"As formas e recursos para tratar as doenças ou manter a qualidade de
vida são diversas e antigas. Mesmo antes da medicina com base
científica, pessoas recorriam a tratamentos naturais e tradições
milenares para cuidar do corpo e da mente"
Ainda que uma série de terapias, tratamentos e medicamentos tenham
sido estudados e desenvolvidos, as formas tradicionais ou naturais de
lidar com a saúde não caíram em desuso.
Aliás, aliadas aos conhecimentos mais modernos, as medicinas natural e
alternativa mantêm seu espaço entre a sociedade, evidenciando os
benefícios de recorrer a ambas. Nesse cenário, está a quiropraxia.
Uma terapia milenar que tem sido aprimorada, estudada, desenvolvida
e, por isso, estabelecido status de profissão em esfera mundial.
Com pesquisas e levantamentos que apoiam os benefícios da prática, a
quiropraxia é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e
conta com a Federação Mundial de Quiropraxia, com 87 associações
nacionais participantes.
O que é Quiropraxia?
A quiropraxia é uma abordagem que diagnostica, trata e previne
condições de diversas regiões, como articulações, músculos, tendões,
vértebras e nervos, considerando os impactos que podem ocorrer também no
organismo como um todo.
Evitando ao máximo o uso de medicamentos e cirurgias, é sobretudo
através do manuseio corporal do paciente que o profissional ajusta,
alinha e estabiliza as estruturas anatômicas.
Trata-se de uma das terapias manuais mais utilizadas e que dá enfoque
na manutenção e restauração da saúde, estabelecendo uma relação entre a
estrutura (corpo) e a função (desempenho).
Mais especificamente, se os impulsos (função) que partem do sistema
nervoso e passam pela coluna vertebral estão ocorrendo adequadamente até
chegarem aos sistemas muscular e esquelético (estrutura).
Para a quiropraxia, ocorrem subluxações entre as vértebras — mínimos
desalinhamentos da coluna que são muito pequenos para configurar um
luxação — que podem gerar consequências neurofisiológicas, denominado
complexo de subluxação vertebral.
Ou seja, aquela dor nas costas, assimetria corporal ou falta de flexibilidade podem ser resultado de pequenos desajustes vertebrais.
A quiropraxia, então, recorre ao manuseio corporal para ajustar ou
tratar alterações relacionadas ao sistema nervoso, muscular ou vertebral
— geralmente de forma interligada —, sem o uso de medicamentos e
evitando, sempre que possível, os procedimentos cirúrgicos.
Mas vale ressaltar que os ajustes da coluna são apenas uma das ações
do quiropraxista, pois o tratamento consiste no planejamento terapêutico
englobando o organismo como um sistema complexo.
Para isso, o profissional também pode vincular exercícios focados,
compressas, conselhos comportamentais (como mudanças na alimentação) e
métodos para redução de estresse. Apesar do foco do quiropraxista ser a coluna vertebral, todo o organismo pode ser tratado com a terapia.
Isso porque o manuseio vertebral e as demais indicações do
profissional (como postura e exercícios) auxiliam alegadamente na
redução da inflamação e na liberação dos nervos, promovendo resultados
diversos, como melhorias nos sistemas respiratório e digestivo, por
exemplo.
Em geral, a primeira coisa associada à sessão de quiropraxia são os
estalos. Mas o objeto não é, necessariamente, fazer as articulações
estalarem, sendo apenas uma consequência do ajuste vertebral.
Origem
Quiropraxia vem do grego “Quiro” (mãos) e “Praxis” (praticar), sendo
algo como “feito com as mãos”. Apesar das terapias manuais serem
milenares, a quiropraxia tem um histórico mais recente, sendo que o
método foi desenvolvido em 1895, nos EUA.
No Brasil, a quiropraxia foi relatada em 1922, mas somente nos
anos 2000 que o primeiro curso de graduação foi implementado nos padrões
dos Conselhos de Educação em quiropraxia e pela OMS.
Atualmente, o Brasil conta com 2 cursos reconhecidos pelo MEC e mais de 800 profissionais atuantes.
