"Apesar de ter a mesma quantidade de substâncias tóxicas que o cigarro, as sessões são mais longas – e estimulam o compartilhamento com amigos"
Popular entre os jovens, o narguilé é uma
espécie de cachimbo de água perfumada. Apesar de parecer inofensivo, as
essências geralmente são compostas por uma mistura de tabaco com frutas
ou aromatizantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma hora de sessão de narguilé equivale a fumar cem cigarros comuns.
Embora tenha a mesma quantidade de substâncias tóxicas –
4.700, segundo o Instituto Nacional do Câncer – uma sessão com o
instrumento dura mais do que tragar um cigarro inteiro. O narguilé pode ter uma ou mais tubulações por onde o fumo chega até a boca do usuário – o que o torna compartilhável.
Riscos
Além dos riscos para a saúde relacionados ao tabaco e ao
fumo passivo, os especialistas ressaltam a possibilidade da transmissão
de doenças infecciosas devido ao compartilhamento da piteira, como
hepatite, herpes e tuberculose.
Tabacarias
O que tem preocupado os especialistas e as autoridades, segundo informações da BBC Brasil,
é o aumento do número de tabacarias voltadas para o uso de narguilés.
“A Lei Antifumo está em vigor desde 2009, mas as tabacarias entraram no
nosso cronograma de fiscalização recentemente porque percebemos um
grande crescimento desse nicho”, disse Elaine D’Amico, coordenadora de
fiscalização relacionado ao tabagismo da Vigilância Sanitária.
Pela lei, as tabacarias podem existir desde
que não ofereçam alimentos e bebidas alcoólicas e possuam sistema de
ventilação e exaustão para a saída da fumaça, caso o ambiente seja
fechado. Além disso, esses locais precisam ter placas na entrada que
alertem os visitantes dos riscos do consumo de produtos derivados do tabaco. Caso essas normas não sejam seguidas, o estabelecimento é multado. Em caso de reincidência, o local pode vir a ser interditado.
No estado de São Paulo, desde 2009, ano da implantação da
Lei Antifumo, foram inspecionados 1,7 milhão de bares, restaurantes e
tabacarias a respeito do fumo passivo. Ao todo, 3.854 multas foram
aplicadas. Segundo Elaine, parte das irregularidades estavam
relacionadas ao uso do narguilé nos estabelecimentos.
Porta de entrada
Para Jaqueline Scholz, cardiologista e coordenadora do
Programa de Tratamento ao Tabagismo do Instituto do Coração do Hospital
das Clínicas, o uso do narguilé é torna-se atrativo
aos jovens devido ao uso de aromatizantes e ao estímulo de compartilhar
com amigos, mas ainda assim tem um alto teor de nicotina. “É uma forma
antiga de fumar a que a indústria do tabaco recorreu para que não
tivesse essa imagem tão danosa”, disse a médica. “Você é atraído pelo
cheiro, pela cor. Hoje é vendido hoje com o mesmo glamour que o cigarro
no passado, mas é preciso acabar com esse mito de que o narguilé é
seguro.” Fonte: veja.abril.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário