"Sim, não apetece muito pedir desculpa, mas é essencial a qualquer
relação humana. Pedir perdão significa mostrar arrependimento"
É um ato
de humildade em que se admite que não se procedeu da melhor forma, ou
que a forma como se agiu não teve em contar o melhor para o outro, o
que, mesmo sem perceber prejudicou ou magoou o outro.
Algumas pessoas mais inseguras estão sempre a pedir desculpa, mas
nestes casos é mais uma questão de “tic” por insegurança do que um
pedido de desculpas por arrependimento.
É difícil pedir perdão porque implica humildade e implica mudar de
uma lógica de “ganhar ou perder” para uma logica de “dar e receber”. Por
exemplo, numa discussão uma pessoa que tenha o objetivo de “ganhar” a
discussão vai argumentar e defender as suas ideias mesmo que o outro
possa não as estar a receber da melhor forma. O foco da pessoa é o “eu” e
o que acaba por acontecer dentro desta lógica é alguém ficar magoado
por perder a discussão ou por se sentir obrigado a ceder.
Já numa lógica
de “dar e receber”, o foco é a outra pessoa, e o objetivo é dar, por
exemplo, uma crítica construtiva que ajude o outro a crescer. Nesta
lógica existe também a oportunidade, mesmo que não se concorde com a
opinião do outro, de receber outro ponto de vista ou até de mudar a
forma de pensar. Contudo, o problema é que quando se está magoado ou a
sentir emoções intensas há uma tendência maior para atitude mais
defensiva (“ganhar ou perder”).
A grande dificuldade em pedir perdão prende-se com o facto de que nem
sempre resulta conforme as expectativas. Isto é, a outra pessoa pode
não aceitar o pedido. A não aceitação da outra pessoa do pedido de
perdão pode relacionar-se com uma falta de disponibilidade ou com a
possibilidade de a pessoa não estar preparada para perdoar. A grande
questão é que o perdão é um processo, e por isso, como na paixão, não se
pode forçar.
Existem três resoluções possíveis para uma rutura: 1. Perdão e
reconciliação; 2. Perdão sem reconciliação; 3. Abrir mão da relação.
Explicando melhor na primeira hipótese o outro perdoa, e a relação volta
à normalidade. Na segunda hipótese, “perdão sem reconciliação”, a outra
pessoa pode ser capaz de perdoar, mas não ser capaz, no momento, de
voltar a confiar. Neste caso a relação passa a ter limites diferentes.
Por fim, abrir mão de uma relação significa perceber que não há
reconciliação e perdão possível no momento. Por isso é tão difícil pedir
desculpa, por existe sempre a hipótese da outra pessoa não estar
preparada para perdoar ou não querer uma reconciliação.
A grande vantagem de pedir perdão é que depois, se existir perdão e
reconciliação, a relação fica fortificada. O que acontece é que depois
de passarem por uma dificuldade juntas, depois de resolverem um
conflito, as pessoas, sentem-se mais próximas, unidas e com mais
confiança.
Contudo, é preciso que o pedido seja genuíno, senão pode-se correr o
risco de estar apenas a tapar uma fenda na parede com cimento,
inevitavelmente a fenda volta a abrir. Às vezes é preciso “destruir”, e
construir de novo, isto é, ter coragem de falar abertamente e com
sinceridade sobre um assunto muitas vezes difícil e delicado. De outra
forma corre-se o risco de ir acumulando assuntos mal resolvidos e de se
ir instalando tensão na relação. Assim, mais tarde, “por uma gota de
água”, surgem todos os assuntos mal resolvidos de uma só vez e com mais
ativação emocional. Se isso acontecer torna-se muito mais difícil que
exista perdão e reconciliação.
Essencialmente, pedimos perdão porque é a única solução que temos
para o facto de sermos humanos, e como seres humanos, em algum momento
existe a possibilidade de errar numa relação. Talvez aceitar a sua
humanidade seja um bom primeiro passo para quando surge a pergunta:
Porquê pedir perdão? Fonte: oficinadepsicologia.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário