A
prevenção dos agravos cardiovasculares consiste em adotar um conjunto
de medidas saudáveis, baseadas em princípios alimentares e atividade
física regular. Alguns suplementos como os óleos derivados de peixes
—conhecidos como ômegas— seriam úteis para prevenir a ocorrência dos
eventos cardiovasculares, mas muitos estudos demonstraram que os mais
relevantes benefícios dos ômegas seriam na prevenção secundária, ou
seja, quando a doença já apresenta manifestações iniciais e estas
precisam ser atenuadas, para não resultar em complicações maiores.
Dentre as dietas que mais promovem bem-estar a saúde cardiovascular, encontra-se a dieta mediterrânea, na qual são consumidos em grande quantidade alimentos como peixes de água fria, castanhas, sementes, cereais, azeite
de oliva, azeitonas e muitos vegetais. Boa parte dos benefícios desta
dieta mediterrânea deriva da presença dos ômegas e seu efeito
anti-inflamatório.
Uma das curiosidades relativas aos ômegas diz
respeito aos esquimós da Groelândia, indivíduos que habitavam áreas
extremamente gélidas do planeta e que basicamente se alimentavam de
peixes de águas profundas, como salmão e atum. A despeito destes peixes
serem considerados gordurosos, os esquimós apresentavam longevidade
invejável e número reduzido de eventos cardiovasculares.
As
propriedades dos ômegas baseiam-se principalmente no seu efeito
antioxidante e anti-inflamatório. Além disso, os ômegas são fundamentais
para síntese de hormônios, para qualidade estrutural dos ossos, para
proteção e estabilidade das membranas das células, para funcionamento
dos neurônios e preservação do sistema imunológico.
Os ômegas são estruturas químicas divididas em três subtipos, conhecidos como ômega-3, ômega-6 e ômega-9.
O ômega-3 é um tipo de óleo encontrado nos peixes de água fria, castanhas, sementes e apresenta efeitos anti-inflamatórios predominantes.
O ômega-6
pode ser encontrado em grãos como milho e soja, mas apresenta alguns
efeitos inflamatórios, não devendo ser consumido em excesso e, sempre
que possível, deve ser consumido conjuntamente com o ômega-3.
Por fim, o ômega-9
consiste em um óleo de características mais neutras, com maior
propensão para os efeitos anti-inflamatórios e geralmente presente em
peixes de águas frias, sementes e algumas frutas.
Esta
conceitualização é essencial para a correta seleção do melhor suplemento
de ômegas —teria de ser uma composição de ômega-3 com ômega-6 ou então
uma composição das três frações conjuntamente. Como o ômega-3 apresenta o
maior poder anti-inflamatório, também poderia ser consumido de forma
isolada, na forma de suplemento.
Um importante estudo realizado no Japão, denominado de estudo JELIS,
analisou pacientes com níveis elevados de colesterol quanto ao
tratamento exclusivo com medicamentos (estatinas) e quanto ao tratamento
com estatinas e suplementação com ômegas.
As conclusões deste
estudo apontam para os benefícios da suplementação com ômegas para
melhorar os sintomas cardiovasculares e reduzir a necessidade de
cirurgia cardíaca ou mesmo angioplastia. Por outro lado, este estudo
deixa claro que a suplementação com ômegas não atenua substancialmente a
mortalidade cardiovascular.
Considerando que boa parte dos
principais estudos segue esta linha do estudo japonês, ou seja,
destacando os efeitos positivos dos ômegas, mas pontuando algumas
limitações, gostaria de deixar algumas questões com respostas acerca
deste assunto polêmico:
1) O tratamento do colesterol elevado pode ser feito com o uso de ômegas?
A
função dos ômegas é auxiliar na prevenção ou também colaborar no
tratamento medicamentoso do colesterol elevado. Não seria correto dizer
que o tratamento do colesterol elevado está sendo feito com os ômegas,
uma vez que estes teriam um papel complementar.
2) A suplementação com os ômegas pode causar efeitos colaterais?
Há
pessoas que podem apresentar basicamente dois efeitos colaterais:
reação alérgica e alterações digestivas. Deve-se salientar que não são
efeitos colaterais frequentes e que, quando presentes, a suplementação
com ômegas deve ser suspensa.
3) Qual a dose diária recomendada para o consumo de ômegas?
Em
geral, a quantidade mínima recomendada é de 1 grama ao dia. Segundo
orientação médica, esta quantidade pode ser ampliada para até 4 gramas
ao dia.
4) Deve-se dar preferência para alimentos enriquecidos com ômegas?
Sim,
trata-se de uma forma interessante de aproveitar os benefícios dos
ômegas, quando estes fazem parte da composição de leite, pães, margarina
e inclusive os chocolates.
5) Existe algum problema em usar um suplemento de ômegas associado com vitaminas?
Do
ponto de vista da associação entre ômegas e vitaminas, não há
problemas. Aliás, muitos suplementos de ômegas estão enriquecidos com
vitaminas D, E e tocoferol, potencializando a capacidade antioxidante do
suplemento. A questão crucial seria avaliar se esta associação entre
ômegas e vitaminas resultou em menores concentrações de ômegas.
A
questão final e certamente mais decisiva seria efetivamente deixar
esclarecido, como uma mensagem final: vale a pena priorizar em nossa
dieta do dia a dia alimentos ricos em ômegas e também usar suplementos
de ômegas?
Analisando os principais estudos e também valorizando
muitas evidências epidemiológicas, a resposta seria seguramente
afirmativa. Os ômegas devem, sim, ser priorizados na alimentação ou
então suplementados, mas tendo em mente que sua função não é
protagonizar o controle do risco cardiovascular, mas auxiliar na
prevenção e tratamento de alguns agravos cardiovasculares.
Seguindo
o conceito de que muitos alimentos são remédios naturais, as principais
fontes de ômegas, sobretudo aquelas encontradas na dieta mediterrânea,
deveriam estar sempre em destaque na rotina alimentar das pessoas. Fonte: https://www.uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário