"Onirismo em medicina se refere a um estado mental que
costuma ocorrer em síndromes confusionais e é constituído por um
conjunto de alucinações visuais interagindo entre si e com o "sonhador" enquanto este está acordado"
É um sintoma de transtornos psicóticos, transtornos degenerativos, mania, abuso de substâncias que tenham efeitos alucinógenos ou ao menos de prolongada privação de sono (quanto mais, mais provável, começando após 24h acordado).
A confusão entre realidade e sonho é um tema recorrente em diversas peças de teatro, filmes, livros, poesias, quadrinhos e desenhos animados. Frequentemente é interpretado como uma experiência sobrenatural, podendo ser punida ou estimulada socialmente de acordo com a cultura da região e as características peculiares de cada onirismo. O que define um delírio onírico como patológico e precisando de tratamento ou adequado e saudável são a existência de prejuízos ao indivíduo e a sociedade.
Características
As
cenas vividas no onirismo, predominantemente expressas em alucinações
visuais, podem também acompanhar-se de alucinações tácteis: assim como
se passa nos sonhos lúcidos, onde são raras, também, as alucinações auditivas. A pessoa consegue interagir com o onirismo de forma semelhante a que interage com sonhos e pesadelos.
Quando diversas alucinações visuais formam uma história integrada ela pode ser definida como uma cena onírica,
ou, quando a história é baseadas em objetos existentes que interagem
apenas na percepção distorcida pelo sujeito ela pode ser definida como delírio onírico. A diferença entre delírio onírico e alucinação
onírica é que o delírio é desencadeado por um estímulo perceptível
objetivamente (como ver um objeto imóvel se movendo) enquanto a
alucinação não tem base na realidade objetiva (como ver objetos imaginários).
Essas percepções distorcidas geralmente ocorrem em um estado alterado de consciência, com confusão mental, reflexos lentos, percepções e processos de orientação e de identificação, do que resulta em dificuldades no processamento cognitivo. Quando é causada por abstinência de uma droga é chamada de Delirium Tremens.
Onirismo e religião
Existe
uma forte associação entre delírios e religião em todo o mundo. No
Brasil os índices de delírios religiosos estão entre 15% e 33%. Os
delírios religiosos costumavam ser mais incapacitantes, mais frequentes,
mais graves, mais bizarros, possuem menor adesão pelo paciente ao
tratamento médico e psicológico e necessitavam de mais medicamentos.
Pacientes que relataram estar curados através de religião tiveram
maior frequência de recaída que os outros pacientes. Pacientes que
passaram por exorcismo ou feitiçaria tiveram novos episódios com quatro vezes mais frequência.
Pierre (2001) defende que, para que as crenças ou as experiências
religiosas sejam patológicas, elas precisam causar prejuízos
significativos a própria pessoa ou a outros. Se o desempenho social ou
funcional não for prejudicado e não houver sofrimento psicológico nem
causar danos ao organismo, então a crença ou experiência religiosa não é
considerada patológica. É possível até que a religião ajude como enfrentamento
de um evento estressante se focalizado no controle das emoções
desagradáveis. E é a gravidade do prejuízo e do risco para si mesmo e
para os outros que vai determinar se e como deve ser feito o tratamento.
Causas
As principais causas são as psicoses, intoxicações (como por alcoolismo e de outras toxicomanias), demências (como Alzheimer, Demência vascular, Mal de Parkinson), epilepsia, transtornos neurológicos ou mesmo circulatórios (como hemorragias), febre alta, trauma cerebral e outros.
O excesso de estimulação neurológica nas áreas responsáveis pela percepção pela dopamina está associado a delírios e alucinações. Uma importante característica do onirismo é o isomorfismo:
a forte relação entre o conteúdo do sonho e os atos motores encenados
pelo paciente e observados pelos outros. Por isso, é provável que o tronco cerebral
tenha um papel importante na geração dos sonhos e dos atos motores
encenados. O tronco cerebral possui centros integrados de motricidade
capazes de gerar comportamentos motores. A hipótese mais provável é que o
centro integrado de motricidade está gerando uma co-ativação ascendente
dos córtex e sonhos e ativação descendente do onirismo. Isso indica um mecanismo etiopatogênico em comum entre sonhos e onirismo.
Tratamento
O
tratamento do onirismo reduz-se, de um modo geral, ao tratamento das
suas afecções causadoras, sendo necessário diferenciar a sua origem como neurótica (mais branda e racional, mantendo o funcionamento social do indivíduo) ou psicose (mais extraordinária, seguindo uma lógica bastante pessoal). No caso de transtorno psicótico pode ser necessário o uso de antipsicóticos
e acompanhamento a longo prazo para segurança do próprio paciente e das
pessoas que estiverem próximas. Recomenda-se acompanhamento psicológico
principalmente quando é resultado de comportamentos (como se recusar a
dormir, ou usar drogas...). Fonte: pt.wikipedia.org
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