"A condição, muitas vezes confundida com o transtorno bipolar, pode afetar de 5% a 8% das mulheres"
Mesmo sendo oficialmente reconhecido, o transtorno disfórico pré-menstrual ainda é um tabu, com difícil diagnóstico.
TPM não é frescura. Muito menos o transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), uma síndrome severa caracterizada por sintomas intensos,
como irritabilidade excessiva, ansiedade e depressão, que acompanham o
ciclo e duram até três semanas a cada mês. Segundo informações da BBC Brasil, 5% a 8% das mulheres em idade fértil têm reações tão graves durante o período pré-menstrual que podem ser fatais.
Ciclo difícil
Os sintomas são tão intensos que podem
tornar a mulher afetada incapaz de viver normalmente. Laura foi uma
delas. Desde os 17 anos de idade, ela sofria com ansiedade e ataques de
pânico. Por causa do problema, ela não conseguia manter um emprego
estável. “Todo mês, eu me cansava tanto, que tinha que dormir 18 horas
durante três dias. Comecei a ter pensamentos suicidas”, contou à BBC.
Diagnóstico
O diagnóstico ainda é um processo
complicado. Um médico disse a Laura, hoje com 38 anos, que ela deveria
se sentir sortuda por não viver na Idade Média, pois poderiam tê-la
queimado como uma bruxa.
Enquanto isso, Sarah, que hoje tem 23 anos, começou a sentir
os primeiros sinais aos 14. “Tinha ansiedade e depressão e, com o
tempo, psicose. Eu via coisas e também tinha manias.” No começo, ela foi
diagnosticada com transtorno bipolar e passou um ano sendo tratada para a doença em uma unidade psiquiátrica hospitalar para adolescentes.
“Com frequência, o diagnóstico de TDPM é
mal feito”, disse John Studd, professor e ginecologista, para a BBC.
“Como os sintomas são cíclicos, os psiquiatras às vezes acreditam que
seja um transtorno bipolar, e então as pacientes seguem um tratamento durante anos com terapias e antipsicóticos como o lítio.”
Ser levada a sério
Com Rachael, de 35 anos, os sintomas eram ainda mais desastrosos. Desde os 14, ela tem crises de fúria
em que, segundo ela, poderia ter matado alguém. “Eu acordava no meio da
noite me sentindo furiosa sem nenhum motivo e começava a quebrar
pratos.”
Rachael só começou a entender o que acontecia quando teve
acesso a informações sobre a doença, uma década depois. “Eu li e disse:
‘Meu Deus, essa sou eu’. Eu falava para os médicos sobre o que sentia,
mas eles me davam somente antidepressivos e medicação para ansiedade.”
Antes da descoberta, ela chegou a largar a carreira como
policial e deixar os filhos com a avó por mais de um mês. “Cheguei a um
ponto em que eles iriam me internar em um hospital psiquiátrico. Em
certo momento, estava dirigindo e me deu vontade de bater contra um
caminhão.”
Tratamento e estudo
Segundo Nick Panay, presidente da Associação Nacional sobre a
Síndrome Pré-Menstrual, no Reino Unido, leva muito tempo para uma
mulher nessas condições ser lavada a sério e conseguir um tratamento adequado. Apesar disso, o problema pode ser tratado.
“[A TDPM] quase sempre é tratável”, disse Studd, que normalmente receita um gel cutâneo, com base em um tratamento hormonal de estrogênio. “Essa é a maneira segura de dominar o ciclo e os sintomas cíclicos.”
No início do ano, um estudo mostrou que parte da condição pode ser genética.
“Isso é muito emocionante”, disse Panay. “Uma vez que se encontra um
fator genético causador da doença, abre-se a possibilidade de
desenvolver um teste de diagnóstico e terapias genéticas específicas.
Mas a investigação ainda está em fase muito inicial, então não há
perspectivas imediatas de que estas opções estejam disponíveis nos
próximos anos. Mas definitivamente há progressos.” Fonte: veja.abril.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário