"Mais do que aceitar a religiosidade, é preciso ter tolerância e
respeito com as práticas e as visões de mundo do outro, não tornando a crença
pessoal num obstáculo ao relacionamento"
Ao contrário do que aparenta, esse tipo
conflito tem mais a ver com a falta de disposição do casal em tolerar outras
formas de pensar do que as diferenças religiosas em si. Porque exercer a
tolerância não significa que um dos lados deva ceder e se converter à religião
do parceiro, mas respeitar o que o outro acredita.
Dez dicas para uma boa relação com parceiros de religiões
diferentes:
1 – Tolerância:
aceitar que o outro pensa diferente é um exercício trabalhoso, mas que vale a
pena.
2 – Respeito: piadas
e comentários preconceituosos sobre a religião do outro podem machucar e, com o
tempo, minar a relação. Cada um tem o direito de seguir a doutrina que mais lhe
convém, e merece ser respeitado por isso.
3 – Interesse: por
que não buscar se informar melhor sobre aquilo em que o parceiro acredita? Não
significa que você precisa concordar ou se converter, é só mais uma maneira de
mostrar que você se importa com aquilo, mesmo que não seja a sua crença.
4 – Diálogo: dúvidas
e receios devem ser esclarecidos desde o início da relação. É o diálogo franco
e aberto que permite a aproximação do casal, mesmo que cada um tenha uma crença
diferente.
5 – Família: a
pressão para que o casal tenha apenas uma religião vem de todos os lados,
principalmente dos familiares. Se vocês estão começando uma vida a dois, é bom
estabelecer os limites dessa interferência e seguir o caminho que julgam
melhor.
6 – Equilíbrio: o
tema religioso não precisa ser algo proibido em casa. A educação dos filhos,
por exemplo, pode ter valores das religiões de ambos, para que ninguém se sinta
anulado.
7 – Respeito aos
rituais: missas, eventos sociais, sessões... Cada religião tem rituais
específicos, e os parceiros precisam ter liberdade e respeito para continuar
com as práticas, em casa ou não .
8 – Sem doutrinação:
tentar forçar o outro a concordar com a sua religião é um dos erros mais comuns
e fatais dos relacionamentos. Ficar falando o tempo, dando exemplos e tentando
desqualificar a escolha alheia é desgastante e chato.
9 – Honestidade: será
que você realmente consegue aceitar uma outra forma de pensar? Muitas pessoas
se enganam e acabam se frustrando com o tempo, além de magoar a outra pessoa.
10 – Convidar, não
impor e principalmente testemunhar que sua religião lhe faz uma pessoa melhor:
ninguém é obrigado a frequentar ambientes em que não se sente à vontade. Faça o
convite para conhecer o espaço da comunidade religiosa uma vez, se, não existir
a disposição, apenas não insista, deixe que sua vida testemunhe a sua opção
religiosa.
“Não importa a religião, tem que existir a tolerância com a prática dos
outros. Compreender não significa partilhar, mas não posso ficar
ridicularizando e criticando a opção alheia. Não preciso ir à igreja, por
exemplo, se não me sinto confortável com isso. As pessoas têm que respeitar os
limites do outro, sem forçar a barra”, explica Antonio Carlos Amador Pereira, psicoterapeuta
e professor de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Saber tolerar é um
aprendizado contínuo e vale para tudo na vida, não só no que diz respeito à
escolha religiosa. Política, valores, ideais e outros tópicos importantes para
um relacionamento saudável também devem ser pautados pelo respeito e pela
compreensão. Só se alcança essa concordância por meio diálogo sincero e aberto,
no qual o casal consiga expor receios e dúvidas sobre o ponto de vista do
outro.
O segredo é lembrar
que os relacionamentos não são binários, sujeitos apenas a dois tipos de
orientação. É possível conviver com outros pontos de vista, crenças e ideais.
Essa troca, aliás, tem tudo para ser proveitosa e enriquecedora para o casal.
