"Tenho ouvido muito recentemente frases do
tipo “meu chefe é bipolar, porque eu nunca sei como ele vai falar
comigo” ou “eu tenho muitos altos e baixos, acho que sou bipolar”.
Esse
termo se tornou praticamente um jargão para exemplificar ou justificar
as variações de humor que uma pessoa possa ter cotidianamente"
A vida é repleta de momentos, detalhes,
situações, que acontecem a todo instante. Somos bombardeados de
informações, novidades e relações interpessoais que afetam o nosso
humor. Em determinados momentos estamos alegres, frente a alguma
situação afetiva e momentos depois, podemos estar tristes devido a uma
notícia que tenha nos impactado, por exemplo.
Apesar do termo “bipolar” ser utilizado
corriqueiramente hoje em dia, é importante esclarecer que se trata de
uma doença séria, de difícil diagnóstico e que pode comprometer a vida
do doente e de seus familiares se não devidamente tratada. Por isso, é
importante diferenciá-la dessas utilizações populares.
Afinal, o que significa ser bipolar?
O transtorno de humor bipolar (THB) é uma
patologia que possui diversos graus e subtipos. De uma forma geral
significa uma oscilação entre pólos opostos do humor que são episódios
depressivos e maníacos. Porém, tal variação nem sempre é fácil de ser
observada e nem diagnosticada. Há pessoas que se mantém por períodos
prolongados em um único estado, geralmente, o depressivo, apresentando
esporádicos episódios maníacos nesse intervalo.
Na fase maníaca, ou de euforia, a pessoa
apresenta um otimismo exagerado. Suas reações são exacerbadas e acredita
que pode realizar qualquer coisa. Não há argumentação lógica que o
detenha. Apresenta uma alegria demasiada, eufórica, fala alto, rápido e,
geralmente, não aceita interrupções. Possui uma convicção absoluta de
que é capaz de resolver ou realizar tudo. Nessa fase a pessoa age
impulsivamente. É comum que se envolvam em compras, jogos e bebidas de
forma compulsiva e desmedida. Assim, perda de bens e patrimônios
torna-se um risco real.
Já na fase depressiva ocorre o inverso. O
paciente apresenta um pessimismo exagerado, uma má notícia pode ser
responsável por deixá-lo de cama durante dias. Perde-se a vontade de
realizar as atividades corriqueiras, como higiene pessoal, trabalho e há
um isolamento social. Há uma falta de motivação e interesse naquelas
atividades que antes geravam prazer para a pessoa. Insônia ou a
interrupção do sono no meio da noite é comum.
A família no tratamento
Lidar com uma pessoa com THB na família
não é tarefa fácil. O primeiro impasse que os familiares têm é de
entender que se trata realmente de uma doença e não que a pessoa está
querendo chamar a atenção.
O tratamento do THB é longo e deve ser
multidisciplinar, composto por um médico psiquiatra com a utilização de
medicamentos específicos e um psicólogo clínico que vai ajudá-lo nos
ganhos a longo prazo do tratamento.
A inclusão da família no tratamento deve
ser considerada por ambos os profissionais. O relacionamento conjugal e
parental podem ser afetados pelas inconstâncias do familiar com THB,
podendo culminar em divórcios e rompimentos importantes. Além do risco
real de endividamento e de falência.
A família deve buscar ajuda, receber
informações sobre a doença e acompanhar a evolução do tratamento, para
que, assim, possa suportar emocionalmente a situação e ajudar o familiar
com o transtorno.
Aprendendo a conviver
Com a escolha de uma equipe profissional
competente e que promova confiança tanto para o paciente, quanto para os
familiares, o sucesso do tratamento do THB é possível!
Através da ação medicamentosa e do
trabalho psicoterápico, a pessoa pode aprender a lidar melhor com a
situação, se perceber mais e conhecer mais profundamente as suas
próprias dificuldades. Se for possível incluir os familiares nessa
dinâmica, o resultado do trabalho torna-se ainda mais promissor.
As pessoas com THB podem ter uma vida mais agradável e manter as relações afetivas que sejam importantes para ela. Fonte: acaminhodamudanca.wordpress.com
Assista no vídeo a seguir uma entrevista médica sobre o Transtorno Bipolar:
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