"Xenotransplante é o nome dado a qualquer procedimento que
implante em um receptor humano, tecidos ou órgãos de um animal não
humano"
A técnica foi desenvolvida para atender a constante demanda por
transplante de órgãos humanos no mundo. Mas, será que é possível
utilizar órgãos de animais em humanos?
Os transplantes de órgãos
envolvem inúmeros questionamentos (principalmente para quem está
ansiosamente aguardando por um), como uma possível incompatibilidade com
parentes bem próximos, a grande fila à espera por um doador,
riscos por conta de uma cirurgia delicada, entre outros. Para piorar,
os problemas enfrentados não ocorrem apenas antes da cirurgia: uma
“crise existencial” do nosso sistema imunológico pode rejeitar o órgão
transplantado, e acabamos voltando para estaca zero! Nos Estados Unidos,
por exemplo, 10 pacientes morrem diariamente na fila de espera
por transplantes de órgãos vitais. A verdade é que a maioria dos
países, assim como os Estados Unidos, não consegue atender a demanda de
pessoas que necessitam de um transplante, e em meio a esse triste
cenário o xenotransplante parece ser uma boa alternativa para a
resolução desses problemas!
Xenotransplante é o nome
dado a qualquer procedimento que implante em um receptor humano, tecidos
ou órgãos de um animal não humano. A técnica foi desenvolvida para
atender a constante demanda por órgãos humanos, mas o seu “ponto fraco” é
o potencial de infecção por um retrovírus que pode estar “adormecido” no genoma da espécie doadora. Como assim? Isso não é perigoso? Vamos com calma... Os doadores
não humanos que falaremos aqui são os porcos. O genoma desses animais
abriga um retrovírus “adormecido” que recebe o nome de PERV (sigla que
em inglês significa retrovírus endógenos porcinos). Em porcos, por estar
em estado latente, o PERV não prejudica os animais. O risco aparece
quando um tecido ou órgão dos porcos é transplantado e introduzido em
uma espécie diferente.
Buscando soluções para este problema,
pesquisadores americanos em parceria com instituições da China
conseguiram (através da famosa técnica de edição genética CRISPR) remover as sequências do genoma
dos porcos que abrigavam fragmentos do DNA do retrovírus, e produziram
uma primeira linhagem de porcos livres de PERVs. Os porcos foram os
animais escolhidos devido a semelhança e compatibilidade dos seus órgãos
com os órgãos humanos.
A pesquisa apesar de apresentar um
importante avanço nos estudos sobre transmissões virais entre espécies
diferentes, levanta uma discussão polêmica sobre o uso de órgãos de
porcos, em humanos. Ainda que o porco seja consumido como alimento em
muitos locais do mundo, o uso do animal em “benefício da ciência”
levanta muitos debates éticos. Além disso, a ideia de ter tecidos de
porcos “costurados” em nossos corpos pode não agradar a todos.
A intenção dos pesquisadores é que, antes
de utilizar qualquer técnica, exista um maior número de doadores humanos
disponíveis. Se ainda assim houver escassez de órgãos, a técnica de
transplante utilizando porcos, a partir da edição genética,
poderá ser utilizada. É importante ressaltar que um longo caminho deve
ser percorrido até que um primeiro transplante aconteça. Os primeiros
animais nascidos sem PERVs serão monitorados para verificar se as
alterações terão efeito a longo prazo, e outras modificações genéticas
serão testadas em busca de uma compatibilidade imunológica maior com
nossos corpos. Fontes: science.sciencemag.org / fda.gov / biologiatotal.com.br
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