"Não podemos não sentir dor, é uma
condição humana. No processo evolutivo funciona como uma forma avançada
de sobrevivência"
A dor física permite-nos identificar a grande maioria
das coisas que nos podem causar dano imediato, ou servir de alerta para
algo no nosso organismo que precisa de cuidados e atenção. No que
respeita à dor emocional, poderemos dizer que se assemelha às funções da
dor física. Funciona como um alerta de que algo na nossa vida não está
acontecendo como desejamos, ou que estamos insatisfeitos face a algo ou a
alguém. Entre o estímulo que provoca dor emocional e a forma como
respondemos à nossa percepção criada, reside a nossa oportunidade de
resposta. Isto quer dizer que perante o sentimento de dor emocional (que
pode ser pontual e transitório), não temos necessariamente que
transformá-lo em sofrimento. A forma como respondemos à dor emocional, o
enquadramento e atitude que decidimos ter, pode conduzir-nos à
vitimização e consequente sofrimento, ou à capacitação e consequente
conforto e bem-estar.
Dor física e dor emocional

A
recuperação ou superação da dor emocional pode ser alcançado através da
distinção consciente entre a dor real e o sofrimento que esta causa,
focando-se em recursos pessoais que permitam a obtenção de alívio do
sofrimento. A dor é inevitável, o sofrimento não. O sofrimento
instala-se em resposta a pensamentos como: “Por que eu? Não é justo. Isto é horrível. Eu não aguento mais.”
Com este tipo de declarações a pessoa vê-se destituída de controle
sobre o seu estado. Fica com uma percepção de ausência de capacidade de
resposta que possa trazer alívio.
O sofrimento, em geral, bem como o
específico, como o sofrimento emocional ou a dor crônica, é uma função
de desequilíbrios no funcionamento físico, mental, emocional e / ou
espiritual. Porque tudo o que afeta a mente ou o corpo irá
inevitavelmente afetar a outra parte, independentemente de qual lado é
originado. Desequilíbrios no pensamento podem criar desequilíbrios no
funcionamento físico, emocional e espiritual. A recuperação do
sofrimento gira em torno de progressivamente e
continuamente restabelecer o equilíbrio nessas áreas.
O sofrimento é tanto uma causa como um efeito dos pensamentos catastróficos e emoções perturbadoras associadas ao sentimento de dor emocional: ansiedade, irritabilidade, raiva, medo, depressão, frustração, culpa, vergonha, solidão, desespero, decepção,
desesperança. O pensamento negativo só contribui para analisarmos as
situações difíceis, ainda pior. Muitas pessoas, inclusive aquelas que
não estão afetadas cronicamente pela dor emocional, prejudicam-se
quando continuamente ficam repetindo nas suas mentes os aspectos
negativos daquilo que provoca dor. Os nossos pensamentos negativos têm a
capacidade de nos fazer infelizes, podendo ser especialmente
traiçoeiros, alimentando-se de um padrão mental negativo que promove
profecias autorrealizáveis e autodestrutivas.
Alívio do sofrimento
O sofrimento pode ser aliviado quando as pessoas se tornam conscientes da sua reação na presença da dor emocional.
Para evitar ou diminuir a probabilidade da dor emocional se tornar em
sofrimento, tem de aprender-se a responder de forma construtiva a essa
mesma dor. O processo de recuperação ou evitamento do sofrimento pode
ser conseguido através da aplicação de estratégias de aceitação e
práticas baseadas na mindfulness (atenção plena). Restabelecer o
equilíbrio emocional perante um acontecimento que nos gera dor emocional
implica ganhar consciência de todo o processo que conduz ao sofrimento,
para, pouco a pouco, ir implementando uma forma mais saudável de lidar
com a dor.
Importa tomar consciência
do pensamento negativo e do discurso interno que começam a ser ativados,
para que nesse exato momento se aceite a experiência de dor emocional e
se acione o processo de desapego da mesma. A ideia de desapego aqui,
pode ser melhor compreendida, se perceber que na presença de dor
emocional você é maior que essa dor. Que você não se resume aquele
acontecimento. Na verdade, na presença de dor emocional, você continua a
ter imensas capacidades e recursos, os quais pode acionar e focar-se
para lhe darem algum conforto e ânimo, no sentido de perceber que nesse
momento continuam a existir imensas coisas boas das quais pode usufruir e
servirem como ajuda, para que a situação em que se encontra possa ser
melhorada ou mais facilmente suportada.
Este
processo é fácil de ser aprendido e praticado? Claro que não. Todavia, é
absolutamente possível. Ao ajustar o nosso pensamento, e a forma como
pensamos acerca dos pensamentos que temos na presença da dor emocional,
podemos mudar as nossas respostas emocionais, a intensidade daquilo que
sofremos (ou não), o nosso nível de tensão e estresse, e, por sua vez, a
nossa experiência de dor. Fonte: escolapsicologia.com
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