"Os prolactinomas são tumores benignos da hipófise (glândula endócrina
que se localiza na base do crânio, numa cavidade óssea situada atrás
do nariz designada de sela turca) que se caracterizam pela produção
anormalmente elevada de prolactina (hiperprolactinemia)"
Este hormônio
tem como principal efeito a estimulação da produção de leite pelas
glândulas mamárias (galactorréia). São muito mais comuns na mulher do
que no homem. Se apresentarem dimensões inferiores a 1 cm são designados
de microprolactinomas; e se superiores a 1 cm de macroprolactinomas.
Só uma minoria de 10% dos microprolactinomas é que tem tendência para crescer e evoluir
para um macroprolactinma. Geralmente as quantidades de prolactina no
sangue estão relacionadas com o volume do prolactinoma.
Manifestações Clínicas
Manifestações Clínicas
Os prolactinomas habitualmente manifestam-se clinicamente de
uma forma diferente de acordo com sexo. Na mulher, o quadro clínico é
mais expressivo e são mais frequentes os tumores muito pequenos
(microprolactinomas). A hiperprolactinemia estimula as mamas levando à
saída de líquido leitoso pelos mamilos (galactorreia) podendo ser
espontânea ou provocada pela expressão das mesmas. Os ovários passam a
funcionar de forma deficiente levando à menstruações irregulares,
podendo até mesmo não menstruar mais (amenorreia). Isto é muito típico e
chamamos a esta situação de amenorreia-galactorreia. Uma vez que há
uma deficiência no funcionamento dos ovários, a mulher pode queixar-se
ainda de dificuldade em engravidar (infertilidade), diminuição do
desejo sexual (libido), descalcificação dos ossos (osteoporose) devido
à diminuição dos hormônios femininos, os estrogênios. Apesar de os
microadenomas serem os mais frequentes, as mulheres também podem ter
tumores de maiores dimensões (>1cm), macroadenomas
(macroprolactinomas), que habitualmente se acompanham ainda de outros
sintomas como dores de cabeça (cefaleias) e alterações da visão,
sobretudo da visão periférica.
No homem, os prolactinomas são na sua maioria macroadenomas
(macroprolactinomas). A hiperprolactinemia pode, de início, não dar
sintomas ou pode provocar, por inibição da produção de hormônio
masculino pelos testículos (a testosterona), diminuição da libido,
diminuição da potência sexual, infertilidade, que com frequência são
atribuídos pelo paciente à sua ‘natureza’ ou à ‘coisas da idade’. Por
isto, o tumor vai crescendo até que começa a dar cefaleias e
alterações da visão. Muitas vezes só é diagnosticado nesta fase quando
já é muito grande.
Quando os tumores são de grandes dimensões podem comprimir a hipófise normal e comprometer o funcionamento de outros hormônios.
Diagnóstico
O diagnóstico de um prolactinoma é efetuado pela elevação
persistente da prolactina, seguida de um exame que consiga visualizar a
hipófise e o tumor produtor de prolactina: ressonância magnética (RM)
e/ou tomografia computadorizada (TC). Atualmente considera-se a RM
como o melhor exame uma vez que permite obter imagens mais detalhadas.
Quando se afirma que os valores de prolactina no sangue estão elevados é importante recordar duas coisas:
1) A prolactina pode estar elevada e não haver nenhum tumor
da hipófise. As causas mais frequentes desta situação são: a gravidez e
amamentação, estimulação manual do mamilo, síndrome do ovário
policístico, traumas no tórax, estresse, exercício, hipotireoidismo,
insuficiência renal, insuficiência hepática, entre outros. Destacam-se
os medicamentos que são uma causa frequente de hiperprolactinemia
sendo os mais comuns: os antidepressivos, ansiolíticos,
contraceptivos orais (pílula), modificadores da função digestiva, etc.
2) Existem outros tumores da hipófise, que não são
prolactinomas, mas que também podem levar a uma elevação da
prolactina, por outros mecanismos. É importante distinguir estes
tumores dos prolactinomas uma vez que o tratamento é diferente na
maioria dos casos.
Tratamento
Em geral o tratamento de eleição para os prolactinomas é
clínico e não cirúrgico, sendo eficaz em aproximadamente 80% dos
pacientes.
1) Observar e vigiar: Os microprolactinomas,
como não têm tendência para crescer, podem apenas ser vigiados. Esta
atitude é mais frequente na mulher após a menopausa em que os ovários
deixaram de funcionar normalmente. Na mulher jovem habitualmente
decide-se tratar, uma vez que a hiperprolactinemia inibe a função
normal dos ovários e a consequente produção dos hormônios sexuais
femininos, essenciais à função reprodutora, sexual e para uma
calcificação adequada dos ossos. Os macroprolactinomas devem ser sempre
tratados, pois têm tendência a crescer.
2) Tratamento com medicamentos: Nos últimos
trinta anos foram introduzidos medicamentos que levam à diminuição da
produção de prolactina e, mais importante ainda, à redução do volume
do tumor. Estes medicamentos são designados de uma forma geral por
agentes dopaminérgicos. Este tratamento é na maioria das situações
muito eficaz, mas deve ser encarado como um tratamento crônico. Leva
ao retorno das menstruações na mulher e melhoria da fertilidade, da
função sexual, das cefaléias e da visão em ambos os sexos. Nos tumores
que respondem ao tratamento, a prolactina e as dimensões do tumor
diminuem drasticamente em poucos dias.
3) Cirurgia: normalmente este tratamento é
feito para os casos que não respondem ao tratamento com medicamentos
ou nas pessoas intolerantes à medicação. O sucesso da cirurgia é maior
nos microprolactinomas, uma vez que ainda pode ser possível remover
totalmente o adenoma. Nos macroprolactinomas, raramente a cirurgia é
curativa, mas pode ser necessária sobretudo se houver comprometimento
da visão. Sempre que possível opera-se pelo nariz, pela chamada via
transesfenoidal. Uma indicação urgente para a cirurgia, e geralmente
necessária, é a hemorragia aguda dentro do tumor (apoplexia
hipofisária). Esta complicação leva, de forma súbita, a dores de cabeça
muito intensas, à perda de visão, visão dupla (diplopia), e/ou
insuficiência hipofisária (hipopituitarismo).
4) Radioterapia: este tipo de tratamento
raramente é usado nestes tumores e só está indicado em situações em
que o tratamento clínico e/ou cirúrgico falharam ou não foram
possíveis. O controlo da doença só se verifica a longo prazo. Fonte: sbemrj.org.br
Este vídeo (em espanhol) vem mostrar a anatomia do prolactinoma:
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