"A desnutrição, fruto de
um déficit no consumo energético e de proteínas, já é considerada um
problema de saúde pública, principalmente na população idosa"
Segundo a
definição europeia, é caracterizada pela falta de ingestão ou absorção
de nutrientes capaz de levar a alterações na composição corporal,
diminuição da função física e mental, bem como a maior risco de doenças e
complicações.
O índice de massa corporal (IMC)
– calculado dividindo-se o peso pela altura elevada ao quadrado – menor
que 18,5 ou a perda de peso maior que 5% durante três meses são
critérios que sugerem desnutrição. Esse quadro, aliás, pode ser dividido
de acordo com a sua causa em:
- Marasmo, que ocorre por causa da redução de ingestão de comida
- Caquexia, que ocorre por um problema inflamatório gerado pela presença de doenças crônicas
- Sarcopenia, que ocorre pela redução da massa e da função muscular
São diversas as alterações no organismo
que acontecem com o envelhecimento e estão associadas à desnutrição. Os
mais idosos frequentemente reduzem a ingestão alimentar devido a perdas
sensoriais como as do paladar e olfato, podem sofrer de condições
crônicas como depressão e demência, além de usarem medicações que
interferem no apetite.
O próprio processo inflamatório das
doenças crônicas, mais comuns com o avançar da idade, pode levar à perda
da vontade de comer e à deterioração dos músculos.
Além disso, o envelhecimento é
naturalmente acompanhado de uma lenta e progressiva diminuição da massa
muscular. Com o tempo, ela acaba sendo substituída por colágeno e
gordura. A redução excessiva desse suporte, juntamente à diminuição da
capacidade funcional da musculatura, é que está por trás da sarcopenia.
É interessante observar que pessoas com a
condição podem não apresentar necessariamente redução do peso ou do
IMC, justamente porque a musculatura é substituída por gordura. Logo, a
sarcopenia não fica aparente, o que dificulta inclusive o diagnóstico.
Para a detecção do quadro, indica-se um
exame que evidencie a redução da massa muscular – como ressonância
magnética, bioimpedância elétrica ou densitometria de raio X de dupla
energia – associada à redução da força muscular, determinada pelo teste
de força de preensão manual, ou da performance muscular, apontada pela
análise da velocidade da marcha ou de um teste de caminhada de 6
minutos.
Os fatores de risco
Apesar da escassez de dados brasileiros,
um estudo realizado com idosos na área urbana da cidade de São Paulo
indica uma prevalência de 15,4% de sarcopenia.
A sarcopenia representa um fator de risco
importante para a fragilidade e a perda de independência das pessoas
mais velhas. Também está ligada a um maior risco de sofrer acidentes, quedas
e mesmo uma morte precoce. Atualmente, a sarcopenia apresenta um grande
impacto socioeconômico, consumindo aproximadamente 18,5 bilhões de
dólares só nos Estados Unidos.
Falamos de uma condição de origem
multifatorial. São vários os fenômenos fisiológicos que desempenham
papel em seu aparecimento, como diminuição na produção de alguns
hormônios, sem contar o peso dos aspectos do estilo de vida. Concorrem a
favor do problema inatividade física, redução na ingestão de proteínas,
tabagismo e deficiência de vitamina D.
Plano de ação
Hoje, diversos tratamentos promissores
para a sarcopenia são estudados. Mas a combinação entre dieta balanceada
e atividade física regular segue como principal terapia contra a
doença. Nesse sentido, vale destacar que a oferta de proteína deve estar
adequada, ficando entre 1,2 e 1,5 grama diários do nutriente por quilo.
Assim, um indivíduo de 60 quilos poderia comer algo em torno de dois a
três bifes. Algumas pesquisas sugerem inclusive que esse aporte de
proteínas deve ser fracionado ao longo do dia.
Além disso, a reposição de vitamina D em casos de deficiência e o tratamento da anemia, uma vez presente, reforçam o índice de sucesso do combate à sarcopenia.
A suplementação de leucina, um aminoácido
essencial não produzido pelo organismo, também é estudada com
resultados promissores. Seu uso, vale lembrar, vai depender de indicação
e orientação de um profissional de saúde.
Em relação à atividade física, exercícios
supervisionados, preferencialmente de resistência (musculação e afins)
ou combinados com os aeróbicos (caminhada, corrida..) são recomendados.
O objetivo é frear ou reverter a perda da massa muscular para que esse processo não interfira na qualidade de vida. Fonte: https://saude.abril.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário