As infeções sexualmente transmissíveis são conhecidas vulgarmente como doenças venéreas.
- São doenças infecciosas provocadas por bactérias, vírus, fungos e parasitas, cujo contágio é feito principalmente através de relações sexuais;
- Todas são transmitidas por contacto sexual: vaginal, anal ou oral;
- Algumas podem também ser transmitidas por contacto com fluidos
corporais, a partir de sangue e tecidos infetados se forem usados em
transfusões e transplantes, e de mãe para filho durante a gravidez e o
parto.
- Cancro ginecológico;
- Infertilidade;
- Aborto, parto prematuro e problemas nos recém-nascidos;
- Cirrose e cancro do fígado;
- Infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH);
- Morte prematura.
Entre os fatores que têm contribuído para um ressurgimento importante das infeções sexualmente transmissíveis nas últimas décadas contam-se principalmente questões comportamentais:
- O início mais precoce da vida sexual;
- O menor receio de uma gravidez indesejada;
- A troca frequente de parceiros sexuais.
Infeções sexualmente transmissíveis mais importantes
São conhecidas atualmente mais de 30 bactérias, fungos, vírus e parasitas que são transmitidos principalmente por relações sexuais.
As principais infeções sexualmente transmissíveis são:
- Clamidiose genital, causada pela bactéria Chlamydia trachomatis;
- Condilomas anogenitais, causados pelo vírus do papiloma humano (HPV)
- Gonorreia, causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae;
- Hepatite B, causada pelo vírus da hepatite B;
- Herpes genital, causada pelo vírus Herpes simplex tipo 2;
- Micoplasmose genital, causada pela bactéria Mycoplasma genitalium;
- Tricomoníase, causada pelo parasita Trichomonas vaginalis;
- Sífilis, provocada pela bactéria Treponema pallidum;
- Síndome da imunodeficiência adquirida (SIDA), causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV).
A que sinais e sintomas é preciso estar atento
Muitas infeções sexualmente transmissíveis não têm sintomas ou estes são apenas ligeiros.
Algumas alterações genitais podem ser sinal de que pode haver uma infeção sexualmente transmissível.
Assim:
- Comichão (prurido), presença de úlceras ou outras lesões genitais, sensação de queimadura genital, corrimento vaginal anormal ou corrimento pela uretra, são sempre indicativos de que devem ser procurados cuidados médicos;
- A observação médica e eventuais exames permitirão confirmar ou excluir uma IST e determinar o tratamento adequado.
Como se tratam as ISTs
O tratamento das infeções sexualmente transmissíveis depende da infeção em causa. Pode envolver medicamentos, mas também outros procedimentos, como acontece, por exemplo com os condilomas genitais.
O objetivo do tratamento também depende da doença: pode ser curá-la ou impedir o seu agravamento ou consequências a longo prazo.
- A clamidiose, candidíase vaginal, gonorreia, micoplasmose, sífilis e tricomoníase, que são causadas por bactérias, fungos e parasitas, são curáveis;
- As infeções pelos vírus da hepatite B, vírus Herpes simplex, vírus da imunodeficiência humana (VIH) e vírus do papiloma humano (HPV) não têm um tratamento curativo. O objetivo do tratamento é controlar a infeção e os seus efeitos a longo prazo.
Previna as infeções sexualmente transmissíveis
As medidas que ajudam a diminuir a probabilidade de ter uma infeção sexualmente transmissível são:
- Usar sempre preservativos (masculinos e também femininos) nas relações sexuais;
- Evitar relações sexuais, mesmo protegidas, quando há possibilidade ou suspeita ou já é conhecida uma infeção sexualmente transmissível;
- Vacinação. Algumas infeções sexualmente
transmissíveis são prevenidas por vacinação, como as infeções pelos
vírus do papiloma humano (HPV) e vírus da hepatite B.
