O ministro da Saúde, Ricardo Barros, informou que a prevenção é marca da atual gestão da pasta:
- O Brasil vem enfrentando aumento expressivo do sobrepeso e da
obesidade em todas as faixas etárias, e as doenças crônicas são a
principal causa de morte entre adultos. O setor da saúde tem importante
papel na promoção da alimentação adequada e saudável. Desta forma, o
ministério tem reforçado os programas e as iniciativas que buscam mudar o
hábito da população e incentivar práticas mais saudáveis.
O crescimento econômico, a urbanização e a mudança nos padrões de
consumo são alguns aspectos que explicam o crescente aumento do
sobrepeso. O relatório aponta que muitas famílias têm deixado de
consumir pratos tradicionais e aumentado a ingestão de alimentos
ultra-processados e de baixa qualidade nutricional.
Combater essa realidade implica em adotar sistemas alimentares
saudáveis e sustentáveis que unam agricultura, alimentação, nutrição e
saúde. É necessário fomentar a produção sustentável de alimentos
frescos, seguros e nutritivos, garantir a oferta, a diversidade e o
acesso, principalmente da população mais vulnerável. Isso deve ser
complementado com educação nutricional e advertências para os
consumidores sobre a composição nutricional dos alimentos ricos em
açúcar, gordura e sal.
O relatório, no entanto, também destaca iniciativas adotadas pelo
governo brasileiro para promover a alimentação saudável e alertar a
população para os riscos da má alimentação. Uma delas é a criação de
legislações que regulam a comercialização e a publicidade de alimentos
para lactantes e crianças, além de outros alimentos voltados à primeira
infância. Também foi citada a campanha “Brasil Saudável e Sustentável”,
que tem por objetivo sensibilizar e alertar a população brasileira dos
benefícios da alimentação saudável.
Outro avanço é o Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos
Processados, que já retirou 14.893 toneladas de sódio dos produtos
alimentícios. O Brasil também contribuiu ativamente para a aprovação da
Década de Ação pela Nutrição (2016–2025) – estabelecida na última
Assembleia Mundial da Saúde, em maio de 2016 – para promover o
fortalecimento das ações na área de nutrição, com foco na Agenda 2030
das Nações Unidas.
Realidade Regional
Ainda de acordo com o
relatório, com exceção de Haiti (38,5%), Paraguai (48,5%) e Nicarágua
(49,4%), o sobrepeso afeta mais da metade da população de todos os
países da América Latina e Caribe, sendo Chile (63%), México (64%) e
Bahamas (69%) os que registram as taxas mais altas. Já com relação à
obesidade, as maiores prevalências são observadas em países do Caribe:
Bahamas (36,2%) Barbados (31,3%), Trinidad e Tobago (31,1%) e Antígua e
Barbuda (30,9%). A obesidade também impacta mais as mulheres: em mais de
20 países de toda região, a taxa de obesidade feminina é 10% maior que a
dos homens.
As taxas alarmantes de sobrepeso e obesidade na América Latina e
Caribe devem chamar a atenção dos governos da região para criar
políticas que abordem todas as formas de fome e má nutrição, vinculando
segurança alimentar, sustentabilidade, agricultura, nutrição e saúde.
A região enfrenta “uma dupla carga da má nutrição que deve ser combatida
com uma alimentação balanceada que inclua alimentos frescos, saudáveis,
nutritivos e produzidos de forma sustentável, além de abordar os
principais fatores sociais que determinam a má nutrição”, dando como
exemplos a falta de acesso a alimentos saudáveis, à água e saneamento,
serviços de educação e saúde e programas de proteção social, entre
outros.
Desnutrição infantil cai, mas ainda afeta os mais pobres
De acordo com o Panorama, a região conseguiu reduzir
consideravelmente a fome e hoje apenas 5,5% da população está
subalimentada, sendo o Caribe a sub-região com maior prevalência
(19,8%), devido ao fato de o Haiti ter a prevalência de subalimentação
mais alta do planeta: 53,4%.
A desnutrição crônica infantil (altura e peso baixos para a idade) na
América Latina e Caribe também registrou uma evolução positiva: caiu de
24,5% em 1990 para 11,3% em 2015, uma redução de 7,8 milhões de
crianças.
Apesar desse importante avanço, atualmente 6,1 milhões de crianças
ainda sofrem de desnutrição crônica na região: 3,3 milhões na América do
Sul, 2,6 milhões na América Central e 200 mil no Caribe. Destas, 700
mil crianças sofrem com desnutrição aguda, sendo 1,3% menores de cinco
anos. Praticamente todos os países conseguiram melhorar a nutrição das
crianças, mas cabe destacar que a desnutrição afeta mais a população
mais pobre e de áreas rurais.
São nesses locais que os governos devem concentrar os esforços. As prevalências mais altas de desnutrição crônica infantil na região
são registradas na Guatemala (2014-2015), e Equador (2012-2013), já o
Chile e Santa Lúcía têm as menores taxas. A desnutrição crônica
apresenta níveis superiores em áreas rurais de todos os países
analisados.
Aumenta o sobrepeso infantil
No outro lado da questão, o relatório aponta também que na América
Latina e Caribe 7,2% das crianças menores de cinco anos estão com
sobrepeso, o que representa um total de 3,9 milhões, sendo que 2,5
milhões moram na América do Sul, 1,1 milhão na América Central e 200 mil
no Caribe.
As taxas mais elevadas de sobrepeso infantil entre 1990 e 2015 foram
registradas – em números totais – na América Central (onde a taxa
cresceu de 5,1% para 7%). O maior aumento na prevalência foi registrado
no Caribe (cuja taxa aumentou de 4,3% a 6,8%). Já na América Sul – a
sub-região mais afetada pelo sobrepeso infantil – houve uma leve
diminuição de 7,5% para 7,4%.
Melhorar a sustentabilidade da agricultura
Outra
preocupação levantada no relatório é melhorar a sustentabilidade da
agricultura na região. Segundo o levantamento, a trajetória atual de
crescimento da produção agrícola é insustentável devido, entre outros
fatores, às graves consequências impostas aos ecossistemas e recursos
naturais da região.
A sustentabilidade da oferta alimentar e sua diversidade futura
estão sob ameaça, a menos que mudemos a forma como estamos fazendo as
coisas, destacando que 127 milhões de toneladas de
alimentos se perdem ou são desperdiçados anualmente na América Latina e
Caribe.
Segundo a FAO e a OPAS, é necessário tornar mais eficiente e
sustentável o uso da terra e dos recursos naturais, melhorar as técnicas
de produção, armazenamento e transformação e processamento dos
alimentos, e reduzir as perdas e os desperdícios de alimentos para
assegurar o acesso equitativo dos mesmos. Fonte: oglobo.globo.com
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