"A distimia é uma patologia muito comum e ainda bastante
sub-diagnosticada no Brasil"
Estima-se que até 6 % da população seja
distímica, o que soma cerca de 11 milhões de brasileiros. Existe um
predomínio no sexo feminino (cerca de 3 mulheres para cada homem
acometido), o quadro pode se instalar em qualquer idade, mas existe uma
predileção por início na adolescência ou vida adulta jovem.
Trata-se de uma doença crônica, de instalação insidiosa e curso
superior há 2 anos. Seus sintomas são bastante parecidos com o da Depressão Clássica, mas são mais leves e menos incapacitantes, o que
dificulta o diagnóstico e a reduz a busca por ajuda.
A pessoa com Distimia apresenta um mau-humor crônico e um negativismo
constante. É conhecida por ter uma irritabilidade excessiva e ser meio Rabugenta. Os portadores de Distimia apresentam dificuldade de percepção
de prazer, são muito autocríticos e apresentam baixa autoestima e
excesso de frustração.
Diferente da Depressão tradicional, que geralmente surge em Episódios
de instalação mais incisiva e com sintomas proeminentes de Tristeza e
angústia, na Distimia temos uma instalação mais suave e sintomas menos
grosseiros. Por isso, muita gente confunde a Distimia com traços de
personalidade e caráter. Pacientes e pessoas que o cercam acreditam que
a pessoa é daquele jeito o pronto, e a pessoa é tida como reclamona,
intolerante, desanimada, sem energia, etc.
O portador de Distimia pode sentir uma espécie de vazio, de buraco
interior, como se sempre lhe faltasse algo. A despeito de cobrar de si e
dos outros (perfeccionismo), o paciente geralmente apresente pouco
entusiasmo e até uma certa fadiga física e mental que amarra suas
realizações, sendo geralmente um profissional mediano.
Principais Sintomas Mentais da Distimia:
Mau Humor Crônico /
Irritabilidade / Intolerância / Autocrítica elevada / Baixa Autoestima / Vazio
Interior / Dificuldade para sentir prazer / Ansiedade / Culpa e frustração.
Existem também sintomas físicos da Distimia e as comorbidades (doenças que podem acompanhar o quadro principal:
- Distúrbios alimentares: a pessoa com Distimia pode apresentar excesso ou falta de apetite. Podendo inclusive evoluir com ganho de peso e obesidade (que pode trazer problemas clínicos).
- Distúrbios de sono: Muito comum a associação de Distimia com insônia e sonolência diurna. Assim como fadiga física e mental e sono não reparados.
- Distúrbios Gastrointestinais: a associação de Distimia com síndrome do intestino irritável é muito comum. Com isso os pacientes podem ter alternância entre obstipação e diarreia, principalmente em momentos mais emocionais.
- Dores: Quem tem Distimia muitas vezes procurar o clínico com queixas de dor de cabeça e dores musculares. Geralmente nenhuma causa é identificada. A causa é o excesso de contração muscular involuntária.
- Queixas intelectuais: Além do aspecto emocional e clínico, os pacientes podem queixar de desatenção, esquecimentos, falta de criatividade, etc.
Comorbidades (Doenças Associadas):
- Depressão Episódica: A Distimia é um tipo de depressão arrastada, crônica e com sintomas mais leves. Agora, boa parte dos pacientes podem ainda apresentar fases de depressão clássica, episódica. Quando melhoram, como ou sem medicamento, podem voltar ao seu estado de distimia basal.
- Ansiedade / Pânico: praticamente todos os pacientes distímicos apresentam algum grau de ansiedade, seja crônica, seja eventual. Alguns apresentam complicações da ansiedade como Síndrome do Pânico, TOC, fobias, etc.
- Abuso de Substâncias: Em casos muito arrastados existe o RISCO de Abuso de substâncias (Álcool / drogas e tranquilizantes) e mesmo o risco de suicídio (cerca de 15 % dos portados de distimia chega a pensar em suicídio durante a evolução).
Causas da Distimia
A distimia apresente causas GENÉTICAS (Predisposição) e causas
ambientais. Pessoas com Familiares com quadros de ansiedade, depressão
ou mesmo Distimia têm uma chance maior de ter Distimia. Agora, eventos
traumáticos, estressantes, principalmente crônicos e que afetem a
autoestima e levam à frustração.
Diagnóstico
O diagnóstico é TOTALMENTE clínico e depende da história do paciente e
do exame físico feito pelo médico (que geralmente está dentro da
normalidade na Distimia). Exames de sangue e imagem do cérebro não
demonstram o problema.
Por vezes, o médico pede exames para investigar outras doenças que
podem mimitizar a Distimia, como o exame para ANEMIA e disfunção da
TIREÓIDE. Mas, na grande maioria dos casos de Distimia, a investigação é
completamente negativa e o diagnóstico é pautado na opinião do médico,
baseado plenamente na história contada pelo paciente e familiares.
Tratamento
O primeiro passo é o RECONHECIMENTO do problema. Infelizmente uma
minoria recebe o diagnóstico correto em um prazo aceitável. A causa
disso é a desinformação, seja por parte da população, que acaba
aceitando passivamente os sintomas e não procurando ajuda médica, seja
pelos próprios profissionais da saúde, que deixam escapar o diagnóstico
por desconhecimento, desatenção, falta de tempo com o paciente ou mesmo
por interpretar os sintomas físicos isoladamente.
O tratamento é pautado em 3 eixos principais (Mudança do Estilo de VIDA, psicoterapia e medicamentos).
- Mudança do ESTILO de VIDA: Fundamental iniciar atividade física, manter uma alimentação balanceada, evitar vícios e compulsões, rotina adequada de sono, etc.
- Psicoterapia: medida importante, principalmente se aliada ao medicamento. Na psicoterapia o paciente desenvolverá artifícios psíquicos para combater o problema, compreender seus determinantes e lidar com suas emoções.
- Medicamentos: são de vital importância em casos com
evidente impacto na qualidade de vida. O ajuste químico do desbalanço
cerebral pode atenuar todos os sintomas da Distimia, sejam os
emocionais, sejam os físicos e cognitivos. Geralmente são da família dos
antidepressivos e agem nas vias da Serotonina, Dopamina e/ou
Adrenalina. São de uso regular e por longo período de tempo (geralmente
mais de 6 meses).
O tratamento misto, composto por mudança do Estilo de vida/
Psicoterapia e Medicamento é altamente eficaz e deve ser conduzido por
profissionais com experiência em transtornos do humor. Deve ter
participação familiar e engajamento do paciente para dar certo. O foco é
atenuar os sintomas não adaptativos, melhorar a performance emocional,
física e intelectual e promover qualidade de vida, tanto para pacientes,
como para os que o cercam. Fonte: leandroteles.com.br
No vídeo a seguir você vai conhecer toda sintomatologia da Distimia:
Nenhum comentário:
Postar um comentário