“Elas são resistentes a antibióticos, uma cortesia da seleção natural
que custa 700 mil vidas tos os anos”
Ao melhor estilo
velho oeste, a Organização Mundial de Saúde (OMS) pôs um preço na cabeça de
doze bactérias assassinas específicas — as mais letais do mundo. Elas não são
procuradas, pois estão em toda parte, e não há mais como matá-las: resistentes
a antibióticos, elas são responsáveis por 700 mil mortes todos os anos, cifra
que pode subir para10 milhões até 2050.
Mais de 70 infectologistas,
microbiólogos e especialistas em saúde pública e em medicina intensiva
de vários países se envolveram na produção do relatório,
que apresenta o grau de risco oferecido por cada micro-organismo. A
resistência que as bactérias criaram aos remédios disponíveis hoje é uma
consequência previsível da seleção natural. Aquelas que nascem com
mutações que as tornam mais resistentes a antibióticos sobrevivem mais
tempo e acabam espalhando um número cada vez maior de descendentes com a
mesma carga genética vantajosa — o que torna o combate das doenças
quase impossível.
A lista foi encomendada pelos países membros da organização para que, de agora em diante, eles possam priorizar os esforços de pesquisa e desenvolvimento
de tratamentos nas espécies que apresentam maior risco para a
população, escapando dos critérios de seleção da indústria farmacêutica,
que nem sempre trabalha de acordo com o interesse público. Veja abaixo a
lista completa, com 12 odiadas de fazer inveja a Tarantino.
Risco crítico:
Acinetobacter baumannii
Pode causar infecções oportunistas —
quando uma bactéria se aproveita da fragilidade do sistema imunológico
de alguém que já está doente para causar ainda mais problemas — nas vias respiratórias e no sistema urinário. É a maior causadora de infecções hospitalares do mundo.
Pseudomonas aeruginosa
Contamina equipamento médico, causa
infecções nos rins e pulmões e ataca pacientes já internados por causa
de queimaduras graves. Como a baumannii, gosta de organismos já debilitados.
Enterobacteriaceae
Esse não é o nome de uma espécie específica, mas de um grupo que inclui bichinhos já famosos como a Klebsiella pneumonia ou a Escherichia coli,
que se reproduz a cada 20 minutos. Vários deles não oferecem risco ao
ser humano, mas outros são responsáveis por vários tipos de intoxicação
alimentar.
Risco alto:
Enterococcus faecium
Pode ser inócua e habitar nosso intestino, mas também pode causar meningite em recém-nascidos.
Staphylococcus aureus
Outra frequentadora assídua do nosso corpo, ela pode causar sinusite, intoxicação alimentar e problemas dermatológicos como abcessos.
Helicobacter pylori
Câncer no estômago, úlceras duodenais e gastrite crônica estão entre os problemas já associados à presença da Helicobacter no nosso sistema digestório. Mas ela não faz nada em mais de 85% das pessoas que infecta.
Salmonella spp.
Grupo de bactérias responsáveis por intoxicações alimentares e a febre tifóide, que matou 161 mil pessoas em 2013.
Neisseria gonorrhoeae
O nome entrega a obra: é a responsável pela gonorreia, doença sexualmente transmissível tão antiga que é descrita até no Antigo Testamento da Bíblia.
Campylobacter
Causa abortos espontâneos em vacas e ovelhas. No ser humano, causa infecções oportunistas.
Risco médio:
Streptococcus pneumoniae
Um dos maiores causadores de pneumonia e meningite bacteriana em crianças e idosos.
Haemophilus influenzae
Apesar do nome, ela não tem nada a ver com o vírus responsável pela gripe. Como a maior parte das bactérias da lista, também é responsável por infecções oportunistas em pessoas já debilitadas.
Shigella spp.
Parente da salmonela, é uma das quatro bactérias que mais causam diarreia em crianças da África e do Sudeste Asiático: é responsável por algo entre 80 e 165 milhões de casos da doença todos os anos. Fonte: super.abril.com.br
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