Quiropraxia e o sistema neuromusculoesquelético
A quiropraxia trabalha sobretudo com os ajustes da coluna vertebral,
mas o objetivo é promover um alinhamento corporal complexo e
interligado. O que significa que os sistemas muscular, nervoso e
esquelético são beneficiados. Por isso, para compreender a terapia, é preciso entender um pouco sobre cada um desses sistemas:
Sistema nervoso
O sistema nervoso fica na base do cérebro e, visualmente, se parece
com a raiz de uma árvore, em que cada segmento está ligado às atividades
e funções do corpo. A medula espinhal recebe e transmite os impulsos nervosos,
controlando e promovendo sentidos, movimentos e funções do corpo, como
andar ou controlar o fluxo sanguíneo.
As vértebras funcionam como estruturas protetoras à medula espinhal,
pois elas têm uma espécie de canal interno, por onde a medula passa e
fica protegida de impactos e traumas externos. O alinhamento correto da coluna permite que a transmissão de impulsos
seja devidamente realizada. Quando há subluxações ou disfunção
articular (pequenos desajustes da coluna), eles são capazes de afetar
sistemas e funções corporais em graus diversos — desde dores leves até
dificuldade de caminhar ou escutar.
Coluna vertebral
A coluna vertebral é um segmento formado por estruturas ósseas
(vértebras) e discos intervertebrais, mas que apresenta também
ligamentos, tendões e músculos.
As vértebras em geral são responsáveis pela sustentação do corpo, mas
a coluna vertebral tem estruturas que a tornam responsável também pela
movimentação: os discos invertebrais.
Como há um segmento flexível e relativamente maleável, o corpo pode
se dobrar, curvar e torcer sem causar danos aos ossos. Além disso, os
discos intervertebrais também absorvem impactos. Naturalmente, a coluna é dividida em 4 partes, que são a cervical
(parte próxima ao pescoço), torácica (parte superior das costas), lombar
(parte baixa das costas ou região da cintura) sacro e cóccix (região
pélvica).
As curvaturas naturais são necessárias para dar estabilidade ao
corpo, pois seria bastante difícil para o ser humano se manter em pé,
ereto, se as costas fossem absolutamente retas e inflexíveis. Atividades comuns, como andar, correr, sentar e carregar peso, geram impactos ao organismo em diferentes níveis.
Chamados de estresse, esses impactos, que são normais, atingem
estruturas do corpo, como músculos, respiração, ossos, fluxo sanguíneo
e, principalmente, a coluna. Por exemplo, carregar mochilas pesadas pode impactar na postura, fazendo com que a coluna fique mais curvada (cifose ou hiperlordose), gerando dores. Porém, há ainda outro aspecto bastante importante para a quiropraxia. As vértebras não são blocos de ossos, mas sim estruturas que formam
uma espécie de canal ou tubulação. Por dentro delas passa a medula
espinhal e uma série de nervos conectam a região da coluna a diferentes
partes do corpo.
É através desses nervos que os comandos ou mensagens cerebrais são
enviados ao corpo e chegam aos músculos, por exemplo. Ou seja, o
movimento não surge no músculo.
Quando você deseja movimentar uma perna, os impulsos são emitidos na
região motora do córtex cerebral, passam pela medula espinhal,
conduzem-se pelos nervos e, finalmente, chegam aos músculos, resultando
na movimentação — tudo isso em um processo bastante rápido e constante. A região cervical (parte próxima ao pescoço), por exemplo, está
relacionada à medula oblongata, que é responsável por algumas atividades
como regulação do batimento cardíaco, dilatação ou estreitamento de
vasos sanguíneos e contrações musculares do esôfago (ajudando na
condução de alimentos até o estômago).
Atividades como audição, percepção de sabores, salivação, ação
digestiva e controle muscular de algumas regiões estão centradas na
parte cervical. Por isso, alterações ou disfunções da coluna vertebral podem afetar o bom funcionamento sobretudo dessas atividades.
Sistema muscular
Os músculos são tecidos que recobrem os ossos e participam da
movimentação corporal. Como eles auxiliam na estabilidade e equilíbrio
corporal, alterações ósseas e má postura podem causar dores, limitações e
disfunções musculares.
Entre os músculos mais envolvidos na sustentação da coluna estão os
extensores (costas e glúteos), os flexores (abdominais e da região do
quadril) e os oblíquos (músculos laterais). Juntos, eles envolvem
principalmente as regiões do abdômen até as pernas.
Para que o corpo se movimente adequadamente e a pessoa possa
desempenhar suas atividades diárias normalmente, é preciso que a
condução de estímulos nervosos esteja adequada e possa chegar aos
músculos. Então, se houver alterações no meio do percurso — entre sistema
nervoso e tecido muscular —, o organismo é afetado em intensidades
diversas.
