"Demissexual é o termo utilizado para denominar pessoas que só 
conseguem sentir atração sexual por pessoas com as quais têm 
envolvimento emocional, intelectual ou psicológico"
Geralmente, os demissexuais não traem muito em relacionamentos, não 
sentem prazer ao assistir material pornográfico (vi algumas exceções 
quando o pornô em si tem uma história, se passa com um casal 
visivelmente apaixonado), não costumam ter casos de uma noite só, não 
sentem atração primária por partes do corpo (seios, bunda, músculos), se
 sentem sexualmente atraídos por pouquíssimas pessoas durante a vida e, o
 mais importante, só conseguem ter qualquer tipo de interação e atração 
sexual quando já há um vínculo emocional.
A demissexualidade é uma das categorias presentes na chamada área cinza,
 isto é, o espaço (imagine uma escala) entre os assexuais (que merecem 
uma sessão de visibilidade à parte) e os alosexuais. São consideradas 
assexuais pessoas que não possuem interesse em sexo ou sentem repulsa 
por sexo, enquanto as alosexuais são aquelas passíveis de se sentirem 
atraídas sexualmente por qualquer pessoa (o considerado “normal”, dentro
 dos padrões). Não quer dizer que alosexuais vão sair por aí querendo 
transar com qualquer um e todo mundo; quer dizer apenas que são pessoas 
capazes de sentir atração física sexual independente de outros fatores, 
como é o emocional para demissexuais.
 O que precisa ser colocado aqui é que, para demissexuais, a atração 
sexual é POSTERIOR e DEPENDENTE de conexão 
emocional/intelectual/psicológica. Sabe quando você tá numa festa, aí 
você vê uma pessoa atraente, vai lá e fica com ela (e às vezes pega 
contato pra poder se ver de novo)? Então, eu não. Demissexuais podem até
 ver a pessoa na festa e achá-la fisicamente atraente, mas isso acaba se
 bastando como uma observação estética.
Para demissexuais chegarem a de fato ter vontade de algo físico, é 
preciso conhecer primeiro. O grau de conhecimento varia: algumas pessoas
 demi precisam de meses até conseguirem desenvolver uma conexão profunda
 ao ponto de conseguir lhes despertar vontade de contato físico; outras 
conseguem desenvolver isso mais rapidamente. Mas observe: o quanto você 
precisa conhecer uma pessoa para se sentir à vontade com ela vai de cada
 um — algumas pessoas são mais extrovertidas, outras são mais fechadas e
 por aí vai —; isso não tem a ver com a demissexualidade em si. O que 
tem a ver com a demissexualidade é que a relação física só vai ser 
desejada quando a pessoa demi já estiver sentindo a tal conexão, seja no
 tempo que for que isso levar pra se desenvolver.
Acontece que, como hoje em dia é muito comum ficar primeiro e conhecer 
depois, é muito comum também uma pessoa demissexual ficar um tempão 
sozinha. Também é muito comum acabar ficando com desconhecidos e 
desconhecidas em festas ou se envolver fisicamente sem ter uma conexão 
emocional/intelectual/psicológica numa tentativa de desenvolver isso ou 
de “ser normal”  
A masturbação para algumas pessoas demissexuais rolam sim, para outras não. No caso do 
sim, é muito simples, precisamos apenas diferenciar duas coisas: desejo 
sexual e atração sexual. A pessoa demi que se masturba tem desejo sexual
 como qualquer alosexual, o que não tem é pessoa por quem ela sinta 
atração sexual para que chegue a ter vontade de se relacionar 
sexualmente. Igualmente, dentro de um relacionamento, a pessoa 
demissexual pode sentir vontade de transar o tempo todo, já que tem ali a
 conexão necessária para tal. O desejo não depende necessariamente dessa
 orientação.
É possível o corpo responder, então, é possível a experiência ser 
fisicamente prazerosa. A diferença é que a pessoa demissexual não vai 
ter vontade de chegar a isso ou pode desenvolver repulsa posteriormente.
 Também é muito comum simplesmente não sentir nada. Isso também acontece
 com assexuais.
Uma coisa é não se relacionar fisicamente com pessoas com quem 
não temos intimidade por causa de questões morais ou religiosas; outra é
 simplesmente não ter vontade de fazer isso. Reprimir a sexualidade dos 
outros, a frequência com que outras pessoas fazem sexo e a quantidade de
 pessoas com quem elas se relacionam também não tem nada a ver com 
demissexualidade.
Algumas frases costumam ser ditas por família e gente que se importa, de maneira 
geral. O problema é que, por mais bem-intencionadas que essas frases 
sejam, elas partem de duas premissas implícitas: 1) sua vida 
afetiva-sexual é um fracasso e 2) esse fracasso é culpa sua. Em um mundo
 em que o padrão é a alosexualidade, se você se comporta de maneira um 
pouco diferente, as pessoas entendem que tem algo de errado com você e, 
sendo suas amigas, tentam te ajudar a superar isso. São frases bastante 
condescendentes e, muitas vezes, só pioram as coisas, porque aí, você 
vai lá e tenta ser menos exigente e começa a aceitar coisas que não 
fazem bem a ninguém. Você tenta ambientes diferentes e se sente mais 
estranha ainda. Você tenta ficar com “pessoas diferentes de você” e fica
 desesperada pra voltar pra casa e ver Netflix. Você tenta ficar com 
pessoas aleatórias e se arrepende. Até que você conclui que não tem nada
 de errado com você, você só não funciona dessa maneira padrão que as 
pessoas esperam, e tudo bem.
A pessoas descobre que é demissexual pela vivência, pela experiência em relacionamentos, interesses, 
paixonites, contextos de atração física e por tudo aquilo descrito nos 
tópicos acima. Fonte: revistacapitolina.com.br 







Um comentário:
Concordo em gênero, número e grau. A única coisa é que também preferia conhecer alguém como eu, não me cai bem quem vai ficando com todo mundo. Até para haver esse entendimento... Pq a gente já se pune tanto até se aceitar do jeitinho que é.
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