"Transferência
e contratransferência são dois termos fundamentais da psicanálise. Eles servem
como pilares para a prática clínica, já que são uma parte fundamental da
relação analítica.
Além disso, embora sejam dois conceitos diferentes, ao mesmo
tempo a transferência e a contratransferência são claramente inseparáveis"
Transferência
Freud (1914-1969) entende que a transferência é (...) apenas um fragmento da repetição e que a repetição é uma transferência do passado esquecido (...) para todos os aspectos da situação atual (p.166). A transferência é designada pela psicanálise como um processo através do qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos, num certo tipo de relação estabelecida, eminentemente, no quadro da relação analítica. A repetição de protótipos infantis vividos com um sentimento de atualidade acentuada. Classicamente a transferência é reconhecida como o terreno em que se dá a problemática de um tratamento psicanalítico, pois são a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua resolução que as caracteriza (LAPLANCHE & PONTALIS, 2004).
A transferência e a contratransferência são fenômenos que estão presentes em toda relação interpessoal, inclusive na entrevista. Na transferência o entrevistado atribui papéis ao entrevistador, e se comporta em função dos mesmos, transfere situações e modelos para a realidade presente e desconhecida, e tende a configurar esta última como situação já conhecida, repetitiva. No entender de Gori (2002), repetindo transferencialmente, evoca-se a lembrança e é somente por meio da lembrança que temos acesso à história [...] Por meio da transferência é forjado num lugar intermediário entre a vida real e um ensaio de vida, para que o drama humano possa ter um desfecho (p.78).
A articulação do
conceito de “momento sensível”(grifo da autora) passa pelo posicionamento do
terapeuta. Esse instante preciso determina os mecanismos que instalam a
transferência. Com efeito, é o momento em que uma relação de trabalho se torna
possível. A abertura ao outro, a espera de ajuda vinda do exterior é forte e
expõe o paciente tanto ao melhor quanto ao pior dessa interação (GOLDER, 2000).
Nessa perspectiva, Gilliéron (1996) diz que todos os pacientes procuram obter alguma coisa do terapeuta. Eles não buscam apenas a cura de um sintoma, mas também certa qualidade de relação (p.14). Os entrevistados revelam aspectos irracionais ou imaturos de sua personalidade, seu grau de dependência, sua onipotência e seu pensamento mágico.As transferências negativas e positivas podem coexistir num mesmo processo, embora, quase sempre com predomínio relativo, estável ou alterado, de uma delas. Segundo Sang (2001), é a situação analítica e não a sua pessoa o que levou a paciente a se apaixonar por ele, isto é, que o amor de transferência é essencialmente impessoal. [...] o analista não deve nem reprimir nem satisfazer as pretensões amorosas da paciente. Deve sim, tratá-las como algo irreal (pp.319-20). No que é confirmado por Yalom (2006), quando diz que os sentimentos que surgem na situação terapêutica. Geralmente pertencem mais ao papel que à pessoa, é um equívoco tomar a adoração transferencial como um sinal de sua atratividade ou charme pessoal irresistível (p.175).
Contratransferência
Nessa perspectiva, Gilliéron (1996) diz que todos os pacientes procuram obter alguma coisa do terapeuta. Eles não buscam apenas a cura de um sintoma, mas também certa qualidade de relação (p.14). Os entrevistados revelam aspectos irracionais ou imaturos de sua personalidade, seu grau de dependência, sua onipotência e seu pensamento mágico.As transferências negativas e positivas podem coexistir num mesmo processo, embora, quase sempre com predomínio relativo, estável ou alterado, de uma delas. Segundo Sang (2001), é a situação analítica e não a sua pessoa o que levou a paciente a se apaixonar por ele, isto é, que o amor de transferência é essencialmente impessoal. [...] o analista não deve nem reprimir nem satisfazer as pretensões amorosas da paciente. Deve sim, tratá-las como algo irreal (pp.319-20). No que é confirmado por Yalom (2006), quando diz que os sentimentos que surgem na situação terapêutica. Geralmente pertencem mais ao papel que à pessoa, é um equívoco tomar a adoração transferencial como um sinal de sua atratividade ou charme pessoal irresistível (p.175).
