"Gerenciar o fracasso ou o incômodo emocional causado pelas
situações em que não obtivemos o resultado esperado é uma tarefa
cotidiana"
Antes de um novo projeto, seja financeiro, acadêmico
ou pessoal, nos fazemos sempre a mesma pergunta: e se eu falhar? Não há
pergunta que nos assuste mais, porque o sucesso é o que mais nos
importa. No entanto, nos preocupamos em ter uma boa estratégia para
sabermos levantar quando caímos? Porque muitas vezes esse é precisamente
o princípio do sucesso.
Ser capaz de superar as falhas, os problemas, a frustração
ou até mesmo o estresse pode significar a diferença entre obter sucesso
ou afundar em um poço de difícil saída. Por isso, devemos trabalhar não
apenas para alcançarmos nossos objetivos, mas também para sabermos como
gerenciar o fracasso.
O que entendemos como sucesso?
O sucesso depende de cada situação e de cada pessoa. Em
geral, está associado à esfera financeira e profissional. Um bom
salário, resultado de possuir um bom trabalho. No entanto, o sucesso
está materializado em muitos planos da nossa vida. A desejabilidade
social, a qualidade das relações sociais que estabelecemos, encontrar a
pessoa que nos completa.
Nem sempre iremos obter tudo o que queremos, e saber como reagir a
essas situações nos ajudará a lidar melhor e também a ficarmos mais
fortes.
O que entendemos como enfrentamento?
O enfrentamento envolve uma série de pensamentos, processos
cognitivos que orientam nosso comportamento para a resolução do
problema. Estamos continuamente mudando a maneira como
procedemos, dependendo dos recursos que temos ou das exigências geradas
pelo entorno, ou por nós mesmos.
E quais são essas estratégias? Talvez pensemos em processos
específicos de grande elaboração. No entanto, qualquer tipo de resposta
que damos imediatamente a um acontecimento (seja bom ou ruim), irá
assumir um método de enfrentamento. Assim, chorar pelo término de uma
relação já é uma técnica de enfrentamento, bem como sair em uma noite de
festa com seus amigos, ir à academia
para se “desconectar” ou ficar assistindo a uma maratona de seus filmes
favoritos. Todas são diferentes umas das outras, mas igualmente válidas
para gerenciar essa sensação de mal-estar.
Estratégias gerais
Podemos distinguir, em um primeiro momento e de forma bem geral, dois tipos de estratégias:
- Estratégias de resolução de problemas: aquelas que visam a mudança do problema. Este último foi a causa da geração de mal-estar, por isso, modificando-o, busca-se transformar a situação.
- Estratégias de regulação emocional: adaptação da resposta emocional que damos ao problema. Ou seja, pode ser entendido como um mecanismo de autocontrole. Nós nos adaptamos ao estímulo da solução dada.
“Se o plano não funciona, mude o plano, não mude o objetivo.”
-Anônimo-
Nem todas as estratégias resolvem positivamente o conflito.
Podemos responder em um determinado momento de uma certa maneira, mas
as consequências emocionais posteriores podem não ajudar a melhorar a
situação. Pelo contrário, podem até piorá-la. Por exemplo, se
respondemos com um grito (regulação emocional) a uma pessoa que tenha
nos feito mal, a situação segue inalterada. Mas, além disso, perpetuamos
esse dano, agravando o conflito já existente.
Formas de gerenciar o fracasso
Lazarus e Folkman foram os precursores do estudo da nossa maneira de
gerenciar o fracasso e suas repercussões. Eles avaliaram e classificaram
os pensamentos e as ações que realizamos para lidar com diversos
problemas que podemos enfrentar ao longo de nossas vidas.
No total, existem oito estratégias que abrangem tanto as que se referem à resolução de problemas quanto à regulação emocional.
Por sua vez, cada uma delas consiste em uma série de itens refletidos
em diferentes formas de comportamento ou de pensamento; formas que abrangem as diferentes maneiras que as pessoas têm para solucionar os problemas que podem enfrentar. Isso foi coletado em um questionário, o famoso Ways of Coping.
Tipos de estratégias para gerenciar o fracasso
- Confrontação: a pessoa volta à realidade para tentar modificá-la, e de alguma maneira procura se reerguer desse fracasso tentando novamente. Às vezes essa estratégia envolve grandes riscos, uma vez que implica que a pessoa tem que investir mais recursos, seja para conseguir essa nova oportunidade, seja para garantir o sucesso.
- Distanciamento: contrário ao anterior. Neste caso, o sujeito tenta se distanciar do que ocorreu, especialmente quanto às suas atribuições, tentando minimizar seu papel no ocorrido.
- Autocontrole: os esforços da pessoa se concentram em controlar as emoções. Não significa não fazer nada, trata-se de uma ação mental.
- Apoio social: essa estratégia se baseia em encontrar apoio no ambiente que nos cerca. Às vezes a externalização do que sentimos pode nos ajudar a nos concentrarmos melhor no problema. Falar com outras pessoas, que nos escutem e nos aconselhem, pode nos ajudar a ver as coisas a partir de outra perspectiva.
- Aceitação de responsabilidade: reconhecer o papel que cada um desempenhou no desenvolvimento do que aconteceu. Aceitar o fato de que podemos ter sido culpados e concentrar a resolução do problema em nós mesmos.
- Escape ou evasão: fantasia sobre possíveis soluções que poderia realizar, mas não se coloca em movimento de fato. Outras estratégias que se enquadram nesse grupo podem ser mais ativas, mas também correspondem a esse esquema de evasão: comer, beber, fumar, etc.
- Planejamento: desenvolvem possíveis estratégias para resolver o problema como método de enfrentamento. O planejamento também pode significar traçar um plano de ação para minimizar as perdas associadas a esse fracasso.
- Reavaliação positiva: perceber os aspectos positivos que podemos obter com o fracasso. É entendido popularmente como enxergar “o lado bom da situação”.
Resumindo, a vida é uma aprendizagem
constante. Poucas vezes o caminho que tomamos segue o curso desejado e,
nesse sentido, pode surgir a sensação de fracasso ou o sentimento de
frustração. Algo normal, não há nada de patológico nisso. No entanto, nossa
oportunidade de crescer e aprender com o acontecido aparece quando
colocamos em movimento nossos recursos emocionais para gerenciar esse
fracasso. É quando surgem as lições fundamentais que sentimos na própria pele e que nos tornam ainda mais sábios. Fonte: amenteemaravilhosa.com.br
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