"Você já ouviu falar sobre uma condição chamada encefalopatia
traumática crônica?"
Se você é fã de esportes de contato, como o futebol
americano, o boxe e o rugby, é bem provável que você conheça — mesmo
que brevemente — esse que se caracteriza por um problema
neurodegenerativo que é provocado por lesões traumáticas repetitivas no
cérebro, algo comum entre os esportistas que praticam as modalidades que
mencionamos e que recebem pancadas na cabeça com frequência.
Grave e difícil de diagnosticar
O problema com a encefalopatia é que, apesar de os
especialistas conhecerem os principais sintomas e como a evolução
acontece, de momento, o diagnóstico só pode ser feito após a morte da
pessoa afetada — e isso se o corpo passar por uma necropsia e o cérebro
for devidamente examinado. Segundo Dan Robitzski, do site Live Science,
é só então que os especialistas podem medir o tipo e gravidade de
lesões que as células cerebrais sofreram e confirmar a presença da
condição.
No entanto, é possível estabelecer um diagnóstico provisório
a partir da realização de alguns tipos de exames cerebrais — para
descartar outras condições — e da identificação de alguns sinais da
doença. Os sintomas apresentados pelas pessoas que sofrem de
encefalopatia traumática crônica e a severidade de suas manifestações
dependem das áreas cerebrais afetadas, mas eles incluem uma variedade de
problemas cognitivos, emocionais e físicos.
É bastante comum que os indivíduos com a condição sofram com
perda de memória, depressão, agressividade, impulsividade,
comportamento suicida, dificuldade de equilíbrio, perda de audição,
dores de cabeça, alterações oculares, problemas para engolir e a
diminuição progressiva dos movimentos musculares, entre outras coisas.
Além disso, a deterioração do quadro costuma acontecer em etapas.
Progresso
A primeira das fases da doença se caracteriza por dores de
cabeça, falta de atenção, dificuldade de concentração e perda da memória
de curto prazo, e alguns afetados também podem apresentar comportamento
explosivo, depressão e agressividade. Na segunda etapa, alguns dos
sintomas anteriores se tornam mais frequentes e intensos, e é aqui que
geralmente surgem as dores de cabeça, os pensamentos suicidas, a
impulsividade, as variações de humor e algumas dificuldades de fala.
Durante a terceira fase da encefalopatia, além do deterioro
dos sintomas, os afetados passam a apresentar declínio cognitivo, que é
caracterizado por questões como dificuldade de raciocínio e na solução
de problemas, por exemplo, assim como complicações visuais e na
percepção espacial.
O quarto e último estágio da doença é marcado pela piora de
todos os sintomas — especialmente os problemas cognitivos e os
relacionados com a perda de memória —, além de dificuldades de locomoção
e comunicação, profunda falta de atenção e concentração, paranoia,
confusão mental e demência. Infelizmente, não existe cura para a
condição e ela é irreversível.
Como você viu pelos sintomas que descrevemos e até pela
forma como a condição progride, é muito comum que ela seja confundida
com outros problemas degenerativos, como o é o caso do Parkinson e do Alzheimer.
Outra coisa importante sobre a encefalopatia traumática crônica é que,
apesar de os especialistas acreditarem que ela é provocada por pancadas
frequentes na cabeça, ela é diferente da concussão.
A concussão é um tipo de lesão cerebral que ocorre após
pancadas na cabeça nas quais o cérebro “bate” contra o crânio,
resultando em danos que são reversíveis. Já a encefalopatia traumática
crônica, em vez de ser provocada por um único episódio, se desenvolve
depois de muitos golpes na cabeça e se caracteriza por ser uma doença
degenerativa, isto é, que piora com a passagem do tempo. Fonte: livescience.com
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