"Pesquisadores americanos desenvolveram uma nova tecnologia que seria capaz de superar os limites atuais da terapia celular do diabetes tipo 1"
O diabetes tipo 1 ocorre quando as células beta do pâncreas,
que são as únicas capazes de produzir insulina, são destruídas por um
ataque do sistema imunológico. Estes pacientes então necessitam receber injeções de insulina por toda a vida para sobreviver. As únicas alternativas existentes a esse tratamento são o transplante de pâncreas ou o implante
das ilhotas de Langherans, que contém as células beta, procedimentos
que necessitam de tratamento imunossupressor para evitar a rejeição.
Além disso, a carência de órgãos disponíveis para os
transplantes impossibilita que sejam usados em larga escala , sendo
reservados para situações muito específicas, como para pacientes que não conseguem controlar os níveis de glicose no sangue, mesmo com o uso adequado das insulinas.
Limitações da ciência
A ciência tem enfrentado estes obstáculos
tentando multiplicar as células beta em laboratório, mas verificou-se
que à medida que a expansão desta células é induzida, estas se
desdiferenciam perdendo a capacidade de produzir insulina. Por outro
lado, as tentativas de encapsular as ilhotas de modo a protegê-las da
rejeição, permitindo transplanta-las sem o uso de imunossupressores não
tem tido êxito devido ao curto tempo de sobrevida das ilhotas
encapsuladas.
Nova tecnologia abre espaço para a cura
Pesquisadores da universidade de Utah nos Estados Unidos, liderados pelo Dr. Christof Westenfelder publicaram uma nova tecnologia que seria capaz de superar os limites atuais da terapia celular do diabetes tipo 1.
Estes cientistas criaram uma metodologia de cultivo das
ilhotas pancreáticas que permite uma expansão do número de células, de
tal modo que, ao invés de necessitarmos de dois a cinco pâncreas para
obter a quantidade de células beta necessárias para transplantar um
paciente, segundo os autores, um único órgão seria suficiente para
fornecer as células para tratar 80 pacientes.
Em conjunto com as ilhotas, os pesquisadores cultivaram
células tronco mesenquimais adultas formando estruturas tridimensionais
que contém 50% de células-tronco mesenquimais e 50% de células de
ilhotas pancreáticas. Estas estruturas chamadas de ilhotas novas (“new
islets”) foram utilizadas para o implante em modelo animal.
O papel dessas células-tronco é proteger as células da
ilhota da rejeição. De fato, sabe-se que as células-tronco mesenquimais
adultas têm capacidade imunomoduladora e anti-inflamatória. Entre outros
mecanismos, são capazes de secretar Indoleamina, substância que
“paralisa” as células imunológicas que se aproximam para atacar, deste
modo, funcionam como um escudo, evitando a rejeição das células
pancreáticas. Além disso, promoveriam a rediferenciação das células das
ilhotas, restaurando a capacidade de secretar a insulina perdida durante
o processo de cultivo.
Estudos em animais mostraram-se promissores
A eficácia desta nova tecnologia em curar o diabetes tipo 1 foi testada em camundongos
diabéticos através da injeção das “new islets ” no omento (que é uma
camada de tecido que recobre os intestinos). Nesses modelos
experimentais, o procedimento foi capaz de reverter o diabetes e a
retirada do omento que continha as “new islets” provocou o
reaparecimento do diabetes provando que a reversão do mesmo foi devida a
capacidade de secretar insulina das “new islets”
O exame das “new islets” existentes no momento retirado
mostrou a presença de células beta diferenciadas e a presença de uma
microcirculação recém-formada capaz de nutrir as células implantadas. O
implante das “new islets ” em cães normais não provocou
o aparecimento de hipoglicemia (queda dos níveis de glicose no sangue)
provando assim que a secreção de insulina pelas “new islets” era
fisiologicamente regulada.
Os desenvolvedores desta nova tecnologia criaram uma empresa
(Symbiocell Tech) e pediram autorização aos órgãos regulatórios para
iniciar os testes clínicos em seres humanos no início de 2018. Fonte: veja.abril.com.br
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