O que é uma subluxação?
Subluxação é um termo empregado para definir alterações bastante
pequenas no posicionamento das vértebras, mas que, devido à dimensão,
não compõem uma luxação. Podem gerar dores, redução de mobilidade e até
interferência na transmissão de impulsos nervosos, afetando a
integridade do organismo.
Provocando um desalinhamento milimétrico no segmento da coluna, os
orifícios que dão passagem aos nervos (chamados de forame
intervertebral) são diminuídos, causando compressões e irritando os
nervos. Quando ocorrem danos aos nervos, outras funções do corpo são afetadas, resultando no Complexo de Subluxação Vertebral, que é o conjunto de alterações desencadeadas pelo desajuste vertebral.
É bastante difícil evitar as subluxações, logo que os fatores
desencadeantes estão presentes na grande maioria das atividades do ser
humano. As quedas, batidas e traumas, ainda que leves, são os mais intensos,
mas a postura, o uso de alguns medicamentos ou drogas, o álcool, além de
fatores emocionais (estresse, ansiedade, tristeza) também estão envolvidos. Lembrando que essas alterações, ainda que bastante pequenas, podem
gerar grande desconforto e interferir na ação de outros sistemas. Assim,
podem ocorrer:
- Prejuízos na entrega de nutrientes aos discos intervertebrais e acometimento dos músculos, devido às alterações no movimento das articulações;
- Alterações no equilíbrio e na contração e relaxamento muscular;
- Alterações dos impulsos neurais, podendo gerar danos a diversos órgãos ou sistemas do corpo;
- Inflamações, fibroses, tendinite ou demais alterações do tecido próximo à subluxação;
- Processo de osteoartrose, ou seja, degeneração da articulação. Quando a subluxação ocorre, os ossos vertebrais podem ser desalinhados e sofrer atrito, que tende a desgastar continuamente o disco intervertebral.
Para que serve a quiropraxia?
A quiropraxia serve, no geral, para reajustar e realinhar a coluna vertebral, utilizando o manuseio corporal e outras abordagens. Ainda que a ideia de tratamento seja geralmente associada às
disfunções e patologias, a quiropraxia pode ser realizada inclusive por
pessoas sem queixas específicas, quando ainda não há sintomas
manifestos, pois o paciente é avaliado individualmente e a abordagem é
adaptada.
O ajuste da coluna tem o objetivo de fazer os impulsos nervosos serem
otimizados, logo que há descompressões e liberações vertebrais que
podem afetar o encaminhamento deles aos músculos ou sistemas. Entre as condições mais comuns atendidas pelos quiropraxistas estão:
- Dores na coluna;
- Dores de cabeça;
- Bruxismo;
- Bursite;
- Dor ciática;
- Estresse;
- Hérnia de disco;
- Lombalgia;
- Torcicolo;
- TPM;
- Zumbido no ouvido;
- Hérnia de disco e dor ciática;
- Tensão muscular;
- Problemas nas articulações (ombro, cotovelo, punho, joelho, tornozelo);
- Restrições ou dificuldades de movimento;
- Lesão por esforço repetitivo (LER) ou Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT);
- Assimetria de membros por causas não congênitas.
Vale lembrar que o organismo é um sistema integrado, por isso, o
quiropraxista pode auxiliar também no diagnóstico de outras condições
que precisam de tratamentos específicos. Por exemplo, com neurologistas,
endocrinologistas, cardiologistas ou psicólogos.
Assim, após uma avaliação, é possível que a origem do problema seja
descoberta e, junto com a quiropraxia, o paciente necessite de
acompanhamentos específicos para o quadro clínico.
Quais são os benefícios da quiropraxia?
A quiropraxia tem efeitos e benefícios em todo o organismo. Muitas
vezes, os pacientes recorrem à terapia para tratar problemas
específicos, como as dores da coluna, mas apresentam melhorias na
qualidade de vida e bem-estar.
Entre os resultados da prática estão:
Alívio de dores
Algumas dores e desconfortos podem ser solucionados apenas com a
realização do ajuste vertebral, pois a compressão do nervo é a origem do
problema. Algumas condições, como a fibromialgia ou hérnia de disco, ainda que não sejam absolutamente eliminadas, podem apresentar reduções significativas na intensidade das dores.
