"Comum em recém-nascidos, a icterícia altera a coloração dos olhos e da pele, mas não oferece grandes riscos ao bebê, desde que seja controlada adequadamente"
O que é a icterícia?
É uma alteração causada pelo aumento de bilirrubina no sangue, um pigmento amarelo fabricado naturalmente pelo organismo. Quando as células vermelhas se rompem, em um processo fisiológico, ocorre a liberação dessa substância, que vai direto para o fígado. Em seguida, ela é metabolizada e descartada por meio da urina. Como as funções hepáticas da criança ainda não estão maduras, pode haver uma deficiência nesse mecanismo – a bilirrubina fica, então, concentrada na corrente sanguínea e o tom amarelo toma conta da pele, bem como das conjuntivas (parte branca dos olhos).
Segundo os especialistas, a icterícia neonatal se 
manifesta em cerca de 60% dos recém-nascidos, não tem sintomas 
adicionais nem costuma representar grandes riscos, desde que seja 
detectada e controlada rapidamente. Caso contrário, se a quantidade de 
bilirrubina for excepcionalmente alta, há risco de o sistema nervoso 
central ser atingido pela substância, acarretando encefalopatia, uma 
lesão que está por trás da paralisia cerebral. 
A
 icterícia também pode acometer as crianças quando houver 
incompatibilidade sanguínea entre mãe e filho. Por conta dessa 
diferença, o organismo tende a acelerar a destruição dos glóbulos 
vermelhos. Quanto mais eles se rompem, maior é o acúmulo de pigmento – e
 o fígado não dá conta de depurar tudo. Em alguns casos, o problema 
requer tratamentos específicos.
Outro gatilho possível é a 
dificuldade de amamentação. O leite materno tem substâncias que 
favorecem o processamento da bilirrubina. Portanto, quando o bebê não 
mama bem, pode ficar com excesso do pigmento. Prematuros tardios (que 
nasceram com 34 a 37 semanas de gestação) são os principais afetados, 
justamente por não terem uma capacidade de sucção bem desenvolvida. 
Normalmente, a disfunção é superada assim que a ingestão de leite 
materno aumenta.
Quando ela surge?
Geralmente, a partir do terceiro dia de vida. Se for observada antes disso, deve levantar suspeita para outras doenças mais sérias no fígado. Quando surge mais tarde – após a primeira semana de vida –, é necessário descartar problemas como aleitamento materno insuficiente, além de alterações gastrintestinais.
Vale descartar a ocorrência de hepatite, herpes,
 rubéola e citomegalovírus, além de atresia biliar – uma obstrução nas 
vias biliares, que requer cirurgia. Para fazer a distinção, os médicos 
analisam se, no exame de sangue, há apenas o aumento da chamada 
bilirrubina indireta, que indica a icterícia fisiológica, ou se o tipo 
direto está circulando em maior quantidade, o que acontece por motivos 
mais graves e raros.
Como é feito o diagnóstico?
Para
 detectar a icterícia, o exame mais comum é o físico: o médico pressiona
 o dedo na testa da criança e, depois de removê-lo, nota se a pele ficou
 branca ou amarela. No segundo caso, é importante fazer uma coleta 
sanguínea na sequência para medir, com precisão, os níveis de 
bilirrubina no sangue. Assim, o pediatra consegue dar início ao 
tratamento para conter o avanço da doença (ou simplesmente acompanhá-la 
mais de perto).
Outro teste é feito com o bilirrubinômetro 
cutâneo, equipamento que, ao ser posicionado na testa da criança, 
permite a leitura de bilirrubina sem precisar dispor de uma amostra 
sanguínea. A técnica, porém, não é tão precisa quanto a primeira. Vale 
ressaltar que a quantidade de pigmento considerada inofensiva varia de 
uma criança para outra. Para calculá-la, os médicos levam em 
consideração a idade gestacional e o peso do bebê. Todas as informações 
são colocadas em uma curva pelos pediatras responsáveis, que analisam os
 dados e determinam se a alteração é ou não alarmante.
A
 Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a permanência no hospital 
por um período de 48 a 72 horas para os bebês saudáveis. As razões são 
diversas. Uma delas se refere ao fato de que, se ele for liberado antes 
da hora, a icterícia pode passar despercebida, já que a manifestação 
geralmente ocorre a partir do terceiro dia de vida. Nessa situação, se 
não houver acompanhamento, existe o perigo de a criança ter 
complicações.
Como tratar?
O
 bebê deve ser avaliado diariamente, até a normalização dos níveis de 
bilirrubina. A fototerapia é o tratamento mais indicado, mas só se a 
icterícia não regredir espontaneamente. Popularmente conhecida como 
banho de luz, a técnica expõe a criança à luminosidade emitida por 
lâmpadas específicas, que atinge diretamente a estrutura do pigmento, 
diluindo-o e eliminando-o.
Geralmente, o procedimento é realizado 
durante um ou dois dias, mas a frequência e a intensidade devem ser 
avaliadas caso a caso. Passado o momento mais crítico, os banhos de sol 
podem atuar como coadjuvantes. A rotina de amamentação
 e de demais cuidados segue a mesma, com exceção do fato de que a mãe 
pode receber alta antes do bebê. Não se desespere ao ouvir isso do 
médico! Logo, ele também será liberado (em segurança) para se unir à 
família.
A
 doença fisiológica costuma se estender de sete a dez dias e regredir 
espontaneamente – nem sempre, porém, é preciso ficar no hospital por 
todo esse tempo. Há também a possibilidade de o quadro se prolongar, 
caso não seja bem tratado ou se a oferta de leite materno for escassa.
E depois, é necessário algum cuidado especial?
Com
 os parâmetros sanguíneos normalizados, não deixe de prestar atenção à 
coloração do seu filho e consultar um pediatra, se tiver dúvidas sobre o
 estado de saúde dele. Quando os níveis de bilirrubina baixam, não quer 
dizer que a alteração sumiu de vez. Algumas vezes, a concentração do 
pigmento no sangue volta a subir, embora isso não seja comum. Por isso, é
 fundamental fazer consultas periódicas e expor o bebê ao sol por cinco 
minutos ao dia, de preferência, no período da manhã ou no fim da tarde. 
Os raios solares também ajudam a dissolver o pigmento. Fonte: revistacrescer.globo.com
 





 
 
 


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