"Intestino travado, pedras nos rins e obesidade são alguns dos fatores que podem responder por episódios recorrentes da doença. Fique atenta!"
As diferenças entre o corpo da mulher e o do homem vão além daquelas que
nos saltam aos olhos. O canal da uretra, por onde sai o xixi, é uma das
diversidades que ficam escondidinhas. Enquanto na ala feminina essa via
de saída mede cerca de 5 centímetros, na turma do Bolinha chega à
incrível marca de 22 centímetros.
A consequência da discrepância não é nada vantajosa para as
mulheres. Isso porque, nelas, bactérias que se metem a intrusas têm um
caminho muito mais curto a percorrer até alcançar a bexiga. Quando
chegam ao órgão, costumam fazer estragos. Daí a vontade de urinar fica
intensa, há dor e a urina às vezes vem acompanhada de sangue. É a cistite, nome formal da infecção urinária, que acomete de 20 a 30% da população feminina em certa fase da vida.
1. Obesidade
O vínculo é indireto, mas existe. Acompanhe o raciocínio: quem está muito acima do peso costuma exibir dobrinhas em várias partes do corpo. A característica muitas vezes dificulta a perfeita higiene da região genital após urinar e cria o cenário perfeito para as bactérias fazerem a festa.
Mas atenção: a limpeza em excesso também não é boa. “Isso
altera a flora vaginal, resultando em uma expulsão de bactérias
protetoras dali”, esclarece Wladimir Alfer Júnior, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista. A recomendação é evitar duchas íntimas, sprays com aromas e outros itens capazes de desequilibrar a flora.
2. Segurar o xixi
“Não use banheiros públicos”… Está aí um conselho de mãe que
se pode ignorar, tomando os devidos cuidado com superfícies sujas, é
claro. É que xixi parado na bexiga por muito tempo cria o ambiente
perfeito para a proliferação de bactérias do mal. “Urinar funciona como
uma lavagem contínua”, informa o ginecologista José Geraldo Lopes Ramos,
professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Apesar de nada romântico, o ato também é indicado logo
depois da atividade sexual, quando podem ocorrer microfissuras na região
da uretra, facilitando a aderência de micro-organismos. Com uma
escapadinha ao banheiro, você expulsa os pequenos invasores.
3. Diabetes
Qualquer moléstia que comprometa as defesas do organismo,
deixando-as bem capengas, predispõe à infecção urinária. É o caso do
diabete e da aids. “Aí, nosso corpo não consegue se defender direito das
bactérias”, justifica Rodolfo Borges dos Reis, presidente da Sociedade
Brasileira de Urologia (SBU), regional São Paulo.
Certos medicamentos, como aqueles indicados para quem convive com o lúpus, e a prática excessiva de exercícios físicos também contribuem para a queda da imunidade.
4. Constipação
Na famosa prisão de ventre, os problemas vão além do
desconforto abdominal. Pela anatomia feminina, as bactérias do trato
gastrointestinal, empacadas, têm facilidade em migrar para a uretra,
contaminando-a. “A culpada pela maioria dos episódios de cistite atende
pelo nome de Escherichia coli. Essa é uma bactéria que vive no intestino, onde não cria problemas.
Mas, quando passa para a área da vagina, compete com
micro-organismos que vivem naturalmente ali”, descreve Milton Skaff,
da Beneficência Portuguesa. Daí, se a intrusa domina o terreno, cresce o
risco de infecção. “De fato, nas pacientes constipadas detectamos uma
maior colonização de micro-organismos do intestino na região vaginal”,
confirma o especialista.
5. Camisinha
Calma! Não vá achando que nesse tópico você vai encontrar um
sinal verde para dispensar o preservativo durante o sexo. Jamais. O
único contratempo é que os espermicidas – substâncias responsáveis por
matar os espermatozoides – modificam a flora vaginal, deixando as
mulheres mais suscetíveis à ação maléfica das bactérias.
A saída, então, é procurar camisinhas sem o tal espermicida
ou que tenham a substância na parte interna, para o gel ficar em contato
apenas com o pênis.
6. Cálculo renal
“Em certos casos, as pedras que se formam nos rins são
ocasionadas por uma bactéria que interfere na acidez da urina,
facilitando o depósito de sais”, explica Fernando Almeida, chefe do
Setor de Urologia Feminina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O problema? O risco de esse micróbio também financiar a temida cistite.
“Há a possibilidade, inclusive, de o cálculo renal culminar direto no
tipo mais grave da doença infecciosa, que é a pielonefrite”, alerta
Skaff. “Mas essa relação entre pedra no rim e infecção urinária é
exceção, não a regra”, afirma o médico da Unifesp. De qualquer forma, o
recado é sempre investigar. Assim, evita-se o uso constante de
antibióticos e o surgimento de um exército perigoso de bactérias
resistentes.
As duas faces do problema
A cistite é o tipo mais frequente de infecção urinária. Ela
atinge a bexiga, e os sintomas incluem vontade de fazer xixi a todo
momento, além de ardência e sangramento ao urinar. Antibiótico,
analgésico e hidratação costumam dar conta do recado.
A pielonefrite, por sua vez, é a forma mais nefasta do
quadro, pois a bactéria chega até os rins, causando febre e mal-estar. O
tratamento é mais prolongado e pode exigir internação.
Vacina
Quem convive com a infecção urinária várias vezes ao ano
pode recorrer a uma vacina para melhorar as defesas do corpo. Ela é um
pouco diferente, para começar pela forma – ora, trata-se de um
comprimido.
Tem outro detalhe: esse tratamento é indicado só para as mulheres atormentadas pela bactéria Escherichia coli, responsável por 85% dos episódios de cistite.
Antibiótico preventivo
Outro recurso capaz de reduzir as recorrências infecciosas é
o uso profilático de antibióticos. Na prática, a paciente recebe doses
baixas do medicamento – geralmente um quarto da quantidade utilizada
normalmente – por cerca de seis meses.
Nesse meio-tempo, é possível que as bactérias provoquem
novas infecções, porém o risco é menor. Para definir o melhor caminho e
afastar a complicação, conte com acompanhamento médico. Fonte: saude.abril.com.br
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