ELE É EVANGÉLICO, ELA É CATÓLICA
Para o casal Monique
e Flávio França, ter crenças diferentes nunca foi um problema sem solução.
Quando se conheceram, Flávio, que é evangélico, era menos praticante que
Monique, que é católica. Com o passar do tempo, os papéis se inverteram, mas
nenhum dos dois precisou convencer ninguém a seguir essa ou aquela religião
específica. O acordo entre o casal foi respeitar a escolha religiosa de cada
um.
Mesmo com tolerância
e respeito, alguns atritos podem surgir, ocasionalmente – principalmente em
situações em que é preciso escolher uma religião, como no casamento. Foi aí que
o casal precisou sentar e conversar sobre a decisão que iriam tomar. Flávio
não fazia questão de uma cerimônia religiosa, mas a família de Monique não
conseguia aceitar que a advogada celebrasse a união fora da Igreja Católica.
“Para a gente, casar foi bem difícil. Ele não fazia questão justamente
por conta dessa nossa diferença, para não existir briga, mas a minha família
pressionou muito. Então, fizemos a cerimônia na Igreja Católica, mas bem
tranquila. Tivemos a presença de pouquíssimos familiares, sem nenhum convidado
de fora, só para não passar em branco. Depois, fizemos uma festa e aí sim
comemoramos com todos os familiares e amigos”, lembra ela.
Esse é outro ponto
que deve ser abordado com um pouco de cautela pelo casal. É natural que a
família exerça algum tipo de influência em decisões mais importantes, como a
escolha da cerimônia de casamento ou o batizado dos filhos. Para o psicanalista
Paulo Miguel Velasco, o caminho é combinar os limites dessa interferência, para
que nenhum dos lados seja prejudicado.
“A opinião de terceiros deve ser ouvida, porém, deverá prevalecer a
opinião do casal. A base de um relacionamento saudável nesse caso é a conversa,
franca e madura. Se existem valores que são muito importantes, os parceiros não
devem passar por cima. É preciso que eles discutam e entendam juntos que
caminho seguir”, reforça o psicanalista.
O batizado de Ana
Júlia, filha de Monique e Flávio, é o atual embate do casal. Um lado da família
quer que a criança seja batizada na Igreja Evangélica, enquanto os familiares
de Monique defendem a escolha da Igreja Católica. A advogada confessa que dessa
vez está pendendo para o lado de Flávio, mas só para o batizado.
“Eu acho que ceder é mais importante, por mais que naquele momento você
não acredite ou não queira. O casamento é isso, cada um cede um pouco pelo bem
do outro. Nunca brigamos por causa de religião, o respeito vem em primeiro
lugar”, afirma Monique França. Fonte: delas.ig.com.br
A novela
“Babilônia” tem mostrado como as diferenças religiosas podem
inviabilizar uma relação. Na trama que a Globo apresenta às 21h, Rafael
(Chay Suede) é filho de um casal lésbico e foi criado livremente sem
doutrina de fé. Já a sua amada Laís (Luisa Arraes), vem de uma família
religiosa e extremamente conservadora, que condena o relacionamento
entre pessoas do mesmo sexo. Sem conseguir conciliar essas visões de
mundo díspares, eles não têm conseguindo permanecer juntos, mesmo se
amando.
Ao contrário do que aparenta, esse tipo
conflito tem mais a ver com a falta de disposição do casal em tolerar
outras formas de pensar do que as diferenças religiosas em si. Porque
exercer a tolerância não significa que um dos lados deva ceder e se
converter à religião do parceiro, mas respeitar o que o outro acredita.
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Dez dicas para uma boa relação com parceiros de religiões diferentes:
Fonte: Delas - iG @ http://delas.ig.com.br/amoresexo/2015-05-08/10-dicas-para-nao-deixar-religioes-diferentes-estragarem-relacao-do-casal.html
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