvendo coragem. E estratégias de manejo da ansiedade respiração e
relaxamento para fortalecer a criança e torná-la corajosa.
Para o canadense Pedro, de três anos, o medo é de dinossauros. “Eles
mordem e sangram. Eu nunca vi um, mas tenho muito medo”, conta. Outro
Pedro, desta vez com quatro anos, tem medo de pesadelos. “Eu sonho toda
noite e tenho medo. No meu sonho o Thor estava triste, chorando e com
medo do pesadelo”, explica.
Felipe, de seis anos, conta que lembra de filmes que assiste. “E a
noite eu sonho e fico com mais medo. E eu acordo gritando e corro para o
quarto da minha mãe”. Embora alguns relatos pareçam fofos, quando
pensamos que partem de crianças, os pais devem sempre ajudar a enfrentar
tais temores.
Os pais devem acalentar a
criança, sem acender a luz ou falar muito para não despertar totalmente.
É bom identificar se a criança está acordada realmente ou se trata de
terror noturno (que mais se parece com Sonambulismo de um certo modo e
passa com a idade). Caso a criança queira, o pai deve ouvir o pesadelo e
lembrar que o sonho é como um filme. Levar de volta a criança à cama e
dizer que podem “trocar o canal” dos sonhos. “Sugerir que ela feche os
olhos e se imaginar num lugar bem legal! Ou estimular a lembrar de
coisas boas que aconteceram em seu dia”, enfatiza o psicanalista.
Paulo Velasco vai além: “É necessária a presença dos pais para dar
provas ao fato de que ‘tudo não passou de um pesadelo’. Isso tem que ser
dito à criança, mas, sobretudo, mostrado afetivamente, com beijinhos e
“colinho”. Só assim, através do mimo, a criança consegue libertar-se do
medo. A voz tranquila dos pais ajuda muito, mas, para isso, não podem
pensar na noite interrompida, no trabalho do dia seguinte ou que já não
vão dormir essa noite. Às vezes é preciso fazer uma vistoria no quarto,
para ajudar a entender que não tem nenhum monstro escondido. E,
finalmente, dizer-lhe carinhosamente: tiveste um sonho mau, mas foi só
um sonho. Os pais também devem observar se o problema vai persistir por
outras noites. Se assim continuar, recomendamos a psicoterapia para
tentar aliviar a aflição.”, finaliza Paulo. Fonte: aventurasmaternas.com.br
Confira neste vídeo um grande recurso para aplicar na criança que tem medo de tudo:
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