Melhora o funcionamento sistêmico
Como os sinais nervosos são emitidos por meio da medula espinhal,
qualquer obstrução das vértebras pode reduzir ou interferir a entrega
desses impulsos. O resultado é que até órgãos vitais podem ser afetados,
como o coração, os pulmões e o cérebro (ao não receber o retorno
adequado dos sinais nervosos).
Aumenta o bem-estar
Pequenas mudanças e melhorias do corpo podem resultar em mais
qualidade de vida, reduzindo as dificuldades e desconfortos encontrados
pelos pacientes em tarefas cotidianas. Com menos dor, melhor
movimentação, melhor relaxamento e maior mobilidade, o paciente recupera
ou otimiza o bem-estar.
Promove o relaxamento
Há dois mecanismos para melhorar os aspectos emocionais e promover o
relaxamento do corpo: como o ajuste auxilia a amenizar dores, o paciente
se sente mais leve, agindo de modo direto no sistema muscular.
O outro, refere-se à qualidade de vida. Com menos dificuldades em
atividades diárias ou desconfortos (como dores de cabeça), os pacientes
sentem os reflexos na saúde e bem-estar mental, diminuindo a ansiedade e
a irritação.
Quais as vantagens?
As vantagens da prática de quiropraxia incluem a redução das dores e
melhorias na qualidade de vida por meio de técnicas não invasivas e não
medicamentosas. Ainda que o uso de remédios, quando necessário, deva prosseguir
conforme a recomendação médica, o quiropraxista não trabalha com
prescrição de medicamentos e visa trabalhar o problema do paciente de
modo que não sejam necessários tratamentos cirúrgicos ou medicamentosos.
Os efeitos também costumam ser imediatos e graduais, ou seja, logo na
primeira sessão é possível sentir o alívio das dores e o relaxamento
corporal, e conforme o tratamento prossegue, os benefícios são
percebidos em outras atividades e funcionamento do corpo.
Além disso, a prática é recomendada para todas as idades e, junto ao
manuseio corporal, o profissional irá indicar outras atividades que
visam melhorar a qualidade de vida, como correções de postura, melhorias
de comportamento alimentar e indicação de outros profissionais para
atuar em conjunto.
Como funciona o tratamento?
A primeira consulta com o quiropraxista consiste na avaliação do
paciente, em que as observações, queixas e objetivos são ouvidos pelo
profissional. Também será realizado o exame corporal, em que os aspectos
neurológicos e ortopédicos são avaliados, e podem ser realizados
procedimentos de ajuste vertebral se o paciente estiver apto à terapia.
Em alguns casos específicos, o quiropraxista pode, antes de iniciar o
tratamento, solicitar exames complementares, como raio-X, tomografia e
ressonância magnética, a fim de analisar mais detalhadamente os aspectos
da coluna.
Esses procedimentos são o ponto característico da quiropraxia e
consistem em movimentos rápidos, com uso de força controlada e precisão,
movimentando e liberando as articulações.
Muitas vezes, esses movimentos rápidos geram estalos, mas a ação é sempre cuidadosa, segura e não provoca dores.
As próximas consultas envolvem ajustes ou realocações vertebrais
específicas para cada pessoa, sempre conforme avaliação do
quiropraxista. O tempo de cada sessão, a duração do tratamento e a frequência semanal dependem de cada tratamento e do quadro do paciente.
Em geral, a sessão dura entre 20 e 50 minutos, e a frequência é entre 1 e 2 vezes por semana no início do tratamento.
Em alguns casos, o paciente pode retornar à consulta apenas como
manutenção terapêutica, fazendo novos ajustes semanais, mensais ou
semestrais. Assim, há 3 possíveis fases de terapia:
- Intensiva: consiste em 1 a 3 consultas semanais para tratar condições ou dores específicas;
- Corretiva: geralmente 1 vez por semana ou quinzena para melhoria da postura e flexibilidade;
- Manutenção: em geral, 1 consulta a cada mês, trimestre ou semestre para a manutenção dos resultados obtidos.
Abordagens e técnicas da quiropraxia
Ainda que o ajuste (e os estalos) sejam bastante associados à
quiropraxia, eles não são os únicos recursos terapêuticos. Conheça mais
sobre algumas das abordagens possíveis:
Manipulação da coluna
A manipulação da coluna é provavelmente a mais famosa intervenção
quiroprática. Nela o profissional aplica força e movimento às
articulações, com a finalidade de ajustar os segmentos e aliviar dores
ou outros problemas.