- O programa nacional de vacinação português inclui atualmente a vacinação contra o HPV, tanto para as raparigas (desde 2008) como para os rapazes (desde 2020).
- As pessoas que não foram abrangidos pela vacinação ao abrigo do programa nacional de vacinação devem aconselhar-se com o seu médico assistente sobre a necessidade de fazerem esta vacina.
- Há medicamentos que reduzem a probabilidade de ser infetado pelo vírus da imunodeficiência humana
(a denominada profilaxia pré-exposição ou PrEP). A sua recomendação
médica está, em Portugal, regulada por uma norma específica da Direção
Geral de Saúde (DGS) e depende de avaliação individual em consultas
especializadas.
Rastreio de infeções sexualmente transmissíveis
Manter o seguimento médico regular (habitualmente em medicina geral e familiar, ginecologia ou urologia, dependendo das pessoas) e fazer os rastreios aconselhados é fundamental para diagnosticar e tratar precocemente as ISTs e evitar o contágio. A maioria dos rastreios de ISTs é feito através de uma análise de sangue ou de urina.
Alguns rastreios que podem ser pedidos pelos médicos são:
- Em todas as pessoas:
- Infeção pelo vírus da imunodeficiência humana, pelo menos uma vez na vida
- Infeção pelo vírus da imunodeficiência humana, pelo menos uma vez na vida
- Mulheres com menos de 25 anos e sexualmente ativas:
- Gonorreia e clamidiose, anualmente
- Gonorreia e clamidiose, anualmente
- Mulheres com mais de 25 anos com mais do que um parceiro sexual e com relações não protegidas por preservativo:
- Gonorreia, clamidiose, vírus da imunodeficiência humana e sífilis, anualmente
- Gonorreia, clamidiose, vírus da imunodeficiência humana e sífilis, anualmente
- Mulheres grávidas:
- Vírus da imunodeficiência humana, sífilis e hepatite B
- Clamidiose e gonorreia se tiverem menos de 25 anos ou se tiverem mantido relações com mais de um parceiro
- Homens que têm sexo com homens e com relações não protegidas por preservativo:
- Gonorreia, clamidiose, vírus da imunodeficiência humana e sífilis, anualmente.
- Hepatites A, B e C, pelo menos uma vez
- Pessoas infetadas pelo vírus da imunodeficiência humana:
- Hepatites A, B e C, pelo menos uma vez.
- Sífilis, clamidiose e gonorreia, anualmente.
- Homens que têm sexo com homens infetados pelo vírus da imunodeficiência humana:
- Hepatite C, anualmente
- Hepatite C, anualmente
- Casos específicos:
- Rastreios dependentes dos hábitos sexuais
Alguns números
No mundo
- Todos os dias há mais de 1 milhão de contágios de infeções sexualmente transmissíveis;
- Em 2016 havia 490 milhões de pessoas infetadas pelo vírus Herpes simplex e 300 milhões de mulheres com HPV;
- Em 2020 ocorreram 374 milhões de novos casos de clamidiose, gonorreia, sífilis e tricomoníase;
- Estima-se que 296 milhões de pessoas tenham hepatite B crónica.
Na Europa e em Portugal
- Em 2018, na Europa:
- Registaram-se cerca de meio milhão de ISTs, entre as quais:
- 100 526 casos de gonorreia
- 33 599 casos de sífilis
- 40 6406 casos de clamidiose
- Registaram-se cerca de meio milhão de ISTs, entre as quais:
- Em 2018, em Portugal:
- 908 casos de sífilis, com maior incidência nos homens entre os 15-44 anos;
- 479 casos de clamidiose, principalmente nas mulheres e homens com idade compreendida entre 15-34 anos;
- 789 casos de gonorreia, com maior incidência nos homens entre os 15-34 anos;
- Em 2019 registaram-se 778 novos casos de VIH / SIDA em Portugal. Fontes: https://www.ecdc.europa.eu / https://transparencia.sns.gov.pt / https://www.who.int
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