"Muitas vezes, o autismo é confundido com outras síndromes ou com outros transtornos globais do desenvolvimento"
Segundo a ASA (Autism Society of American), indivíduos com autismo
usualmente exibem pelo menos metade das características listadas a
seguir:
- Dificuldade de relacionamento com outras pessoas
- Riso inapropriado
- Pouco ou nenhum contato visual – não olha nos olhos
- Aparente insensibilidade à dor – não responde adequadamente a uma situação de dor
- Preferência pela solidão; modos arredios – busca o isolamento e não procura outras crianças
- Rotação de objetos – brinca de forma inadequada ou bizarra com os mais variados objetos
- Inapropriada fixação em objetos
- Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade – muitos têm problemas de sono ou excesso de passividade
- Ausência de resposta aos métodos normais de ensino – muitos precisam de material adaptado e educação especial
- Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina
- Não tem real medo do perigo – ou seja, não possui consciência de situações que envolvam perigo
- Procedimento com poses bizarras – fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determinada maneira os alisares.
- Ecolalia – repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal
- Recusa colo ou afagos – bebês preferem ficar no chão que no colo
- Age como se estivesse surdo – não responde pelo nome
- Dificuldade em expressar necessidades – sem ou limitada linguagem oral e/ou corporal (gestos)
- Acessos de raiva – demonstra extrema aflição sem razão aparente
- Irregular habilidade motora – pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos
- Desorganização sensorial – hipo ou hipersensibilidade, por exemplo, auditiva
- Não faz referência social – entra num lugar desconhecido sem antes olhar para o adulto (pai/mãe) para fazer referência antes e saber se é seguro
É relevante salientar que nem todos os indivíduos com autismo
apresentam todos estes sintomas, sendo que os mesmos variam de leve a
grave e em intensidade de sintoma para sintoma, pois o autismo se
manifesta de forma única em cada pessoa. Adicionalmente, as alterações
dos sintomas ocorrem em diferentes situações e são inapropriadas para
sua idade.
Diagnóstico:
Quanto mais cedo é identificado um transtorno, mais rápido o curso
normal do desenvolvimento pode ser retomado. Porém os resultados
dependem não somente da identificação dos atrasos e da indicação dos
tratamentos adequados e eficazes, mas da aceitação dessa condição
diferenciada pelas famílias e pelo futuro de cada um, que não dominamos
nem sabemos.
Muitas vezes, o autismo é confundido com outras síndromes ou com
outros transtornos globais do desenvolvimento, pelo fato de não ser
diagnosticado através de exames laboratoriais ou de imagem, por não
haver marcador biológico que o caracterize, nem necessariamente aspectos
sindrômicos morfológicos específicos; seu processo de reconhecimento é
dificultado, o que posterga a sua identificação.
Um diagnóstico preciso deve ser realizado, por um profissional
qualificado, baseado no comportamento, anamnese e observação clínica do
indivíduo.
O autismo pode ocorrer isoladamente, ser secundário ou apresentar
condições associadas, razão pela qual é extremamente importante a
identificação de comorbidades bioquímicas, genéticas, neurológicas,
psiquiátricas, entre outras.
Condições que podem estar associadas ao Autismo:
Acessos de
raiva, Agitação, Agressividade, Autoagressão, autolesão (bater a
cabeça, morder os dedos, as mãos ou os pulsos),Ausência de medo em
resposta a perigos reais , Catatonia, Comportamentos autodestrutivos,
Déficits de atenção, Déficits auditivos, Déficits na percepção e
controle motor, Déficits visuais, Epilepsia , Esquizofrenia,
Hidrocefalia, Hiperatividade, Impulsividade, Irritabilidade,
Macrocefalia, Microcefalia, Mutismo seletivo, Paralisia cerebral,
Respostas alteradas a estímulos sensoriais (alto limiar doloroso,
hipersensibilidade aos sons ou ao toque, reações exageradas à luz ou a
odores, fascinação com certos estímulos), Retardo mental, Temor
excessivo em resposta a objetos inofensivos, Transtornos de alimentação
(limitação a comer poucos alimentos), Transtornos de ansiedade,
Transtornos de linguagem, Transtorno de movimento estereotipado,
Transtornos de tique, Transtornos do humor/afetivos (risadinhas ou choro
imotivados, uma aparente ausência de reação emocional), Transtornos do
sono (despertares noturnos com balanço do corpo).
INFÂNCIA
O diagnóstico é feito mais comumente por volta dos 3 anos de idade,
quando a criança começa a apresentar atrasos significativos no
desenvolvimento, mas em muitos casos podem haver indícios perceptíveis
antes disso.
Os distúrbios na área de sociabilidade incluem prejuízos nos
comportamentos não verbais, na interação social (ausência ou diminuição
do contato ocular, gestos, expressões faciais e sinais convencionais
expressivos de desejo ou emoções), impossibilidade de desenvolvimento de
relações sociais apropriadas, inabilidade em compartilhar interesses e
satisfação com os outros e falha na reciprocidade social emocional.
Na área da comunicação os prejuízos incluem atraso ou ausência da
fala e inadequação da linguagem. Crianças autistas podem verbalizar, mas
não utilizar a fala para se comunicar.
O balançar do corpo (balançar o tronco para frente e para trás), os
gestos, os maneirismos motores (apertar, torcer os dedos / agitar as
mãos, “flapping”) e os sons repetitivos são comuns ( comportamento
estereotipado), sendo mais frequentes em situações de maior ansiedade.