Técnica Thompson
O profissional pode contar com alguns acessórios para ajustar a
coluna, como macas especiais. O aparelho conta com eixos ajustáveis que
facilitam o manuseio de articulações específicas, como as do quadril.
Método de ativação com Impulse IQ
O impulse IQ é um aparelho portátil de alta tecnologia que facilita o
ajuste de vértebras. Semelhante à uma pequena pistola, ele pode ser
usado para regiões de difícil manuseio ou quando o paciente ainda se
sente inseguro em manuseio tradicionais.
Flexão Distração/Descompressão
Visando o alongamento da coluna e a reparação de discos
intervertebrais, o quiropraxista pode recorrer às máquinas ou acessórios
de distração. Geralmente, são macas ajustáveis ou posicionadores
(semelhantes a almofadas com curvaturas especiais).
Terapia Ischaemic Compression Trigger Point
O profissional aplica, na região dolorida, uma pressão profunda
utilizando equipamentos (por exemplo, o IQ), de modo lento e progressivo
até que a dor seja amenizada. Nesse caso, a dor tem origem muscular,
sendo chamada de pontos-gatilho. A pressão auxilia na circulação sanguínea e consequente oxigenação da região, aliviando o desconforto e a pressão muscular.
Técnica Active Release
O quiropraxista utiliza a pressão local com aparelhos junto com a
movimentação corporal como forma de aliviar as dores. Mas, nesse tipo de
manuseio, quem realiza os movimentos é o próprio paciente, por isso, é
chamada de técnica ativa de relaxamento.
Técnica Graston
Com o objetivo de reduzir a pressão, elevar o fluxo sanguíneo e
facilitar a reparação muscular, o quiropraxista utiliza instrumentos
específicos sobre a região muscular dolorida.
Os equipamentos aplicam pressão em intensidades ajustáveis, de acordo com o paciente, de forma gradual e contínua.
Crioterapia
Em alguns casos de dor muscular, pode ser indicado o uso de
compressas de gelo no local. O frio auxilia na contração das fibras
musculares, reduzindo dores e inflamações.
Por que a articulação estala?
O estalo, ou cavitação, é aquele barulho que algumas vezes a
articulação faz, sendo uma reação normal. Isso porque dentro da cápsula
articular (membrana que reveste grande parte das articulações) há um
líquido chamado líquido sinovial, para lubrificar as articulações. Como é composto pelos gases oxigênio, nitrogênio e dióxido de carbono, esse líquido pode formar bolhas, que ao estourarem, geram o ruído do estalo.
Quando o ajuste da quiropraxia é realizado, há um aumento da pressão
da articulação e o consequente estouro dessas bolhas. Por isso, aquele
barulho. Lembrando que esse estalo não é prejudicial e nem faz mal ao
organismo ou à região articular. Também é importante ressaltar que o
barulho não é obrigatório, sendo que mesmo se não houve estalos, a
articulação foi ajustada. Isso significa que estalar a coluna é a mesma coisa que estalar os dedos sozinho? Mais ou menos. O processo é o mesmo: o barulho ocorre devido ao
rompimento das bolhas de gases. No entanto, estalar as articulações por
conta própria consiste em fazer isso sem técnica ou necessidade alguma.
O quiropraxista analisa as regiões que necessitam de ajustes e
promove o realinhamento vertebral, fazendo com que às vezes ocorram
estalos — isso se deve ao intuito de corrigir o desalinhamento. Quando estalamos pelo hábito, não há nenhuma finalidade de correção
ou melhoria da articulação, fazendo com que se crie um hábito que pode,
inclusive, agravar as compressões ou desvios.
Quanto tempo leva a recuperação?
Assim como qualquer tratamento, o tempo da quiropraxia depende de uma
série da fatores, como a idade, a causa ou origem do problema, o estilo
de vida e as atividades em conjunto (como alimentação e estresse).
Não é exatamente uma regra, pois depende da avaliação do
profissional, mas o início do tratamento consiste, geralmente, entre 1 e
3 consultas semanais. Conforme o paciente vai melhorando, a frequência reduz. Em média, são
necessários até 3 meses de consultas semanais regulares até haver
redução dos atendimentos. Mas há pacientes que fazem consultas de
manutenção por longos tempos — até anos. Essas manutenções podem consistir em uma consulta a cada 3 ou 6 meses, por exemplo.
Preço: qual o valor de uma sessão de quiropraxia?
