"O blastoma pulmonar é um tumor primário do pulmão, raro, de mau
prognóstico e que acomete doentes mais jovens do que os portadores do
carcinoma de células não pequenas do pulmão"
Geralmente, são vistos sob a
forma de grandes massas pulmonares, sintomáticas e com metástases para
linfonodos mediastinais. Do ponto de vista anátomo-patológico, estes
tumores são bifásicos, englobando na sua estrutura componentes
mesenquimal e epitelial. Embora infrequente, este tipo de tumor deve
fazer parte do diagnóstico diferencial das neoplasias pulmonares. Os
autores apresentam um caso de blastoma pulmonar e fazem revisão da
literatura.
O tumor é composto
por uma mistura de células epiteliais e mesenquimais malignas.
Relatamos o caso de uma paciente com hemoptise e uma massa no lobo
superior direito. Apresentava uma reserva pulmonar limitada e achado
fibrobroncoscópico de comprometimento do brônquio intermediário. O
tratamento realizado através de lobectomia superior direita com
broncoplastia foi inédito. A paciente encontra-se assintomática após 36
meses de seguimento. A literatura é revisada em relação a aspectos
clínicos, anatomopatológico e tratamento.
RELATO DO CASO
Uma
paciente com 52 anos, previamente hígida, apresentou-se com quadro de
hemoptise não maciça. Negava história de tuberculose ou tabagismo. Ao
exame físico encontrava-se pálida, sem linfonodos palpáveis, e com
ausculta pulmonar diminuída à direita. O radiograma de tórax (figura 1)
mostrava uma massa pulmonar com limites indefinidos, justamediastinal,
em lobo superior direito. Ela foi inicialmente submetida a uma
fibrobroncoscopia, que demonstrou uma lesão endobrônquica a cerca de 2
cm da carina traqueal. Essa lesão ocluía a luz do brônquio lobar
superior direito e invadia o brônquio intermediário, com oclusão de
aproximadamente metade da luz deste, não sendo identificado sangramento
durante o exame. Foram realizados biópsia e lavado brônquico. O lavado
foi negativo para pesquisa micológica, micobacteriológica e
citopatológica. O exame anatomopatológico da biópsia demostrou
tratar-se de uma neoplasia mesenquimal. A paciente foi então submetida a
estadiamento sistêmico, que não demonstrou alterações.
A
tomografia computadorizada de tórax mostrava uma atelectasia do lobo
superior direito por broncoestenose oclusiva do brônquio lobar
superior, que se estendia até a porção justacarinal do brônquio
principal, acompanhada de infiltração, inclusive da parede do brônquio
principal esquerdo, e determinava invasão do ramo direito da artéria
pulmonar e do cajado da veia ázigos. Não havia sinal de invasão da
parede torácica, nem de derrame pleural (figura 2).
Pela suspeita tomográfica de invasão da veia cava superior e veia
ázigos, a investigação prosseguiu através de uma cavografia, que não
evidenciou comprometimento destas estruturas (figura 3).
Existem
dois tipos histológicos de blastoma pulmonar: o monofásico ou
adenocarcinoma fetal bem diferenciado, que é composto apenas por células
epiteliais, e o blastoma pulmonar bifásico, composto por tecido
mesenquimal maligno e células epiteliais, apresentando o tipo
monofásico um melhor prognóstico. O blastoma pulmonar ocorre
principalmente em mulheres jovens, apresentando-se a maioria dos
pacientes com uma massa periférica (média de 9 cm), com comprometimento
mediastinal, sendo tosse a queixa em 30% dos casos e hemoptise em 20%. Estudos recentes apontam uma associação com o tabagismo.
Desde o primeiro relato, em 1945, por Barrett e Barnard, foram
publicados cerca de 200 casos de blastoma pulmonar bem documentados na
literatura. Não foi encontrado pelos autores relato na
literatura de ressecção primária com broncoplastia, mas na literatura
japonesa há um caso publicado de uma pneumonectomia esquerda com
carinectomia após recidiva tumoral em coto de lobectomia superior. Fontes: sciencedirect.com / scielo.br
Assista no vídeo a seguir (em espanhol) o quadro já formado do blastoma pulmonar:
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