Podem demonstrar também atenção exagerada à partes de objetos (rodinhas,
mecanismos, olhos de boneca).
Com sorte, uma criança autista recebe o diagnóstico nesta fase.
Os seguintes comportamentos são típicos de crianças com
desenvolvimento normal. A ausência deles em crianças de até 3 anos de
idade sugerem uma possibilidade de diagnóstico de autismo:
- Fazer contato ocular; “ler” intenções na expressão de outra pessoa. Ex.: um estranho entra no ambiente e a criança olha para o pai para saber se esta pessoa é bem-vinda.
- Apontar objetos para pedi-los e para demonstrar seu interesse por eles.
- Responder quando chamam seu nome.
Se a criança não apresentar os comportamentos acima e também não
apresentar estes abaixo, deve-se encaminhar a criança a realização de
avaliações:
- Se interessar por outras crianças.
- Brincar de faz-de-conta.
- Brincar com pequenos brinquedos, como carrinhos, sem mordê-los ou jogá-los.
- Olhar para objetos apontados por outras pessoas.
Atualmente, há evidências de que com o diagnóstico precoce dos
quadros autísticos e com a indicação de tratamentos adequados, o
prognóstico seja melhor, aumentando as possibilidades de desenvolvimento
dos recursos da criança portadora desse transtorno.
Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala
intactas, outras apresentam sérios problemas no desenvolvimento da
linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a rígidos e
restritos padrões de comportamento.
Um dos mitos comuns sobre o autismo é de que pessoas autistas vivem
em seu mundo próprio, interagindo com o ambiente que criam; isto não é
verdade. Se, por exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto
observando as outras crianças brincarem, não é porque ela
necessariamente está desinteressada nessas brincadeiras ou porque vive
em seu mundo. Pode ser que essa criança simplesmente tenha dificuldade
de iniciar, manter e terminar adequadamente uma conversa, muitos
cientistas atribuem esta dificuldade à Cegueira Mental, uma conceito
relacionado à Teoria da Mente.
A teoria da mente é a habilidade de
atribuir estados mentais – crenças, intenções, desejos, conhecimento,
etc. à si próprio e aos outros e de compreender que os outros possuem
crenças, desejos e intenções que são distintas da sua própria (empatia).
Déficits nessa função acontecem em pessoas com autismo, esquizofrenia e
déficit de atenção.
Vale salientar também que a ocorrência desses sintomas não é
determinista no diagnóstico do autismo. Para tal, se faz necessário
acompanhamento com psicólogo, psiquiatra da infância ou neuropediatra.
Existem muitos graus de autismo, mas quanto mais cedo a criança for
identificada e começar o treinamento de habilidades sociais, melhor será
seu desenvolvimento.
Interesses restritos e repetitivos, como empilhar objetos, são comuns
em crianças com autismo. Caso eles sejam focalizados para uma atividade
útil socialmente podem ajudar no desenvolvimento de habilidades
excepcionais.
ADOLESCÊNCIA
Ao chegar à fase da adolescência, com o autismo ainda não descoberto,
os autistas caracterizam-se por mostrar auto-agressividade ou
agressividade para com outras pessoas, fazendo birras e podendo assim
confundir o diagnóstico, com os problemas da adolescência.
Nos indivíduos que utilizam a fala, já quando adolescentes, falta a
habilidade de iniciar ou manter uma conversa. Com freqüência a linguagem
apresenta-se repetitiva e estereotipada. As brincadeiras imaginativas e
atividades sociais são restritas ou mesmo ausentes.
Pessoas com autismo seguem rotinas, por vezes de forma extremamente
rígida, ficando muito perturbadas quando qualquer acontecimento impede
ou modifica essas rotinas, chamando a atenção pelas atitudes
diferenciadas ou inesperadas.
O isolamento social é outra característica do autismo, sendo que os
indivíduos com quadro autístico podem mostrar pouco ou nenhum interesse
por outras pessoas, falhar na relação empática e na percepção do desejo
do outro (não se interessam pelo pensamento do outro).
Outras características que não determinam o autismo, mas muito
freqüentemente aparecem associadas à síndrome e podem auxiliar na
identificação da questão, são hiperatividade e distúrbios sensoriais, de
fome e de sono.
Pais de autistas devem procurar programas para jovens adultos autistas bem antes dos seus filhos terminarem a escola.
Convulsões podem desenvolver-se, particularmente, nesta fase. As dificuldades de socialização podem atrapalhar a pessoa durante
toda a vida, mas se tornam mais evidentes a partir do início da
adolescência. É nesta fase que nos tornamos serem mais sociais ,
precisamos ser aceitos por um grupo, o que não é algo fácil para nenhum
adolescente. Para quem está no espectro autista, a tarefa é ainda mais
árdua e, dependendo do grau, praticamente impossível.
IDADE ADULTA
Certos adultos com autismo são capazes de ter sucesso na carreira
profissional. Porém, os problemas de comunicação e socialização causam,
frequentemente, dificuldades em muitas áreas da vida. Adultos com
autismo continuarão a precisar de encorajamento e apoio moral na sua
luta para uma vida independente.
Na vida adulta, as demandas sociais aumentam , bem como as
responsabilidades e pressões. Os contatos sociais e a interação
interpessoal são importantes para uma carreira de sucesso. As pessoas
com traços de autismo podem ser identificadas como tímidas ou esquisitas
e terem menos oportunidades se não forem tratadas. No entanto, devemos
acreditar e insistir desde cedo na evolução e capacidade das pessoas que
se encontram no espectro autista. Fonte: desvendandoautismo.wordpress.com
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