As sessões de quiropraxia custam, em média, entre R$ 200 e R$ 400,
sendo que o primeiro atendimento pode ter um valor mais elevado, devido à
avaliação do profissional.
As consultas seguintes podem variar de valor, dependendo das novas abordagens e dos procedimentos realizados. O atendimento também pode ser realizado pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), de modo gratuito. A terapia está na categoria de terapias
integrativas, junto com outras modalidades como acupuntura, florais,
homeopatia e meditação. É importante consultar as unidades de saúde e atendimento para verificar a disponibilidade e a oferta.
Contraindicações
A quiropraxia pode ser realizada por pessoas de qualquer idade, mesmo
que não apresentem queixas (como dores) específicas. Porém, há algumas
condições que devem sempre ser observadas pelo profissional.
Há condições gerais que impedem a pessoa de ser submetida aos ajustes manuais da coluna, como:
- Desordens articulares: como artrite reumatoide, espondiloartropatias e desmineração com deslocamento anatômico, além de fraturas e deslocamentos ósseos;
- Transtornos que envolvem o enfraquecimento e destruição óssea: como tumores ósseos e infecções ósseas e articulares;
- Desordens circulatórias e hematológicas: como síndrome da insuficiência vertebrobasilar e aneurisma;
- Desordens neurológicas: como mielopatia aguda, hipertensão intracraniana, síndrome da cauda equina;
- Fatores psicológicos: pacientes com disfunções psicológicas podem comprometer a avaliação do quiropraxista e resultar em tratamentos inadequados. Entre os quadros estão a hipocondria, a simulação de sintomas e a personalidade dependente.
Quiropraxia é perigoso?
Em geral, não, desde que realizada com profissionais devidamente habilitados e capacitados para atuar. A quiropraxia apresenta bons resultados no alívio de dores e
desconfortos, lembrando que o tratamento adequado é realizado perante
uma avaliação profissional atenta e focada em cada paciente.
Vale ressaltar que toda terapia ou procedimento inclui riscos e
contraindicações, sendo papel fundamental do profissional saber avaliar e
conduzir cada condição. Alguns pacientes podem sentir dores de cabeça, tontura e rigidez no local manipulado, mas que se resolvem espontaneamente em até 24 horas.
Esses sintomas ou manifestações não representam, em geral, nada grave
e tendem a ocorrer apenas após as primeiras sessões (inclusive, podem
ocorrer após atividades físicas ou movimentos que o corpo não está
acostumado).
Apesar de poder parecer perigoso manipular o pescoço ou a coluna, a
prática é bastante segura e são poucos os relatos que foram
desencadeados pela quiropraxia. Assim como as demais profissões, para encontrar um bom profissional, é
fundamental que ele esteja devidamente habilitado a exercer a
profissão. Por isso, você pode buscar um quiropraxista próximo de você por meio
da Associação Brasileira de Quiropraxia, que conta com uma cadastro
atualizado e de fácil acesso no portal.
Riscos e complicações
Assim como qualquer tratamento, a quiropraxia pode envolver riscos, ainda que sejam ocorrências raras. Em geral, as complicações são resultantes da má capacitação ou
avaliação profissional, fazendo com que a terapia seja feita em
pacientes contraindicados.
Em casos raros, podem ocorrer obstruções parciais ou completas das artérias vertebrais, comprimindo a região. Nesse caso, podem se manifestar sintomas como vertigem, tonturas,
desorientação, desequilíbrio, ataxia (perda ou redução do controle
muscular), náusea ou vômitos, disfasia (dificuldade em falar),
parestesias (dormência) de um lado do rosto ou do corpo, além de dor
repentina e severa no pescoço ou cabeça. Podem ocorrer complicações:
- Neurológicas: alterações graves e AVC;
- Cervicais: acidentes vertebrobasilares, síndrome de Horner, paralisia do diafragma, mielopatia, lesões do disco intervertebral cervical, fraturas patológicas;
- Torácicas: fratura de costela e diástase costocondral;
- Lombares: aumento dos sintomas neurológicos decorrentes de lesão discal, síndrome da cauda equina, herniação discal lombar, rotura de aneurisma da aorta abdominal.
Curso de quiropraxia (faculdade)
O curso de quiropraxia é autorizado e reconhecido pelo MEC desde
2005. As disciplinas envolvem as noções sobre anatomia, funções
orgânicas, fisiologia e biomecânica, envolvendo aspectos fundamentais
para o correto funcionamento do organismo.