Contratransferência
Na
contratransferência emerge do entrevistador reações que se originam do campo
psicológico em que se estrutura a entrevista. Porém, se constitui, quando bem
conduzida, num indício de grande significação e valor para orientar o
entrevistador no estudo que realiza. Seu manejo requer preparação, experiência
e um alto grau de equilíbrio mental, para que possa ser utilizada com validade
e eficiência. Na contratransferência, salienta Gilliéron (1996), as emoções
vividas pelo analista são consideradas reativas às do paciente, vinculando-se,
portanto, ao passado deste último, e não dizendo respeito diretamente à pessoa
do analista. Manfredi (apud ZASLAVSKY & SANTOS, 2005, p.296), distingue
cinco tendências de abordagens desta questão:
1 - A contratransferência não é mais considerada como uma criação unicamente do paciente, por ignorar a transferência do analista;
2 - É problemático diferenciar a contratransferência normal da patológica (os dados à disposição do analista não permitem, quase sempre, uma diferenciação);
3 - A tolerância à contratransferência já seria suficiente, dada aqui, a dificuldade da diferenciação dos sentimentos envolvidos na dupla;
4 - Devia-se, mais sábia e humildemente, fazer também a rota inversa: procurar no paciente, e não só procurar no analista;
5 - A questão do confessar ou não, ou confessar/revelar até quando/quanto, os sentimentos contratransferências despertados.Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como auxiliar no trabalho do psicólogo, não é o bastante a sua compreensão ou domínio teórico e técnico que fundamenta e norteia sua prática, mas também de experiências que são adquiridas em rollyplays através de estágio, supervisão; laboratório ou oficinas de sensibilidade.
1 - A contratransferência não é mais considerada como uma criação unicamente do paciente, por ignorar a transferência do analista;
2 - É problemático diferenciar a contratransferência normal da patológica (os dados à disposição do analista não permitem, quase sempre, uma diferenciação);
3 - A tolerância à contratransferência já seria suficiente, dada aqui, a dificuldade da diferenciação dos sentimentos envolvidos na dupla;
4 - Devia-se, mais sábia e humildemente, fazer também a rota inversa: procurar no paciente, e não só procurar no analista;
5 - A questão do confessar ou não, ou confessar/revelar até quando/quanto, os sentimentos contratransferências despertados.Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como auxiliar no trabalho do psicólogo, não é o bastante a sua compreensão ou domínio teórico e técnico que fundamenta e norteia sua prática, mas também de experiências que são adquiridas em rollyplays através de estágio, supervisão; laboratório ou oficinas de sensibilidade.
É preciso desenvolver
a sensibilidade para entrevistar, aprender ser empático, saber lidar com a
própria subjetividade e com a subjetividade do outro (entrevistando),
facilitando assim que seu universo, um tanto livre das “ameaças”, se
descortine. O entrevistador precisa adquirir à habilidade da “dissociação
instrumental”, e ser capaz de adentrar esse universo, sem juízo de valor, sem
preconceito, para que assim possa estar com o Outro, conhecer, não temer, se
perder e se achar e, finalmente, voltar à realidade do contexto.
E agora, de posse de sua bagagem técnica tecer suas observações, ponderações e considerações, de modo axiomático, considerado que a utópica da neutralidade sempre deverá ser perseguida. Os princípios éticos serão avivados em cada encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir uma aura de prevalência sobre a pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve ser respeitado. O que não significa ser “meloso”, por demais e muito menos autoritário.
O entrevistador deve habilitar-se em se inscrever na virtualidade da distância e proximidades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa na figura do profissional imbuído da intenção singular de realizar uma atividade sem perder sua essência humana.
E agora, de posse de sua bagagem técnica tecer suas observações, ponderações e considerações, de modo axiomático, considerado que a utópica da neutralidade sempre deverá ser perseguida. Os princípios éticos serão avivados em cada encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir uma aura de prevalência sobre a pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve ser respeitado. O que não significa ser “meloso”, por demais e muito menos autoritário.
O entrevistador deve habilitar-se em se inscrever na virtualidade da distância e proximidades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa na figura do profissional imbuído da intenção singular de realizar uma atividade sem perder sua essência humana.
Nesse investida, é
fundamental que o profissional se “conheça”, e que faça de rotineiras as
reflexões sobre suas atitudes, postura e comportamento, bem como de que tenha
também flexibilidade em reformulá-los, quando a necessidade aponte. Muito do
trabalho do psicólogo certamente vem em consequência do auto “mergulho” que lhe
dará a base na qual se apoiam à sua atuação e intervenção com toda
transparência. Fonte:
portaldaeducacao.com.br
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