"Em 1969, o pesquisador Herbert Lubs,
observou através do Estudo Citogenético (ou Cariótipo), em uma família
com dois irmãos que apresentavam comprometimento intelectual, uma falha
(chamada sítio frágil) na região distal do braço longo do cromossomo X
destes indivíduos"
Nos anos 70, Grant Sutherland denominou o nome de
X-frágil a este cromossomo. Foi possível, então, caracterizar o conjunto
destes sinais e sintomas passando então a ser usado o nome Síndrome do X
Frágil. Em 1991 três grupos independentes de pesquisadores, na França,
Holanda e Austrália, clonaram o gene FMR1, constatando ser este o gene
responsável pela Síndrome do X Frágil. Em 1997 William Greenough e
colaboradores (EUA, Bélgica e Holanda) mostram sua pesquisa definindo a
proteína proveniente do gene FMR1: a proteína FMRP.
Esta proteína é responsável pela
maturação das sinapses e sua ausência ou drástica redução é a causa do
comprometimento intelectual nos afetados pela Síndrome.
O que é?
A Síndrome do X-Frágil está
diretamente ligada a um defeito no cromossomo X, o qual contém a causa
mais frequente do comprometimento intelectual com caráter hereditário,
afetando o desenvolvimento intelectual e o comportamento de homens e
mulheres. Um (1) em cada 4000 homens (nascidos vivos) e uma (1) em cada
6000 mulheres (nascidas vivas) são afetadas por esta Síndrome.
No Brasil não há estatísticas formais.
Constata-se, porém, um frequente desconhecimento dessa causa de
comprometimento intelectual, tanto por parte de profissionais da área da
saúde como da educação e, consequentemente, por parte da população em
geral. Portanto, não é uma síndrome rara. É pouco conhecida e
diagnosticada, já que sua investigação, comprovação e descrição
científicas são recentes.
O que causa?
A maioria dos mamíferos normais possuem o
gene FMR1, inclusive o ser humano. Na Síndrome do X-Frágil este gene,
por uma série de fatores é anulado, não produzindo seu produto final, a
proteína FMRP.
O mecanismo da mutação é a variação do
número de cópias de uma repetição instável de trinucleotídeos – CGG
(Citosina-Guanina-Guanina), na extremidade 5’ do gene FMR1. O aumento do
número de repetições acontece ao longo das gerações. Nos indivíduos
normais da população, o número de cópias desta sequência de CGG varia de
6 a 40 e o gene está ativo, produzindo quantidades normais de proteína
FMRP.
Na Zona Gray, ou chamada limítrofe, o número de repetições varia
de 40 a 55 cópias. Estes indivíduos em geral, não têm deficiência
intelectual, mas podem apresentar alterações na aprendizagem, na área
comportamental e emocional. Já de 55 a 200 cópias existe uma etapa
chamada de pré-mutação. Nesta etapa, os indivíduos podem apresentar um
comprometimento emocional (como ansiedade e depressão) e 20% das
mulheres apresentam menopausa precoce (menopausa antes dos 40 anos de
idade). Os homens pré-mutados podem apresentar alterações acima de 60
anos de idade. Alterações estas que se manifestam como um tipo de Mal de
Alzheimer associado a um tipo atípico de Mal de Parkinson. Esta nova
síndrome foi chamada de FXTAS.
Na mutação completa, o número de
repetições é superior a 200, podendo chegar a milhares de
trinucleotídeos. Indivíduos com mutação completa são chamados de “
X-Frágil”.
Doença hereditária:
É a segunda Síndrome com comprometimento
intelectual mais frequente após a Síndrome de Down e a mais frequente
herdada (familiar). Estudos indicam que o número de repetições de
trinucleotídeos tende a aumentar a cada geração, principalmente quando
transmitida por uma mulher portadora da pré-mutação. Sendo assim, o
risco para a prole de mulheres portadoras da pré-mutação é maior a cada
geração. Nas mulheres afetadas pela mutação completa, o quadro clínico
é, em geral, menos grave provavelmente pela compensação do segundo
cromossomo. Devido a um dos cromossomos “X” ser alterado, a mulher
pré-mutada possui 50% de chances de enviar para a próxima geração: ou um
X normal ( filho seria então normal) ou uma pré-mutação (filho igual a
ela) ou transformando-se numa mutação completa ( filho afetado).
Quando o pai é portador da pré-mutação,
este passará o gene alterado para todas as suas filhas, mas não para os
seus filhos. Os homens com a pré-mutação a transmitem para suas filhas
com o número de repetições praticamente sem alteração.
Como é diagnosticado?
Os sinais e sintomas da Síndrome do “X
-Frágil”, por serem semelhantes a outros casos de atrasos e distúrbios
gerais de desenvolvimento, necessitam de confirmação através de exame
genético com técnicas especiais.
Atualmente, com os diagnósticos precisos, através da biologia molecular (DNA), consegue-se fazer um correto diagnóstico.
Exame pelo DNA: o diagnóstico é
realizado pelo estudo do DNA para detectar a Síndrome do X-Frágil. É
feito através de amostra de sangue, analisada em laboratório de
genética. Este teste identifica tanto portadores de pré-mutação como de
mutação completa.
Exame citogenético (cariótipo) pode
diagnosticar a Síndrome do X-Frágil mas, tendo em vista a possibilidade
de resultado falso negativo neste teste, ele não é definitivo quando o
resultado é negativo. Além disto, exames citogenéticos não identificam
portadores da pré-mutação ou pessoas portadoras da zona limítrofe, pois
não é possível saber o número de repetições.
Se o resultado do teste for positivo para a síndrome, deve-se procurar aconselhamento genético. Quando se sabe que um membro da família é portador da síndrome, os outros familiares devem ser testados.
Mulheres que pretendem engravidar devem
fazer o teste, se qualquer membro da família apresentar traços
característicos do X-Frágil. O planejamento familiar precisa considerar
os riscos de transmissão do gene alterado. O diagnóstico pré-natal já
pode ser realizado. O estudo do DNA das células das vilosidades
coriônicas permite o diagnóstico de fetos portadores da mutação completa
no primeiro trimestre de gestação.
Só o diagnóstico conclusivo permite
definir estratégias de atendimento mais adequadas para o desenvolvimento
dos indivíduos afetados pela Síndrome do X- Frágil.
A precisão dessa prova pode orientar ou
redirecionar tratamentos, visando torná-los mais específicos.
Possibilita, igualmente, aconselhar as famílias afetadas sobre os riscos
de recorrência e as possíveis opções reprodutivas.
Existe Tratamento?
Não existe cura para a Síndrome do
“X-Frágil”, mas muitos experimentos terapêuticos e socioeducacionais têm
sido realizados com êxito, auxiliando o indivíduo a conquistar um
convívio familiar, escolar e social. No entanto intervenções de
atendimentos especializados a estas pessoas podem minimizar os seus
problemas. Fonte: xfragilsc.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário