"De acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência geral estimada de HPV entre jovens e adolescentes é de 54,6 %, dos quais 38,4 % são casos de alto risco"
Dados preliminares do projeto POP-Brasil – Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Infecção pelo HPV mostraram que a prevalência estimada da doença entre os jovens é de 54,6%, dos quais 38,4% são casos de alto risco para o desenvolvimento de câncer. As informações, foram divulgadas nesta segunda-feira pelo Ministério da Saúde.
A pesquisa, realizada em conjunto com o Hospital Moinhos de
Vento de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foi realizada em 26
capitais brasileiras e Distrito Federal. Das 7.586 entrevistas, 2.669
(35%) foram analisadas para tipagem de HPV. Dessas, mais da metade
apresentaram algum tipo do vírus, sendo que 38,4% tinham a forma mais
grave, que aumenta o risco de câncer. Todos os participantes têm entre 16 e 25 anos de idade e são usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
HPV
O papilomavírus humano (HPV, da sigla em inglês human papiloma virus) é o vírus sexualmente transmissível
mais comum e possui mais de 200 subtipos. Desse total, mais de 40 são
facilmente transmitidos pela via sexual, com o contato direto – seja
genital-genital, oral-genital ou manual-genital – da pele ou de uma
mucosa infectada.
Entre eles, cerca de 12 são considerados de alto risco e
podem causar câncer. Os subtipos 16 e 18, por exemplo, são responsáveis
pela maioria dos casos de câncer relacionados ao HPV. Já os tipos 6 e 11
não estão associados a tumores, mas são responsáveis por 90% das verrugas em regiões de mucosas, genitais e ânus.
Transmissão acontece mesmo na ausência de sintomas
Em 90% dos casos, o próprio sistema imunológico consegue
derrotar o vírus no período de dois anos. O problema é que, mesmo sem
sintomas, a pessoa pode transmitir para os parceiros.
Também é possível que a doença só se manifeste anos após ter tido
contato com alguém infectado, o que complica a tarefa de determinar
quando ocorreu a infecção. Quando a infecção se manifesta, pode causar,
tanto em mulheres quanto em homens, desde verrugas genitais, até câncer.
Prevenção
O uso do preservativo nas relações sexuais e a vacina
contra o HVP são as principais formas de se prevenir contra as doenças
causadas pelos vírus. A imunização é importante porque a camisinha não
basta para proteger contra a infecção, já que o vírus pode estar
presente em áreas que não estão cobertas pelo preservativo, como as
mucosas. Desde 2014 o Ministério da Saúde oferece a vacina a crianças e
adolescentes no Calendário Nacional de Imunização.
Impacto da vacinação
Para Adele Benzaken, diretora do Departamento de Vigilância,
Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do
Ministério da Saúde, o estudo é importante para conhecer a prevalência
da doença e medir o impacto da vacinação. “Até então,
não havia estudos de prevalência nacional do HPV que possam medir o
impacto da vacina no futuro. O sucesso da vacinação deve ser monitorado,
não somente em termos de cobertura, mas principalmente em termos de
efetividade na redução da infecção pelo HPV”, afirmou.
Perfil
A população que compôs o POP-Brasil foi,
majoritariamente, da classe C (55,6 %) ou D-E (26,6 %), seguida da
classe B (15,8 %) e somente 2% foram incluídos na classe A. Entre os
participantes do levantamento, a maioria disse estar estudando ou já ter
concluído os estudos.
A maioria dos indivíduos referiu estar em uma relação
afetiva estável, sendo que 41,9 % estavam namorando e 33,1% casados (ou
morando com o parceiro); o restante estava sem relacionamento, sendo
solteiro (24,2 %) ou divorciado (0,7 %). Somente cerca da metade dos
indivíduos (51,5%) referiram usar camisinha rotineiramente e, apenas
41,1% fizeram uso na última relação sexual. O comportamento sexual de
risco foi observado em 83,4 % dos entrevistados, sendo que a média de
parceiros sexuais no último ano foi de 2,2 e a média de parceiros nos
últimos 5 anos de 7,5.
Saúde sexual
Quanto à saúde sexual, a média de idade de
início da atividade sexual foi de 15,3 anos sendo 15,4 anos para
mulheres e 15,0 anos para homens. Entre as mulheres, 47,7 % já
engravidaram, sendo que dessas, 63,4 % tiveram um filho e 35,4 % tiveram
2 ou mais.
O estudo indicou ainda que 16,1% dos jovens têm uma doença sexualmente transmissível
(DST) prévia ou apresentaram resultado positivo no teste rápido para
HIV ou sífilis. Os dados finais deste projeto serão disponibilizados no
relatório a ser apresentado ao Ministério da Saúde em abril de 2018.
Exame periódico
A realização periódica do exame papanicolau, que identifica
possíveis lesões precursoras do câncer e que, se tratadas precocemente,
evitam o desenvolvimento da doença, também é outro aliado no combate à
doença.
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