São parte da grade curricular disciplinas de nutrição, assistência à
saúde e à comunidade, aspectos medicamentosos básicos e atuação
acadêmica especializada. Atualmente, há duas faculdades no Brasil que oferecem a formação de
nível superior em quiropraxia, Feevale (RS) e Universidade Anhembi
Morumbi (SP), com curso de duração de 5 anos, e centros de
especialização para profissionais de saúde graduados.
O estudante vai desenvolver e aprimorar os conhecimentos de avaliação
e intervenção quiroprática, além abordar o compromisso ético e social, a
comunicação e a produção de conhecimento. Com a formação concluída, o profissional quiropraxista está
habilitado a atuar em clínicas e consultórios, sejam integradas ou
particulares. A grande maioria dos formados partem para atendimentos clínicos, que
podem ser em locais especializados ou multidisciplinares (atuando junto a
outras áreas da saúde).
O que é preciso para ser quiropraxista?
Quiropraxistas são os profissionais graduados em quiropraxia ou os fisioterapeutas que têm especialização na área. Apesar de haver duas faculdades que oferecem a formação em nível
superior de quiropraxia, o exercício da profissão de quiropraxista
consta como especialidade dos profissionais fisioterapeutas, de acordo
com a Lei 938/69, desde 2001.
Os processos e projetos de Lei caminham a fim de tornar a profissão independente, reconhecendo-a como autônoma. No entanto, ainda é habilitação do fisioterapeuta o exercício legal
da quiropraxia, como aponta o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (COFFITO). Assim, fisioterapeutas podem exercer a quiropraxia mas não podem se
intitular quiropraxistas sem terem feito o curso de especialização. Para
a titulação, é preciso que o fisioterapeuta curse, em instituições
reconhecidas pelo MEC, uma pós-graduação de pelo menos 400 horas.
Salário: quanto ganha um quiropraxista?
O salário de um profissional quiropraxista depende bastante de sua
demanda, quantidade de atendimento, do eixo que atua — SUS ou rede
privada de saúde — e formação (técnico, graduado ou fisioterapeuta
quiroprático. Segundo dados da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas),
entre técnicos, fisioterapeutas e quiropraxistas, a média salarial fica
entre R$ 3.200 a R$ 6.000.
Massagem e quiropraxia
A quiropraxia pode ser bastante funcional para aliviar tensões e
promover o relaxamento, assim como uma massagem, mas os mecanismos
envolvidos são bem diferentes. As massagens podem ser realizadas, em geral, por qualquer pessoa sem
necessidade de uma avaliação muito específica. Já a quiropraxia, apesar
de ter poucas contraindicações, necessita de uma avaliação profissional
bastante detalhada.
Há diferentes tipos de massagem, que vão desde as mais simples e com
fins relaxantes — até uma automassagem — àquelas especializadas, feitas
por massoterapeutas e massagistas profissionais. O principal objetivo das massagens é aliviar tensões, relaxar o corpo
e amenizar dores que não têm relação patológica, inflamatória ou
funcional.
Osteopatia e quiropraxia
Osteopatia e quiropraxia são duas abordagens bastante semelhantes,
que recorrem às manipulações corporais para aliviar dores e tratar
alterações do corpo. Além disso, ambas trabalham sem o uso de indicação
medicamentosa e são reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde.
No entanto, algumas diferenças caracterizam cada terapia. Enquanto a
quiropraxia tem foco nos ajustes da coluna vertebral, sendo ela o eixo
de ação do profissional, a osteopatia dá igual atenção aos demais
sistemas, como o circulatório, respiratório e neurológico, atuando
também em extremidades do corpo.
Na osteopatia, a visão medicinal toma o organismo do paciente como um
todo, compreendendo como iguais os pesos de cada sistema. Assim, o
tratamento consiste em identificar e solucionar a origem da dor e não
necessariamente o local dolorido.
Terapias complementares e alternativas têm ganhado espaço entre os pacientes e, também, a comunidade médica. Por recorrerem às formas não invasivas e não medicamentosas, as
abordagens manuais são opções para trabalhar o corpo e a saúde,
aliviando desconfortos, dores e melhorando a qualidade de vida.
A quiropraxia pode trazer, então, mudanças significativas às pessoas
que sofrem com queixas específicas ou buscam por mais saúde e bem-estar. Fonte: quiropraxia.org.br
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