"Colocar o filho muito cedo na creche dá uma dor no coração para a maioria de nós. Mas é necessário e vai ser bom pra ele"
Chegou a hora de voltar ao trabalho depois da licença-maternidade. E
agora? Babá, creche, avós… Difícil achar a solução perfeita. No mundo
ideal, teríamos creches gratuitas e de qualidade. Assim, talvez
poderíamos trabalhar mais tranquilas.
Parece distante, mas isso é
realidade em Paris, onde as mães voltam ao trabalho com a maior
naturalidade e consciência limpa quando os filhos fazem 3meses (pois é, 3
meses!). É o que relata a jornalista Pamela Druckerman no livro
Crianças Francesas Não Fazem Manha. O maior problema não é quanto vai
custar a creche ou a babá, e sim como a gente vai conseguir deixar nosso
filho “sozinho”, com outra pessoa. Para Mariângela Mendes de Almeida, mãe de Rafaela, após o nascimento do
filho, é normal e esperado que a mãe fique muito ligada à criança. Por
causa das nossas leis trabalhistas, temos que voltar ao trabalho quando o
filho faz 4 meses, e isso faz com que a gente seja trazido de volta à
realidade. É importante que a mãe esteja amparada por pessoas queridas
ou da família para que essa transição aconteça da melhor maneira
possível.
Você não precisa se sentir culpada por deixar seu filho com outra
pessoa. Aliás, não deve. Sua angústia pode passar para ele, fazendo com
que se sinta abandonado. E tem mais provas de como a culpa pode fazer
mal. “A mãe pode agir de forma compensatória quando busca o filho na
creche, cedendo aos choros, dando presentes, deixando com que a culpa
tome conta.
Tá aí um dos porquês de as crianças francesas não fazerem birra: a
falta de culpa das mães. A gente tem que se sentir segura em relação à
própria escolha, afinal, a maternidade não é só o contato físico, são as
escolhas que fazemos pelos filhos. Se a mãe estiver segura, explicar ao
bebê o que vai acontecer, se despedir dele e, quando voltar, mostrar
tranquilidade e compensar a saudade de forma natural, essa transição
acontecerá sem traumas para toda a família. Foi o que aconteceu ccom a Jamila, mãe de Valentina. Claro que foi muito difícil me
separar dela, mas ao mesmo tempo eu estava sentindo falta de produzir
algo, de ter o meu espaço, as minhas atividades além da maternidade. Até
voltar a trabalhar eu era somente a mãe da Valentina, depois voltei a
ser a Jamila que é mãe.
Babá ou berçário?
Na dúvida entre babá e berçário, Jamila escolheu o berçário, pois
teria a tranquilidade em saber que a filha estaria com profissionais
capacitados para ensinar e socorrer em casos de emergência, iria
conviver com outras crianças, e ela e o marido poderiam trocar
experiências com outros pais.
As
únicas desvantagens são que quando a minha filha fica doente preciso
recorrer aos avós ou trabalhar de casa para ficar com ela, e também não
consigo ter total controle em relação às refeições, mas certamente essa
foi a melhor escolha. Para o pai de Fernando,
Beatriz e Silvia, a preocupação das mães em relação ao berçário é que
as crianças fiquem doentes. Claro que vão ficar mais resfriadas, mas
isso é contornável, existe tratamento para grandes infecções. Hoje, as
crianças têm um sistema imune bom e são vacinadas contra doenças mais
graves.
O ideal seria que os avós cuidassem dos netos, mas estão menos
disponíveis. A opção mais atual e moderna é o
berçário. Ali, a criança terá mais estímulos do que com uma babá.
Os profissionais estão cada vez mais capacitados para interagir com as
crianças.
Foi pensando nisso que Juliana, mãe de Luca, optou por dispensar a
babá quando o filho tinha 1 ano e colocá-lo na pré-escola. “Quando o
Luca completou 1 ano, achei que faltavam atividades de estímulo e
contato com outras crianças. Por isso, decidi procurar uma escola em
período integral, achava que ele estava precisando de algo a mais do que
ficar em casa com alguém o dia inteiro”, diz a gerente de marketing.
“Se eu tiver outro filho, penso em colocá-lo no berçário desde os 4
meses, pois acho que para ele será melhor, vai se desenvolver mais
rápido e ainda haverá mais pessoas ao seu redor”, afirma.
Comidinhas
Um dos grandes fantasmas na hora de voltar a trabalhar é o desmame.
Juliana conseguia voltar para casa na hora do almoço para amamentar e
matar as saudades. Mas nem todo mundo tem a mesma facilidade! O ideal é que a
criança continue com o leite materno.
Caso a mãe não consiga ir até o filho para amamentar nem consiga
tirar o próprio leite, pode introduzir uma fórmula infantil própria para
a idade nos horários em que não estiver. A alimentação deve
ser iniciada quando a criança tiver com 6 meses, com o sistema
neurológico, muscular e digestório preparados para receber outro
alimento que não o leite. É a mãe quem deve
iniciar a alimentação para saber se a criança está comendo bem e o que
está comendo.
As mães devem passar suas recomendações ao berçário, o que a criança
deve ou não comer. Esse acompanhamento deve continuar mesmo
depois do berçário. É importante saber o que as crianças comem na
escola. Se são as mães que preparam esse lanche, também não devem
descuidar. A merenda deve ser uma fruta, um pedaço de pão com queijo ou
bolo caseiro (sem cobertura e sem recheio), um suco natural. Se
o lanche é preparado na escola, fique de olho. Às vezes, o objetivo do
lanche é agradar às crianças mais do que aos pais.
Para não ter culpa de deixar o filho na creche ou na escolinha, o
primeiro passo é saber que está deixando em boas mãos, quase tão boas
quanto as suas. Fonte: paisefilhos.com.br
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